Dia Internacional da Dança é comemorado em abril

Por Fernanda Iacovo 

Legenda da Foto de capa: Performers em atuação no espetáculo Internacional Momentos Rio, na Cidades das Artes no Rio de Janeiro. Foto de capa por Fabiana Bomfim.

A dança é considerada pelos especialistas a segunda arte, dentre as onze consideradas existentes. Nascida na pré-história, era praticada como culto à vida, à natureza e como forma de agradecimento. Com o tempo, foi impregnada de características sagradas e gestos místicos, estruturando uma espécie de ritual. A dança primitiva nasceu em uma comunidade de forma espontânea, atualmente é utilizada como ritos de passagem em culturas indígenas. Nas civilizações egípcias e mesopotâmica, era uma forma de reverenciar os deuses. Essa prática se perpetua até os dias de hoje, em países como Japão e Índia, sendo considerada milenar. Na Grécia antiga, a dança tinha um caráter ritualístico, sendo oferecida também aos deuses em uma espécie de culto. Já na Idade Média, ela voltou com o Renascimento, sendo considerada profana. Contudo, sua história acompanha a evolução das artes visuais, do teatro e da música. 

Mikhail Baryshnikov, ensaiando. Reprodução: Pinterest

No século XV, surge o balé das cortes italianas, originado dos grandes bailes de rua. Com o tempo se tornou um pequeno baile, oballetto. Mais tarde, foi introduzido na França por uma rainha italiana e se difundiu por outros países europeus, como Inglaterra, Dinamarca e Rússia. Já no século XVII, o balé deixa de acontecer nos salões e passa a ocupar os palcos, quando surgiram os primeiros espetáculos de dança. 

O balé permeou várias fases e foi influenciado pelo Romantismo no século XIX, assim como outras artes. No início desse século, teve grande importância a Companhia de Diaghilev, o Ballet Russo, que expandiu sua influência pela Europa e Ocidente. Nesta companhia atuou: Vaslav Nijinsky (um dos melhores bailarinos conhecidos e autor de peças), além de Michel Fokine, Anna Pavlova e Balanchine. Esses bailarinos marcaram essa fase da dança clássica, que reunia uma técnica brilhante juntamente com certas inovações da época. 

Angela Isadora Duncan foi considerada a precursora da dança moderna, pelas funções que executou, como coreógrafa e bailarina norte-americana, além de ter sido aclamada por suas apresentações em toda a Europa. Nascida no Estado da Califórnia (São Francisco, 26 de maio de 1877 – Nice, 14 de setembro de 1927), viveu na Europa Oriental e na União Soviética dos 22 anos até o dia de sua morte acidental na França. 

Seus gestos eram improvisados (seguiam seus instintos e sua intuição), utilizando-se de quedas, contrações e torções, enfatizando assim a naturalidade do corpo e indo no caminho contrário do balé clássico. Isadora achava que sua verdadeira missão era criar beleza e educar os mais jovens. Para alcançar tal objetivo, ela abriu escolas de dança para ensinar a filosofia da arte para jovens mulheres. 

Duncan foi considerada a criadora da dança moderna, outros nomes importantes são Marta Graham, Émile Jacques-Dalcroze, Mary Wigman, Rudolf von Laban, entre outros. 

Na imagem: Isadora Duncan pioneirismo, 1877-1927. Reprodução: Fineartamerica

Já Martha Graham mudou o curso da história da dança moderna. Nascida nos Estado Unidos da América (Condado de Allegheny, Pensilvânia, 11 de maio de 1894 – Nova Iorque, 1 de abril de 1991), causou grande impacto nos palcos, sendo este frequentemente comparado à influência que Picasso teve para a pintura em seu tempo, ou Stravinsky na música. Inspirou diversas personalidades mundo a fora: Fonteyn, Rudolf Nureyev e Mikhail Baryshnikov; os designers de moda: Calvin Klein, Donna Karan e Halston; os compositores: William Schuman, Gian Carlo Menotti, Samuel Barber, Norman Dello Joio e Aaron Copland; o escultor Isamu Noguchi além de coreógrafos e bailarinos como Merce Cunningham, Paul Taylor, Twyla Tharp, modificando assim, para sempre, a esfera da dança. Vale ressaltar que os dançarinos de balé clássico estavam exilados e procuraram-na em busca de novas formas de linguagem, por uma arte mais livre e ampla. Ela ensinou atores, incluindo Bette Davis, Kirk Douglas, Madonna, Liza Minelli, Gregory Peck, Tony Randall, Eli Wallach, Anne Jackson 

Sua criatividade abriu portas para seu estilo progressista, nascido da sua experimentação com movimentos de contração e relaxamento. Baseou-se nas atividades básicas da forma humana, dando vida ao corpo natural com agitadas emoções com o intuito de comunicar, da forma mais honesta possível, as emoções e os sentimentos comuns do ser humano. Sua marca pessoal eram os gestos amplos e o contato com o chão. 

Com uma prática artística profundamente enraizada no ritmo de vida americano e nas lutas do indivíduo, Graham trouxe uma sensibilidade distintamente americana para cada tema que explorou. Ao contrário de Isadora Duncan, Martha não quis se identificar com os ritmos da natureza.  

Na imagem: Martha Graham e a dança moderna. Reprodução: Wikidança

A dança revela o espírito do país em que se enraíza. Tão logo ele deixar de fazer isso, ele perde sua integridade e significado, escreveu Martha no ensaio de 1937 em uma plataforma para o American Dance. 

A dança moderna foi introduzida no Brasil por bailarinos de renome que fugiram da Segunda Guerra Mundial. Luiz Arrieta, Maria Duschenes, Marika Gidali, Nina Verchinina, Oscar Araiz, Renée Gumiel e Ruth Rachou são alguns desses bailarinos que trouxeram ao país novas ideias. 

Por sua vez, a dança contemporânea não se define em movimentos específicos, por isso, às vezes pode causar certa estranheza. Ela se relaciona fortemente com o teatro e seus elementos, além de usar vídeo, fotografia e outras formas de comunicação. 

No Brasil, as técnicas de dança contemporânea se definem como o resultado da influência de outras linguagens, criando uma nova abordagem de dança, que vai além da habilidade corporal e da produção de coreografias. Métodos como Laban, Contato-Improvisação, além de técnicas somáticas e de conscientização corporal e de movimento como: Eutonia, Feldenkrais, Movimento Autêntico e de Klauss Vianna são utilizados. 

Klauss e Maria Angela Abras Vianna (Angel) se conheceram na época de escola em Belo Horizonte. Estudaram juntos em 1940, no Balé de Belo Horizonte com Carlos Leite (discípulo de Maria Olenewa). Devido às circunstâncias, começaram a lecionar na casa onde moravam. 

Posteriormente, fundaram o Balé Klauss Vianna em 1959, que rompeu com a estética clássica. Em 1962 se mudaram para Salvador, com o intuito de lecionarem na UFBA, e em 1965 foram para o Rio de Janeiro, onde desenvolveram profundamente o seu trabalho. 

Klauss Vianna foi pioneiro na pesquisa e aplicação da técnica somática, além daquelas que criou como preparador corporal para atores, o que lhe permitiu desenvolver seu método próprio. Foi considerado o primeiro a usar o termoexpressão corporalno Brasil. Já Angel Vianna, sempre se interessou pela relação corpo e mente, sendo referência em seu trabalho de dançaterapia e expressão corporal. 

A junção do trabalho de ambos fez nascer o curso de Recuperação Motora e Terapia através do Movimento na escola, que recebeu vários prêmios e homenagens pelo trabalho executado. 

O casal fundou a própria escola em 1975, que foi primeiramente chamada de Centro de Pesquisa Corporal – Arte e Educação. Inauguraram então, o primeiro curso de formação de bailarinos contemporâneos no Rio, que virou a Escola e Faculdade de Dança Angel Vianna, onde são oferecidos cursos de graduação e pós-graduação. 

Na imagem: Angel e Klauss Vianna jovens. Divulgação/reprodução: Toda Matéria

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