Uma pegadinha histórica de primeiro de abril! Abolição da escravidão indígena

Por Clara Jares e Kacieny Monteiro

O dia 1º de abril é popularmente conhecido como o Dia da Mentira, mas você sabe da mentirada que foi o dia da Abolição da Escravidão Indígena em 1680? Com a invasão portuguesa em 1500, os povos nativos foram tomados de suas terras e crenças para seremcivilizadose escravizados, se tornando a principal mão de obra da Colônia e desde então houve guerras e lutas para a libertação dos indígenas.

Em 1680, foi assinada uma lei que proibia a escravidão indígena, mas não libertava os povos nativos. Sendo assim, os já escravizados continuariam em cativeiro servindo aos seus senhores. Parte das leis da época do século XVII eram resultado das guerras legislativas entre os Jesuítas e os Colonos, para terem o total domínio sobre a população indígena. 

Os Jesuítas pretendiam catequizar ecivilizaros indígenas, já os Colonos os queriam como mão de obra barata, aproveitando seus conhecimentos da terra para ajudá-los na exploração de suas riquezas. Seria uma coincidência, uma lei que prometia o fim da escravidão, não libertar os indígenas, e ser assinada em 1° de abril?

E não parou por aí, essa pegadinha histórica teve continuidade em 6 de junho de 1755, quando apenas os estados do Pará e Maranhão assinaram uma nova lei libertando os nativos. O fim dessa grande presepada portuguesa aconteceu em 1° abril de 1758, assinada pelo Marques de Pombal, quando finalmente a legislação começou a abranger todo o país, dando fim à escravidão indígena e libertando os cativos.

Atualmente os povos nativos ainda sofrem com a exploração e o descaso de governos e também o desconhecimento da maior parte da população de sua importância e da dívida histórica com o povo indígena. Em junho, mês de celebração ao povos indígenas e sua história, segue uma lista com vozes e vivências de personalidades indígenas da atualidade:

Vozes indígenas:

Alice Pataxó:

Alice, de origem Pataxó, é comunicadora, ativista e representante indígena em movimentos estudantis no Sul da Bahia e se tornou porta-voz da população indígena de todo país, através de seu canal no Youtube, chamado: Nuhé, seu nome na língua Pataxó. Em suas redes sociais, Alice denuncia e divulga informações sobre os povos indígenas, dando maior visibilidade aos acontecimentos, quase em tempo real.

Na imagem: a indígena Alice Pataxó. Divulgação/reprodução: canal Nuhé.

Katú Mirim:

Na imagem: a rapper indígena Katú Mirim. Reprodução: Claudia Abril

Adotada por uma família branca e com sede de representatividade, Katu se descobriu e se reconheceu indígena ao mergulhar em pesquisas pela web à procura de seu povo e seus semelhantes. Quando finalmente teve contato com suas raízes, reconstruiu parte da sua história e entendeu suas origens. Atualmente Katú compõe em seus raps e poesias sobre as riquezas e tristezas do que é viver e ser indígena no Brasil. Em 2020, a rapper lançou o Ep Nós, no qual descreve os sentimentos do povo indígena e suas lutas.

Bruna Charrúa e Dane It Ancaj Charrúa:

Bruna e Dane são pertencentes ao Clã Mar Tanú Sepé, no Rio Grande Do Sul. Elas fazem parte da Nação Charrúa, e atualmente vivem em contexto urbano. Ativistas e atuantes na causa indígenas, irmãs de povo Charrúa falaram sobre sua vivência como indígenas em contexto atual e como são suas conexões com a ancestralidade:

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