Por Clarissa Santos e Luiza Oliveira. Arte de capa por: Matheus Bisaggio.
No dia 06 de junho, aconteceu na FACHA o Eco Facha Fest, organizado e produzido pelos alunos do curso de Relações Públicas, como projeto para a disciplina Produção de Eventos da Professora Paula Brandão. A professora trabalha na FACHA há dois anos e conta que seu estilo de aula é base da experimentação. De acordo com o relato de um dos organizadores, Lucas Machado, os alunos conseguiram colocar em prática tudo aquilo estudado durante o semestre e puderam sentir na pele o quão árduo é o trabalho de um produtor de eventos. Eles começaram a organização às 7 horas da manhã desse mesmo dia, visto que o festival ocorreu durante o turno da manhã e da noite.
O evento tinha duas frentes: conscientizar sobre a questão da emergência climática através de palestras e expor o trabalho de imigrantes e refugiados empreendedores que residem no Rio de Janeiro.
Pedro, aluno de 3° período de RP e um dos organizadores da feira, explicou que o desenvolvimento da sociedade está impactando no meio ambiente. A ideia do projeto é divulgar o consumo consciente e a necessidade da garantia de recurso para as próximas gerações, assim como mais qualidade de vida. A ideia de envolver essa feira junto ao tema de sustentabilidade veio da produção de produtos mais naturais que os comerciantes participantes fornecem.
Dentre as diversas nacionalidades presentes Angola, Senegal, Venezuela, Colômbia e Argentina participaram da Feira Multicultura Refúgio Em Foco. A feira acontece todo mês no CRAI (Centro de Atendimento a Refugiados e Imigrantes) do Rio de Janeiro e tem como foco a integração dos imigrantes e refugiados nessa cidade que, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cidadania, sempre foi muito acolhedora. Margarida Campos de 42 anos, por exemplo, é colombiana e comercializa Patacones, uma mistura de carne e legumes. Está no Brasil há 6 anos e acredita que a parceria com a Prefeitura do Rio a integra com mais facilidade ao país.
O CRAI, foi criado em janeiro de 2023, após solicitações dos próprios imigrantes e refugiados, a Coordenação dos Direitos Humanos amparou a causa com a criação desse centro. No local, as famílias encontram assistência social, cursos do nosso idioma e de capacitação profissional. É amparado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e faz parceria com algumas ONGs para dar maior amparo aos que precisam. A Cáritas e ACNUR, agência da ONU para refugiados, são algumas delas. Novos imigrantes, que precisem do amparo da instituição, podem entrar em contato com eles pelas redes sociais e serão encaminhados para a Coordenação dos Direitos Humanos.
Roupas, acessórios, objetos de decoração e comidas típicas estavam entre os itens produzidos e vendidos por estes que encontraram no Brasil uma condição melhor para que pudessem viver das suas habilidades. A assessoria de imprensa informou que na Facha foi realizada uma versão especial pela quantidade reduzida de barraquinhas. Catalina, por exemplo, é venezuelana e está no Brasil há 5 anos. Há três começou com o Catalina Brownie, vendendo doces originais de seu país.
A feira já é realizada há um ano, antes mesmo da criação do CRAI, em parceria com a Prefeitura do Rio. Os comerciantes fazem parte de um grupo com mais de 40 empreendedores imigrantes, no qual é feita a seleção e organização da feira. Rogério, da Secretaria Especial de Cidadania, faz parte da Coordenação dos Direitos Humanos e conta que, normalmente, os próprios empreendedores indicam outros para fazerem parte do grupo. Por conta de junho ser o Mês do Refugiado, podemos contar com mais duas exposições da feira em locais diferentes.
Na FACHA, a exposição foi muito comentada entre os alunos. A maior parte disse ter gostado da ideia, muitos por já serem consumidores desse tipo de evento. A gastronomia internacional foi o que mais chamou a atenção. Matias, é argentino e mora no Brasil há 2 anos, vende algumas comidas típicas de seu país e nos conta que sua parte favorita é ver a reação das pessoas à sua culinária.
Além disso, apresentações estiveram presentes entre o pátio, biblioteca e auditório. No turno da noite, além das mesmas barraquinhas, alguns comerciantes mostraram outros talentos como a Mili, venezuelana que está no Brasil há nove anos e faz parte de uma banda chamada Terremoto Clandestino. Ela performou músicas do seu próprio país e fez sucesso com as notas agudas que alcançou. Também é artesã, e leva essa profissão como ganha pão há cerca de 30 anos. Ela ressalta que a parceria com a Prefeitura a faz sentir mais segura principalmente por estar menos exposta a possíveis eventualidades, como as chuvas ou a fiscalização, que muitas vezes não compreende que se trata de um trabalho.
No auditório, a palestrante Ana Paula Vieira apresentou seu trabalho na empresa de gestão de resíduos Boomerang Soluções Ambientais, focada em projetos de sustentabilidade e gestão ambiental. O grande ensinamento retirado da palestra da Ana foi de que as empresas estão cada vez mais almejando realizar eventos que sejam menos impactantes ao meio ambiente e consigam falar mais com as pessoas. Ela demonstrou que é possível realizar qualquer tipo de evento minimizando o impacto ambiental.
Por outro lado, a ideia de ser 100% sustentável é utópica e impossível de ser atingida. Meios para tornar shows, festivais, conferências mais sustentáveis incluem produzir de fornecedores locais nos quais a entrega resultaria não só em um valor mais baixo, mas com menos produção de lixo e utilizar uma matéria prima menos impactante ao ambiente.
