Por Maya Coelho. Imagem de Capa, reprodução: Blog do Chico Maia.

A cachaça é muito mais do que um símbolo cultural, atualmente é uma bebida considerada patrimônio brasileiro.  

A história da cachaça reflete a rica cultura e a diversidade do Brasil, além de estar ligada à trajetória econômica, social e política do país ao longo dos séculos.

A origem da cachaça remonta ao período colonial brasileiro. Com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil, inicialmente como matéria-prima para a produção de açúcar. No entanto, os escravos que trabalhavam nas plantações de cana perceberam que poderiam fermentar o caldo da cana e destilá-lo, criando uma bebida alcoólica. Esse processo resultou na cachaça, que rapidamente ganhou popularidade. 

A produção de cachaça continuou a crescer durante os séculos seguintes. A bebida era consumida tanto por escravos quanto por colonos. A cachaça também desempenhou um papel importante como moeda de troca no comércio de escravos, estima-se que eram necessários 86 litros de cachaça para ter posse sobre uma pessoa escravizada na África. 

Conforme a cachaça se tornava mais popular, houve um aprimoramento em sua qualidade, substituindo o uso do melaço não cristalizado pelo caldo de cana fermentado. O crescimento da produção de cachaça começou a prejudicar os interesses do rei de Portugal, uma vez que as bebidas destiladas locais competiam com as aguardentes e outras bebidas alcoólicas importadas de Portugal. 

Por essa razão, o rei de Portugal decidiu proibir a produção, comércio e consumo de cachaça. Em 1649, essa proibição foi reforçada por uma Carta Régia, que limitava o consumo da bebida apenas aos escravos. A intenção era eliminar a concorrência da cachaça em relação às bebidas comercializadas por Portugal. 

Entretanto, essa proibição resultou em um efeito contrário. A cachaça passou a ser produzida, consumida e até mesmo exportada de maneira clandestina. Essa resistência à proibição culminou em um evento significativo conhecido como a Revolta da Cachaça, que ocorreu no Rio de Janeiro, entre novembro de 1660 e abril de 1661. A Revolta da Cachaça se tornou um episódio marcante na história do Brasil colonial, representando a luta contra a imposição de taxas excessivas e a busca por autonomia econômica. Além disso, ela evidenciou a importância social e econômica da cachaça naquela época, bem como a resistência da população às restrições impostas pelas autoridades coloniais. 

E no dia 13 de setembro de 1661 ela foi oficialmente liberada para fabricação e venda no país. Desde então, a cachaça se consolidou de vez no Brasil. 

A cachaça é uma bebida icônica do Brasil, conhecida por sua versatilidade em coquetéis, como a caipirinha. Ela é produzida em várias regiões do país, cada uma com suas próprias características e métodos de produção. A cachaça também é destaque internacional, sendo exportada para vários países e apreciada por entusiastas da culinária e da coquetelaria em todo o mundo.