Protagonismo LGBTQIAPN+ marca a edição de 40 anos da Bienal do Livro Rio 2023 

Por: Arthur Líbero. Imagem Capa: Montagem: Foto 1/Reprodução: Jornal do Comércio; Foto 2: Reprodução: Folha UOL

O ano era 2019, quando o então prefeito do Rio, Marcelo Crivella, ordenou a retirada de uma HQ da Marvel contendo um beijo gay. 

Na mesma edição do evento, foram realizadas diversas manifestações contrárias à decisão do ex-prefeito e pedindo respeito a comunidade LGBT. O youtuber Felipe Neto, por sua vez, comprou todos os estoques de livros com a temática e os distribuiu gratuitamente para todos que foram ao evento. 

Na última edição da Bienal, em 2023, o cenário mostrou que essa realidade está cada vez mais distante de acontecer novamente, visto que grande parte dos livros vendidos na Bienal do Livro são de autores LGBTQIAPN+. No estande da editora Companhia das Letras, por exemplo, o título mais vendido foi “O Mar Me Levou a Você”, do escritor brasileiro Pedro Rhuas. 

Montagem: Foto 1 – Reprodução: O Povo; Foto 2 – Reprodução: Amazon

E não foram só os livros que trouxeram o debate para dentro do evento, mas as palestras que aconteceram ao longo dos dez dias, reuniram autores e personalidades, como Tiago Valente, Maria Freitas, Clara Alves, Abdi Nazemian, Elayne Baeta, Vítor Martins, Rachael Lippincott e Alyson Derrick, para falarem sobre o tema. 

Reprodução: Youtube da Bienal

Segundo o escritor Felipe Cabral, autor do romance “O Primeiro Beijo de Romeu”, o episódio de censura ocorrido na Bienal de 2019 contribuiu para que a representatividade estivesse mais presente dentro do evento, “acho que desde a censura, em 2019, o mercado editorial olhou para o que estava acontecendo e viu que faltava muita representatividade LGBT nas publicações. Com todo aquele alvoroço, as editoras passaram a publicar mais obras com autores da comunidade, então acho que nós avançamos bastante nisso, mas acho que ainda tem muita coisa pra ser feita para abrir mais esse leque de autores que estão sendo publicados, pois precisamos sair mais do eixo Rio e São Paulo pra que a gente tenha mais autores pretos, trans e travestis para que esse movimento seja ainda maior. Mas, ao mesmo tempo que a Bienal está cheia de mesas e pessoas LGBTs, temos deputados tentando proibir o casamento gay, por exemplo. Mesmo avançando, ainda precisamos permanecer alerta e continuar lutando para se algo ocorrer novamente”. 

elipe ainda ressaltou a importância da literatura para esse tema, “a literatura pode construir imaginários, quando lemos histórias que não nos representam é como se a gente não pertencesse à sociedade. Então, quando encontramos livros que nos fazem nos sentirmos na capa ou na sinopse é um carinho, um acolhimento. Acho que para qualquer LGBT, quando começamos a encontrar essas obras em destaque, a gente sente que há uma mudança e que nós estamos sendo representados”.

Reprodução: Site Oficial Felipe Cabral

A Bienal do Livro se encerrou dia 10 de setembro, e recebeu mais de 600 mil visitantes ao longo de 10 dias. A edição bateu recorde de vendas com 5,5 milhões de livros vendidos. 

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