Bond Day: há 61 anos estreava ‘007 contra o satânico Dr. No’

Por Igor Serrano. Foto de Capa: Atores que interpretaram James Bond. Reprodução: Show Matech

“Bond, James Bond!”. 05 de outubro é um dia em que certamente a icônica frase é repetida à exaustão. É nesta data que, desde 2012, os fãs e os responsáveis pelo espião mais famoso do mundo e, por que não, da cultura pop, celebram mais um aniversário de sua estreia nas telonas.  

Foi em 1962, com a chegada de ‘007 contra o satânico Dr. No’ às telonas, então interpretado por Sean Connery, que não apenas os leitores, mas também espectadores, por todo o mundo, passaram a conhecer as histórias do espião do MI6, com licença para matar, à serviço de Sua Majestade, que sempre toma Martini batido (“mas não mexido!”).  

Este acontecimento impactaria diretamente na história do cinema, como explica o cineasta JC Oliveira, “é o filme que apresentou o personagem de James Bond ao mundo. Apesar de a série de livros do 007 já ser conhecida e, na época, já ter sido adaptada anteriormente, com a versão original de ‘Cassino Royale’, ‘Dr. No’ lançou as bases não apenas do que seria a mais longeva franquia do cinema, como ajudou a solidificar todo um subgênero de filmes de espionagem, que teria muita relevância no contexto da Guerra Fria”. 

O personagem James Bond é uma criação do escritor Ian Fleming, que o lançou, em 1953, no livro Casino Royale, o primeiro de seus quatorze best-sellers e que, anos mais tarde, seria adaptado. Além de uma das mais longevas, a franquia 007 também é uma das mais bem-sucedidas de todos os tempos da sétima arte. Em 61 anos, são quase 10 bilhões de dólares arrecadados e muitos prêmios conquistados, destacando-se 6 Oscars, 4 Globos de Ouro e 3 Grammys. Por outro lado, em todos os 25 filmes, o papel de James Bond sempre foi interpretado por atores brancos: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig. 

Aliás, ao longo dos muitos filmes, não só o racismo e a falta de representatividade nos principais papéis ficam evidenciados, mas há diversas outras questões problemáticas: como violência, objetificação e hipersexualização das mulheres, consentimento, machismo, estereótipos, xenofobia, classismo e islamofobia, por exemplo. A série de filmes mais recente, estrelada por Daniel Craig, tentou corrigir seus antecessores e apresentou um Bond mais vulnerável, humano, com maior respeito no tratamento às mulheres e menos masculinidade tóxica. Sobre o tema, também pontua JC Oliveira, “é impossível retirar o personagem e os filmes do contexto em que foram produzidos. E, assim como várias obras feitas nas décadas de 1960, 70 e 80, a franquia 007 também carrega muitas características que hoje, felizmente, são questionadas. A constante reinvenção é fundamental e torço para que o personagem continue sempre sendo reinventado”. 

Em 1979, em “007 contra o foguete da morte”, o espião, vivido por Roger Moore, veio ao Rio de Janeiro para investigar o plano de destruição da humanidade, com um gás mortal de orquídeas produzidas no espaço, bolado por seu antagonista, Hugo Drax. Nele, em uma das cenas mais icônicas de todos os tempos, há um embate entre o protagonista e o vilão ‘Jaws’ (traduzido no Brasil como ‘Dente de Aço’) em cima do bondinho do Pão de Açúcar. Embora seja um filme de espionagem/ação, há nítida influência de ‘Guerra nas Estrelas (Star Wars): uma nova esperança’, lançado dois anos antes. 

Ainda sobre a passagem de 007 pelo Rio de Janeiro, a atriz Adele Fátima gravou cenas como Bondgirl para o longa, mas descobriu durante a pré-estreia, nos Estados Unidos, que havia sido cortada da versão final e substituída por Emily Bolton. O ator Carlos Kurt (ponta/personagem fiscal do aeroporto do Rio) foi o único brasileiro do elenco.  

No Brasil, novas gerações de fãs da franquia foram estimuladas pelo lançamento de coleções com todos os filmes (num primeiro momento em VHS e, posteriormente, anos mais tarde em DVD) e de miniaturas dos carros, utilizados por James Bond em suas aventuras, em bancas de jornais. Além disso, jogos de videogame (com destaque para ‘007 contra Goldeneye’, de Nintendo64, lançado em 1997) e a animação ‘James Bond Jr’ ajudaram a solidificar a presença entre o público mais jovem. 

O futuro de 007 permanece, entretanto, incerto. Após o fim do contrato de Daniel Craig, nomes como Idris Elba e Henry Cavill foram especulados, mas não confirmados, como substitutos. Até o momento apenas uma certeza: a Amazon, que recentemente comprou 50% de seus direitos, confirmou um reality show filmado em cidades cenários dos filmes e que chegará exclusivamente aos assinantes de seu serviço de streaming (Prime Video) em breve. 

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