FACHA FESTIVAL: Produção e distribuição cultural em pauta! 

Por Vinicius Faillace. Imagem de capa por Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA). 

O último dia do Facha Festival contou com a presença do produtor de cinema Cavi Borges, que veio falar sobre o processo produtivo do audiovisual independente e o desafio que é distribuir os filmes nacionais para o público.  

Cavi começou a palestra citando uma matéria do mesmo dia (11/10), no Jornal O Globo, que analisou a situação atual do cinema brasileiro, trazendo opiniões de trabalhadores do audiovisual de diversos segmentos como por exemplo, o diretor Daniel Filho. A questão que o jornal propôs foi: que plano seguir para levar as pessoas de volta às salas de cinema? Clique aqui para acessar a matéria na íntegra. 

Na opinião de Cavi, o avanço exponencial das plataformas de streaming durante o período pandêmico e pós-pandemia é um dos fatores que causou a crise de bilheteria que o país se encontra atualmente. Outro motivo seria o preço dos ingressos. Mas o produtor apontou como mais uma causa uma deficiência estrutural do cenário cultural brasileiro, a distribuição. Com isso, ele conseguiu tocar no que pareceu ser o ponto fundamental daquela conversa para aqueles que a idealizaram. Ou seja, era preciso discutir o método de reprodução do mercado cultural brasileiro; como um conteúdo – seja ele um filme, uma peça publicitária, uma matéria de jornal etc. – pode ganhar notoriedade.  

Cavi Borges contou um pouco da sua história também, apontou suas principais qualidades como produtor independente, assim como as dificuldades de se produzir um filme geralmente com pouco dinheiro. Cavi assina mais de 300 filmes produzidos, em mais ou menos 20 anos de trabalho com cinema. Ele disse que no meio independente, o método viável é aprender a produzir com pouco. O valor da produção não se resume somente a “ter grana”, mas sim a estabelecer parcerias e possuir conhecimento prático do fazer cinematográfico. Além disso, é essencial ter criatividade para lidar com os problemas. Apostar em soluções ainda não testadas. E o mais interessante disso, ele afirmou, é que geralmente aquilo que foi repensado e recriado fica melhor do que a primeira ideia ficaria. Como algo “do destino”.  

Assim como foi dito anteriormente, a palestra tinha um tema central bem definido: distribuição criativa. E Cavi foi muito hábil em responder as dúvidas trazidas por estudantes e professores que giravam em torno dessa questão. Ele afirmou que o produto cultural nos dias de hoje, precisa ser vendido pensando-o como uma experiência. O público demanda mais participação, mais integração com o produto – em detrimento de um papel somente consumidor. Nesse contexto, Cavi contou como se desdobra para alcançar esse objetivo, como tornar o ato de sair de casa para assistir um filme uma experiência diferenciada. Durante toda a sua carreira na sétima arte, ele se especializou em criar eventos culturais em torno dos filmes que produzia e reproduzia nos seus trabalhos. Dessa forma, ele conquista um público que deseja fazer parte de algo maior, de um encontro de pessoas, de um evento. Um exemplo interessante que o produtor trouxe para a palestra foi a reprodução do filme Barbie no Estação NET, em Botafogo. Para chamar as pessoas para as sessões, a ideia foi criar um concurso de fantasia no cinema, com direito a desconto no ingresso para o vencedor. E não só isso. Cavi foi atrás de um colecionador de bonecas Barbie e criou uma exposição, que dentre as peças, tinha a primeira Barbie original. O resultado foi: dias de sessões lotadas para assistir ao filme. Um sucesso!  

Enfim, a palestra de Cavi Borges conseguiu responder às questões que estavam em pauta e serviu de motivação não só para alunos de Cinema mas para todos os presentes. O convidado do FACHA FESTIVAL fez questão de compartilhar seus conhecimentos e se demonstrou aberto a possíveis parcerias futuras.  

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