Por Richard Carrasco. foto de capa, banner do filme “Até Que Sorte Nos Separe 3”.
Há décadas o efeito e os benefícios do riso são estudados pela ciência. Um estudo da universidade de Maryland, nos EUA, já apontou que rir pode previnir ataques cardíacos. Não à toa, a comédia é um gênero tão popular. Como diz o velho ditado, “rir é o melhor remédio”.
Em pesquisa da DataFolha e do Itaú Cultural, publicada em agosto de 2021, foi constatado que um terço da população brasileira rejeita filmes nacionais. Ainda no mesmo estudo, observou-se que nas duas últimas décadas os filmes de maior sucesso pertenciam ao gênero da comédia.

“O Auto da Compadecida”, “Se Eu Fosse Você”, “De Pernas Pro Ar”, “Até Que A Sorte Nos Separe” e “Minha Mãe É Uma Peça” figuram entre os títulos de maior sucesso do cinema nacional nos anos 2010, cada um deles tendo se tornado uma franquia, inclusive o primeiro entre os citados, que recentemente teve finalizadas as gravações de sua sequência.
E a popularidade da comédia não se restringe ao Brasil. Todos nós conhecemos os grandes humoristas americanos, da série “Todo Mundo Odeia o Chris” de Chris Rock, até os filmes de Adam Sandler. No Reino Unido, automaticamente lembramos dos filmes de Monty Python e todos reconhecemos o humor britânico pelo seu sarcasmo e acidez já tão característicos.
Isso porque a comédia está ligada diretamente às culturas locais, a situações cotidianas reconhecíveis por cada sociedade. Todo espectador gosta de se reconhecer na tela, e se identificar de forma bem-humorada com os personagens, mesmo em situações difíceis, traz leveza à vida.

É por isso que um filme como “Click” é tão memorável para o público, criando humor com situações de choro que trazem a mensagem de aproveitar cada momento da vida, inclusive com aqueles que amamos e não estarão aqui para sempre. Pela mesma razão, tantos filmes de comédia alcançaram o status de “comfort movie”, mostrando a experiência universal de sofrer pelo amor de forma leve, encontrando razão para o riso em meio à sofrência. Como não lembrar de “Amor e Outras Drogas” ou o clássico nacional “Lisbela e o Prisioneiro”?
Todos precisamos adicionar leveza à vida, e daí vem a importância da comédia, que jamais pode ter sua importância subestimada, mesmo que o gênero não conste entre os mais premiados nos grandes festivais de cinema mundo afora. Na era dos streamings, na qual o cinema como conhecemos pode estar ameaçado, as comédias continuam levando pessoas para as salas de projeção.
Provocar o riso é uma arte, e extremamente difícil, por sinal. O choro, por exemplo, pode ser relativamente fácil de se arrancar do espectador, combinado à trilha sonora certa. A comédia requer timing e muito tato do comediante. Com frequência vemos humoristas em papéis dramáticos, enquanto atores conhecidos por papéis mais sérios, com menos regularidade. O humorista encontra meios para trazer a graça e o riso porque, antes de tudo, é sensível aos dramas da vida e suas dificuldades.

Por isso, jamais esqueceremos nomes como Paulo Gustavo, que tantas vezes nos fez rir, chorar, e chorar de rir; ou Matthew Perry, o eterno Chandler de “Friends”, que também brilhou em filmes hilários como “17 Outra Vez”. Felizmente, ainda contamos com grandes atores humoristas entre nós, como Paulinho Serra, excepcional em “Vai Que Dá Certo”, e Leandro Hassum no ótimo “Tudo Bem No Natal Que Vem”. Viva a comédia que, como escreveu Dante Alighieri, é divina.
