Por Carolina Cordeiro 

O Dia Mundial Sem Carne, celebrado no dia 20 de março, surgiu em 1985 nos Estados Unidos pela ONG FARM (Animal Rights Movement). A data destaca os benefícios de reduzir o consumo de produtos de origem animal em favor de uma alimentação baseada em vegetais e conscientizar sobre os impactos positivos no meio ambiente, saúde e bem-estar animal. 

Dentre todos os alimentos de origem animal, a carne bovina é identificada como uma grande contribuinte para o aquecimento global, segundo relatório da ONU, sendo a maior emissora de gases do efeito estufa e associada a desmatamentos na Amazônia e Cerrado. Durante a COP26, dezenas de países, incluindo o Brasil, concordaram em reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, impactando diretamente a agropecuária brasileira. Além disso, há defensores da ideia de cortar ou reduzir drasticamente o consumo de carne como forma eficaz de combater o aquecimento, destacando estudos da Universidade de Oxford que mostram a carne bovina como a maior emissora de gases do efeito estufa entre todos os alimentos. 

Carla Matheus, 27 anos, formada em medicina veterinária e vegana desde 2019, reflete sobre hábitos culturais em torno do tema, “o veganismo não apenas abrange condutas alimentares, mas engloba toda e qualquer ação de boicote que podemos aderir para evitar o sofrimento animal, na medida do possível e do praticável. Um exemplo é não financiar, divulgar ou participar de eventos como vaquejadas, que expõem os animais a um estresse extremo, com riscos de se machucarem e inclusive virem a óbito. Tudo por um entretenimento que dizem ser cultural. Toda cultura é legal? Todo comportamento cultural/histórico deve ser reproduzido e aplaudido?”.  

Já André Paes, 35 anos, formado em audiovisual, contou que tentou ser vegetariano na época que fazia medicina veterinária e, apesar de ter desistido desse estilo de vida, apoia a causa, mas acha que é algo que não se encaixa na rotina da maioria dos brasileiros. De acordo com ele, “a mãe que trabalha 10 horas todo dia, tem que voltar para casa, cuidar do filho e fazer comida, não vai ter tempo para ficar escolhendo o que é melhor para o meio ambiente. Se uma dieta vegana não for de fácil acesso para todos, não adianta nada conscientizar. Tem que ser algo que se inclua na realidade de qualquer pessoa”. 

Uma dieta baseada em vegetais está associada a benefícios para a saúde, como a redução do risco de doenças crônicas. O Dia Mundial Sem Carne é um lembrete sobre a importância de diversificar escolhas alimentares para promover um estilo de vida saudável e sustentável. 

Enquanto celebramos esta ocasião, é fundamental reconhecer que pequenas mudanças na dieta diária podem ter um impacto significativo a longo prazo, cuidando não apenas da nossa saúde, mas também do planeta.