Um dia para celebrar a arte da palhaçada! 

Por Ágatha Araújo. Foto de capa/Reprodução: Olhe Nos Olhos Doze.

História da data 

Em 27 de Março de 1972 era criado o Dia Mundial do Circo em homenagem a Aberlado Pinto, o palhaço Piolin, expoente na arte circense brasileira não apenas como palhaço, mas como contorcionista. O objetivo da data é celebrar a arte circense como contribuinte vital para a cultura, o lazer, o bem-estar coletivo e na construção do lúdico.  

Palhaço Piolin. Foto/Reprodução: Galpão do circo.

Filho de pais circenses, Piolin nasceu em 1887 e aos 7 anos passou a trabalhar, também no ramo dos pais. Começou como contorcionista e fazia com (o) irmão um número de bicicleta, mas rapidamente se descobriu talentoso para interpretar um palhaço. 

Numa de suas apresentações como palhaço, um trabalhador de circo de origem espanhola notou que suas pernas pareciam as de um “barbante fino”, “piolin” em castelhano, e assim surgiu o apelido que o acompanhou até o final de sua vida.  

Palhaço Piolin. Foto/Reprodução: Folha de SP.

Abelardo viveu os melhores anos de sua carreira no Circo Alcebíades, onde seus feitos artísticos o levaram a conhecer o então presidente Washington Luís e a ser respeitado, não apenas pelo grande público, mas também pelo público erudito: Piolin conquistou o coração dos intelectuais modernistas, dentre os quais estavam Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfati, Raul Bopp e Menotti Del Picchia. 

Piolin morreu no dia 4 de setembro de 1973, deixando de legado uma carreira consolidada e inspiradora, além de ter se tornado referência para o circo brasileiro tradicional. 

O CIRCO FLUTUANTE 

Criado em 2018 por Patrícia Martins e por Tom Bennett, o Circo Flutuante realiza um espetáculo de variedades circenses, o chamado “Varietê Flutuante”, inspirado no Music Hall e no teatro de revista. Em 2019, adquiriram uma lona de circo e passaram a apresentar seus shows sob estrutura própria no Mercado Municipal de Niterói, Rio de janeiro. 

Circo Flutuante montado no Shopping Nova América, zona norte do Rio, onde costumavam apresentar os shows. Foto/Reprodução: Wikipédia.

Lona, picadeiro, bailarinas usando sapatos Oxford e uma equipe robusta de artistas, incluindo acrobatas, equilibristas, malabaristas, ilusionistas e claro, palhaços, todos esses elementos estão presentes na concepção do Circo Flutuante, como manda a tradição. “Eu creio que ter tido a experiência de me desenvolver e de me apresentar em lonas de circo fez nascer em mim uma paixão por este elemento [da tradição]”, explica Patrícia ao contar sua história, que começou na Escola Nacional de Circo. 

Contudo, não há domadores nem adestradores e não se pratica a convivência nem a itinerância, como acontece nos circos comuns. “Eu me identifiquei com alguns elementos da tradição e outros não. E percebi que, se eu fosse a dona do empreendimento e a diretora do espetáculo, que eu teria o controle criativo e empresarial, o que me daria a oportunidade de manter os elementos com os quais eu me identifiquei e eliminar aqueles que eu não gostava”, diz.  

Além de não investir em animais treinados, o Circo Flutuante também não investe em figurinos apelativos ou que mostrem o corpo feminino de maneira degradante, prática que Patrícia viu ser comum em um outro circo onde trabalhou como acróbata aérea por dois anos. “Mas ao mesmo tempo, exatamente por ter vivido estas experiências [do circo tradicional], eu tinha também algumas críticas. Eu não gostava dos figurinos que a meu ver mostravam o corpo feminino de forma apelativa”, explica. 

Ringling Brothers and Barnum and Bailey Circus. Foto/Divulgação: Andrew Caballero-Reynolds.

O chamado “Varietê Flutuante” é um show de variedades artísticas que provocam diversos sentimentos em quem assiste. “Eu busco despertar uma variedade de emoções no público (adulto e infantil): um número é engraçado, o outro misterioso. Aí vem um número alegre, seguido de outro que é perigoso. Esta sequência toca em pontos diferentes para cada pessoa”. Ou seja, a ‘varietê’ (paródia da palavra francesa variété cujo significado é variedade) não é só de números, mas de sentimentos como surpresa, nostalgia, relaxamento e felicidade. 

ELENCO 

Diabolo e bailarinas. Foto/Divulgação: TV Brasil.
Palhaço Horácio Storani. Foto/Divulgação: Circo Flutuante.
Patricia Martins. Foto/Divulgação: Circo Flutuante.
Bailarinas. Foto/Divulgação: Circo Flutuante.

Mas por que o Circo Flutuante se destaca? A resposta pode ser encontrada na performance impressionante de Dani Heringer, bailarina que realiza um número de acrobacia aérea com a força de seus cabelos. Com os fios amarrados num coque preso a uma estrutura de ferro, Dani “levita” num movimento leve e delicado e ao mesmo tempo técnico e ritmado. 

Há quem se deslumbre porque, até sentar sob a nossa lona, nunca tinha visto uma mulher pendurada pelos próprios cabelos, nem um homem entrar e sair de um balão ao longo de 5 minutos, menos ainda uma menina girar 4 bambolês ao mesmo tempo”, compartilha Martins.  

Dani Heringer. Foto Por Chris Maier.

Outro número que expressa a modernidade do Circo Flutuante é o dos “Afrocariocas”, nome que o grupo de bailarinos negros adotam ao realizarem uma coreografia mesclada ao som de samba e funk. Entre passinhos, giros, piruetas e pés miudinhos, os bailarinos se destacam pela projeção da cultura popular carioca na arte circense clássica da acrobacia. 

O Circo Flutuante está no Mercado Municipal de Niterói todas os sábados e domingos, de 24 de fevereiro até 26 de maio. Ingressos disponíveis na plataforma Sympla. 

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