Por Esther Verta
O novo jeito de transformação de um material que seria descartado em um novo produto, o Upcycling, está em alta e sendo muito usado no mercado da moda. Esse processo não necessariamente deixa o produto com a mesma funcionalidade, mas sim com o valor agregado maior do que o anterior.
Justificado por seu passado histórico, essa nova tendência de reutilização não é de hoje. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos países sofreram com a escassez de produtos e principalmente de tecidos, então o conserto e reciclagem das peças se tornaram saídas importantes, já que muitos não podiam comprar novos tecidos e recorriam aos tecidos domésticos como de cortinas e de toalhas para fazer roupas.
A cientista de moda, fundadora e CEO da Phycolabs, Thamires Pontes explica, “a situação atual não é de escassez, mas sim de exagero. Hoje, reutilizar materiais está se tornando cada vez mais uma opção de ética. Além disso, com o movimento do upcycling vem também a crescente ênfase da moda sem gênero ou unissex, que permite que as roupas sejam reutilizadas, passando de másculas para femininas e vice-versa”.
Upcycling X Reciclagem
Muitos confundem essas duas técnicas de reutilização, mas elas são distintas e têm suas particularidades. A reciclagem convencional apenas transforma um tecido antigo em um tecido novo, é algo mais mecânico sem um olhar criativo da peça.
“No upcycling, a peça vai ser única. Você consegue ter o diferencial do artesão, do artista e da criatividade no produto final”, diz Amanda Martins, fundadora da Ciclou, startup especializada em upcycling.
É uma reciclagem com um maior valor agregado.
Além disso, o upcycling requer menos gastos como energia, material, emissões e gastos de água do que a reciclagem, assim tendo uma pegada sustentável.
Pode se dizer que ele é uma tecnologia verde porque reduz tanto o consumo quanto a produção de resíduos, ao prolongar a vida útil do produto.
Upcycling e a Sustentabilidade
Essa técnica tem várias vantagens quanto à preservação do meio ambiente, principalmente pela redução do consumo de recursos naturais, preservando-os. A reutilização dos materiais evita que esses resíduos cheguem aos aterros sanitários, assim, diminuindo a degradabilidade e a contaminação do solo, ar e água.
Outro grande problema da indústria têxtil são as emissões de gases do efeito estufa, apesar do setor corresponder a 10% dessas emissões, a redução deles ainda sim é uma ajuda considerável ao planeta.
No mercado da moda, essa reutilização se expressa de diversas formas, com destaque para o mercado de segunda mão e os brechós, que vêm crescendo muito mais do que o varejo tradicional. Mas não se engane, geralmente essas peças estão seminovas e impecáveis. Essa é a importância do upcycling para a indústria, dar uma nova vida para uma peça que já existe com um olhar artístico e transformando em um produto único.
É pensar na peça como uma matéria prima pronta para ser trabalhada conforme a ideia do artista que a produz. Se o produto final, upcycled, não tiver usabilidade e não puder ser vendido no mercado, ele não tem motivo para existir.
E não se engane, o upcycling não é apenas uma forma de produzir de marcas baratas, as grifes de luxo Balenciaga, Chloé e Dolce & Gabbana se interessaram por criações recicladas, as impulsionando no mercado da moda. Com certeza, essas criações vão ser muito usadas nas passarelas e nos grandes eventos de moda. De fato, o upcycling é a maior nova tendência do momento.
