Consultor da CONMEBOL comenta sobre racismo e Copa América 

Legenda da Capa: usuários do X comentando sobre racismo na América do Sul. Foto/Divulgação: x.com (ex-twitter).

Por Davi Leiros.

O racismo e o futebol, infelizmente, estão secularmente conectados, porém na sociedade contemporânea o combate aos crimes e o apoio à causa antirracista estão altamente unidos devido à globalização e ao uso da internet. Na América do Sul, atos racistas são flagrados por câmeras em muitos jogos internacionais, seja Libertadores, Sulamericana ou Recopa e as discussões nas redes sociais fervem em busca de justiça. As críticas feitas à Confederação Sul-Americana de Futebol, a CONMEBOL, se agravaram nos últimos anos, visto que nas lentes do povo, os crimes passavam impunes.  

A instituição em questão alterou em seus códigos e regulamentos um artigo que pune o acusado, fazendo com que o clube pague uma multa, em muitos países milionária, e jogue com seus portões parcialmente, ou não, fechados. Além disso, a CONMEBOL disponibiliza em seu site canais de denúncia, todas as punições sancionadas anteriormente, os códigos de ética FIFA e as inúmeras campanhas que fazem para o basta de racismo. 

Artigo da CONMEBOL sobre discriminação e a descrição das punições.  Foto/Divulgação: Conmebol.

Jorge Luiz Rodrigues, jornalista brasileiro renomado internacionalmente e atual oficial de imprensa da Confederação Sul-americana de Futebol, comentou sobre o gerenciamento do problema e as críticas recebidas, “para que o racismo e outros tipos de discriminação possam ser combatido na raiz, os clubes e as federações dos países devem promover a conscientização e campanhas em paralelo com a luta antirracista”. Jorge ainda explicou um dos grandes problemas enfrentados pela CONMEBOL, “a legislação brasileira deixa claro que injúria se equipara ao crime de racismo, fazendo com que a punição seja severa, porém o grande problema é que para os outros países essa régua difere. O que é racismo no Brasil, pode não ser no Peru por exemplo”.  A instituição não consegue atravessar a legislação do país, por isso, infelizmente, torna-se comum equipes brasileiras sofrerem em jogos fora de casa. 

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Jorge Luiz Rodrigues representando CONMEBOL em competição. Foto/Reprodução: Instagram do Jorge Luiz Rodrigues.

Os casos de racismo ainda acontecem no cenário sul-americano, contudo é possível perceber uma crescente na repreensão desses crimes, visto que em relação aos últimos anos, o primeiro trimestre de 2024 foi o mais eficiente na luta antirracista. A CBF, Confederação Brasileira de Futebol, tem enorme participação na causa e já produziu diversas campanhas nacionais e internacionais antirracistas, como o suporte a Vini Jr, vencedor do Prêmio Sócrates na Bola de Ouro 2023 pela luta contra o racismo. Além de ter aprovado a mudança no regulamento da CONMEBOL, a CBF ainda tentou incluir a perda de pontos, para que o torcedor veja que qualquer discriminação faria sua equipe ser prejudicada de forma direta na classificação. 

Campanha “Com racismo não tem jogo” sendo exibida na sede da CBF. Foto/Reprodução: CBFTV.

A chegada da CONMEBOL Copa América USA 2024 é um marco para a confederação e Jorge Luiz Rodrigues vê a competição como algo diferente das anteriores, “sinto que essa vai ser uma Copa muito prazerosa de acompanhar, os Estados Unidos concentram dinheiro suficiente para sediar a competição e os estádios americanos têm uma estrutura muito acima do que vemos na América do Sul”. Os recentes resultados nos amistosos internacionais começaram a reacender a chama que o torcedor brasileiro precisava para retomar a alegria de vibrar pela Seleção novamente, “encaro essa Copa América como a oportunidade de ouro para o Brasil se reerguer, temos muitas chances de levantar o troféu em Miami”. O Brasil enfrenta a Costa Rica na primeira rodada da competição na Califórnia, no dia 24 de junho. O técnico Dorival Júnior escolheu os representantes da amarelinha para a competição. 

Atletas convocados por Dorival para a Copa América. Foto/Reprodução: CBF.

 Após essa temporada celebrada pela Copa América, veremos que é possível sorrir em meio a tanta discriminação, pois as federações dos países latinos, a CONMEBOL e o conselho FIFA farão de tudo para que um cenário tão tradicional como o sul-americano se torne um sinônimo de respeito.  

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