_{Foto Capa: Igor Serrano à frente (créditos: Igor Serrano); Montagem Vinícius Jr. e Goleiro aranha ao fundo – foto 1 (créditos: O Globo); Montagem Vinícius Jr. e Goleiro Aranha ao fundo – foto 2 (Fabio Menotti/Palmeiras/Gazeta Esportiva)}

Por Arthur Líbero

Já faz algum tempo que um dos temas sociais mais relevantes e importantes vem sendo debatido dentro do mundo do esporte: o racismo no futebol. Não é de hoje que jogadores qualificados e aptos para jogar em times reconhecidos mundialmente são vítimas de um dos piores tipos de desigualdade que existe.  

Taison, Dentinho, Neymar, Roberto Carlos, Malcom, Richarlison, Hulk, todos eles já sofreram racismo em campo. Em 2014, por exemplo, o goleiro Mário Lúcio Duarte Costa, conhecido como “Mário Aranha”, sofreu um ataque racista no final de uma partida contra o Grêmio pela Copa do Brasil. Na época, sete torcedores do time gaúcho foram indiciados por terem chamado o jogador de “macaco” nas arquibancadas. Outro jogador vítima do racismo é Vinícius Jr, que sofre com ataques desde que jogava no time do Flamengo. Ele foi chamado de “macaco” durante uma partida entre o Real Madrid, time em que é atacante, e o Mallorca. Já os torcedores de outro clube espanhol, o Atlético de Madrid, penduraram um boneco, com a camisa do brasileiro pelo pescoço em uma ponte da cidade. Acima, estenderam uma faixa com a frase “Madrid odeia o Real”. 

Foi pensando nesse tema, que o aluno Igor Serrano, que atualmente está no terceiro período de Jornalismo da Facha e é formado em Direito pelo Centro universitário de Brasília (UniCeub), fez o seu TCC sobre “O racismo no futebol brasileiro”. O trabalho foi apresentado no final de sua pós-graduação em Direto Desportivo pela Universidade Candido Mendes. Seu time, o Vasco, acabou se juntando à sua outra paixão, o Direito, e foi assim que ele deu o pontapé inicial para o trabalho. “Sou torcedor do Vasco e cresci ouvindo a história sobre o time de 1924, quando o presidente do clube se recusou a atender à solicitação da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA) para excluir doze de seus atletas, negros e operários”, diz Igor. 

“O Direito é uma área que ainda tem muito conservadorismo, em geral, e onde pautas progressistas não possuem muito espaço. Acompanhando o noticiário da época da pós-graduação sobre julgamentos com penas brandas ou absolvições de casos de racismo no futebol brasileiro, tive a ideia de pesquisar o tema e vi que o desdobramento (como o tribunal trata) é apenas a ponta de um gigantesco iceberg”, concluiu. 

Após a apresentação e aprovação, seu projeto se tornou um livro homônimo que foi lançado durante a Bienal do Livro Rio 2023. Segundo o estudante, a receptividade que seu trabalho teve fez com que ele desse um passo a mais com uma obra física, “a ideia do livro surgiu diante das trocas que realizei ao longo da pesquisa com diferentes personagens de diversas áreas do tema. A recepção da minha pesquisa foi muito positiva e vi que seria uma boa forma de contribuir com a luta antirracista reunir e compartilhar os dados que pesquisei em um livro, principalmente, pelo fato do principal trabalho tido como referência do assunto ser da metade do século passado (‘O negro no futebol brasileiro’ do Mário Filho)”. 

E não parou por aí. Igor também foi selecionado para apresentar a obra na 3ª edição do Congresso Internacional de Ciências Sociais e Humanas, que ocorreu entre os dias 26 e 28 de junho na Universidade de Salamanca, na Espanha. O tema do evento foi “Brasil 1824-2024: entre centralismo e descentralização”, e o jovem se inscreveu para poder apresentar o trabalho, sendo submetido a uma avaliação. Logo, o projeto foi aprovado e Igor viajou rumo à Salamanca. Ele conta como descobriu o Congresso e por que decidiu participar, “fiquei sabendo por acaso, por um newsletter que sou cadastrado e achei incrível. Decidi me inscrever porque achei que seria importante levar o meu trabalho para a Espanha, onde por 21 vezes Vini Jr foi submetido a atos discriminatórios raciais. Inclusive, encerrei a minha apresentação no Congresso dedicando a ele”. 

Igor acredita que o projeto pode influenciar positivamente para a construção de um novo pensamento social em um país cada vez mais desigual em todas as áreas, principalmente no esporte, “já fiz algumas palestras para públicos e consegui leitores com perfil que em tese não se interessariam por trabalhos que abordam temas raciais. Mas como trata de futebol também, acabam se interessando. Acho que essa é uma grande oportunidade, contribuir com o letramento racial de muitas pessoas brancas e demonstrar que o racismo vai muito além do ato de ofender um atleta. Além disso, amplificar diversos casos que aconteceram e seus desdobramentos mostra que a população negra não está sozinha na luta antirracista. Existem pessoas brancas aliadas, como eu, que estarão sempre ao seu lado, custe o que custar”. 

Igor Serrano inicia sua jornada no Jornalismo 

Agora, depois de tantas conquistas, Igor dá seus primeiros passos em uma nova carreira, o Jornalismo, e o estudante escolheu a Facha para iniciar sua nova jornada. “Nunca é tarde para seguir a sua vocação. Sempre carreguei dentro de mim a veia jornalística, de gostar de escrever, pesquisar e informar. Mas só agora tive a oportunidade de cursar Jornalismo. Estou gostando bastante. A escolha pela FACHA não foi por acaso, já que é uma referência no curso de Jornalismo, com diversos profissionais, ex-alunos, no mercado. Minha expectativa é de que muitos dos jovens brilhantes com quem tive contato até agora se tornem grandes referências do Jornalismo no futuro e das próximas gerações”, diz ele. 

Estudante do terceiro período, o aluno também é redator do portal Em Todo Lugar, onde já escreveu matérias sobre diversos assuntos, confira: https://emtodolugar.facha.edu.br/tag/igorserrano/ 

E para os que quiserem conferir o trabalho realizado por Igor Serrano, seu livro “O Racismo no Futebol Brasileiro” está à venda em: https://www.amazon.com.br/dp/6554370463?ref_=cm_sw_r_mwn_dp_59VV586D67KGEHX0KQC6_2