Seleção feminina de futebol se complica no grupo C 

Foto Capa: Paris 2024

Por Guilherme Guerra

Na segunda rodada do futebol feminino das Olimpíadas de Paris, a seleção brasileira tomou dois gols nos acréscimos e deixou a classificação de forma antecipada escapar pelas suas mãos. Agora, o Brasil corre risco de não se classificar para as quartas de final. Espanha e Estados Unidos foram as únicas seleções que carimbaram suas vagas para próxima fase ao vencerem seus dois jogos. 

 Lorena defendendo pênalti de Tanaka (créditos: Rafael Ribeiro/CBF)

Grupo A

Após revés na estreia, a Colômbia se recuperou e venceu a Nova Zelândia por 2 a 0 no Groupama Stadium, em Lyon. As colombianas construíram o resultado com muita dominância sobre as adversárias, que pouco ofereceram perigo à meta de Katherine Tapia. Os gols foram marcados pela meio-campista Marcela Restrepo e a atacante Leicy Santos. Vale também destacar a grande atuação da lateral-esquerda da Colômbia, Manuela Vanegas. Além de dar o passe para o segundo gol, fez uma partida magistral defensivamente. 

 Disputa de bola no jogo Nova Zelândia x Colômbia (créditos: Reprodução /Colômbia)

Escândalo dos drones 

Depois de vencer a França de virada por 2 a 1 no Geoffroy-Guichard, em Saint Etienne, o Canadá pode fazer uma campanha histórica e impressionante nesses Jogos Olímpicos. Isso porque a seleção canadense foi punida pelo Comitê Disciplinar da Fifa com a perda de 6 pontos após investigação que apurou o uso de drones para espionagem. Além disso, a treinadora Bev Priestman foi suspensa por 1 ano e a federação multada em 200 mil francos suíços (R$ 1,2 milhão). Agora com a pontuação zerada, o Canadá pode se garantir nas quartas de final em caso de vitória na última rodada.  

O jogo 

O primeiro tempo foi de muita superioridade francesa com 73% de posse de bola e muito mais iniciativa dentro da partida, que foi recompensado com o gol de Katoto. A atacante do PSG balançou a rede pela terceira vez nessa Olimpíada. Na segunda etapa, o desenho do jogo mudou. Com a necessidade de vitória, o Canadá adotou outra postura e equilibrou as ações. Aos 13 minutos, a volante Jessie Fleming empatou o placar. No lance do gol, a goleira francesa Magnin levou uma pancada no rosto e precisou ser substituída. Aos 56 minutos, a zagueira Gilles, que jogou no ataque durante os minutos finais, marcou o gol da virada após pegar o rebote dentro da área. 

 Jogadoras canadenses comemorando a vitória sobre a França (créditos: reprodução/Canadá)

A tabela  

Com os resultados da rodada, a Colômbia roubou a liderança da França por conta do critério de saldo de gols. O Canadá é o terceiro lugar com zero pontos, mesmo sendo o único a vencer os dois jogos. Em caso de vitória sobre a Colômbia na última rodada, as canadenses avançam de fase de forma surpreendente após punição. Com duas derrotas, a Nova Zelândia tem chances remotas de classificação, pois depende de um triunfo diante da França e de combinações de resultados nos outros jogos. Já as francesas, enfrentam a equipe mais frágil do grupo para carimbar sua classificação. 

Grupo B 

Em jogo muito movimentado com 11 gols e virada histórica, a Austrália bateu a Zâmbia por 6 a 5 no Allianz Riviera, em Nice. As zambianas estiveram muito perto de conquistar sua primeira vitória em Olimpíadas após estar vencendo por 5 a 2 aos 12 minutos do segundo tempo, mas viram o feito escapar. Bárbara Banda, artilheira e capitã da Zâmbia, foi autora de três gols e uma assistência na partida. Aliás, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, ela marcou hat-trick contra a Holanda e contra a China. Os outros dois gols marcados pela Zâmbia foram anotados pela Racheal Kundananji. O destaque pelo lado australiano foi também da capitã Stephanie Catley. A lateral-esquerda foi responsável por marcar dois gols e dar duas assistências. Os outros gols da Austrália foram anotados pela Hayley Raso e pela goleira Musole, contra. A Austrália mostrou concentração e superação para reverter uma grande desvantagem dentro da partida e segue viva para buscar a classificação.  

 Michelle Heyman comemorando o gol que deu a vitória australiana (créditos: Raquel Cunha/Reuters)

Mostrando muita eficiência, Estados Unidos goleou a Alemanha por 4 a 1 no Orange Velodrome, em Marseille, e se classificou com uma rodada de antecedência. No jogo mais aguardado do Grupo B, o placar não representou o equilíbrio que era esperado entre o confronto das equipes. As americanas aproveitaram com grande excelência as oportunidades de gol e marcaram duas vezes com Sophia Smith, uma com Mallory Swanson, que chega a 3 gols nessa edição, e uma com Lynn Williams. As alemãs não mostraram a mesma efetividade que suas adversárias e perderam duas grandes chances. O gol marcado pela Alemanha foi da lateral-direita Giulia Gwinn. 

 Dunn e Hayes se cumprimentando após classificação dos EUA (créditos: reprodução/EUA)

A tabela 

EUA é líder isolado com 6 pontos e já classificado para as quartas de final. Alemanha e Austrália estão empatadas com 3 pontos, mas as alemãs levam vantagem no saldo de gols e asseguram a segunda colocação. A Zâmbia é a lanterna com a pontuação zerada. 

Grupo C 

Com um nível de desempenho muito abaixo, o Brasil levou uma virada impressionante nos acréscimos e perdeu para o Japão por 2 a 1 no Parc des Princes, em Paris. Como é habitual no seu modo de trabalho, Arthur Elias promoveu cinco alterações no time titular em relação à estreia, além da mudança forçada pela lesão de Tamires, que deu lugar a Yasmin na lateral-esquerda. A seleção brasileira começou com mais iniciativa, tendo mais posse de bola, mas pecou na criatividade e exigiu pouco da goleira Yamashita. O Japão jogou ao seu estilo, se defendendo e explorando a velocidade por trás da defesa adversária, sendo assim a forma que conseguiu incomodar o Brasil em dois lances perigosos. Aos 45 minutos, após toque de mão de Rafaelle dentro da área, foi marcado pênalti para o Japão. Para alívio brasileiro, Tanaka chutou fraco e Lorena defendeu a cobrança. Na volta do intervalo, o treinador brasileiro promoveu três substituições em busca da melhora da equipe no jogo. E as mudanças surtiram efeito logo aos 10 minutos da segunda etapa, quando o Brasil abriu o placar com participação direta das jogadoras que entraram. Ludmilla recebeu nas costas da marcação e tocou para Jheniffer fazer 1 a 0. Com esse resultado, a postura das equipes mudou. A necessidade da vitória fez com que as japonesas se mandassem para o ataque, cedendo espaços para o contragolpe do Brasil, que nesse momento estava montado em campo para isso. Os minutos finais do jogo foram de muita pressão e sufoco para as zagueiras brasileiras. Com o jogo perto do fim, já nos acréscimos, em outro lance de mão dentro da área, dessa vez de Yasmin, foi marcado mais um pênalti para o Japão. Na cobrança, Kumagai deslocou Lorena e empatou o jogo. Para piorar o cenário brasileiro, aos 50 minutos, após passe errado de Rafaelle na saída de bola, Tanikawa acertou um belo chute que encobriu a goleira adiantada e virou o jogo para as japonesas. Um balde de água fria para a seleção brasileira, que com a vitória se garantiria nas quartas de final. 

Jogadoras japonesas comemorando um dos gols da vitória contra o Brasil (créditos: reprodução/Japão)

Em jogo complicado, a Espanha venceu a Nigéria por 1 a 0 com um golaço decisivo de Putellas e garantiu presença na próxima fase dos Jogos Olímpicos. A partida ocorreu no Stade de la Beaujoire, em Nantes. Como era o prognóstico do jogo, a atual campeã do mundo foi dominante durante os 90 minutos, mas pecou nas conclusões das jogadas. A seleção espanhola teve 76% de posse de bola e finalizou 25 vezes. A Nigéria, que tem a defesa como ponto forte, conseguiu segurar o ímpeto espanhol por um bom tempo com sua boa marcação e as intervenções da goleira Nnadozie. Com a postura reativa, as nigerianas buscavam explorar as chances em velocidades nos contra-ataques. Nas duas melhores chances, os arremates foram bem defendidos pela arqueira espanhola. Com 7 minutos do segundo tempo, a Espanha marcou com Parajuello, mas após revisão do VAR, foi marcado impedimento na jogada, o que aumentou a angústia espanhola, que tinha grande volume de jogo, mas não conseguia abrir o placar. Aos 40 minutos, em cobrança de falta pela direita, Alexia Putellas surpreendeu a todos e bateu direto no gol, marcando um golaço para decretar a vitória e classificação da Espanha.  

 Putellas comemorando o gol da classificação espanhola (créditos: reprodução/Espanha)

A tabela 

A Espanha, com 6 pontos, é líder, já está classificada para as quartas de final. O Japão assumiu a segunda posição com a vitória sobre o Brasil, que fica em terceiro e vai brigar pela vaga na última rodada. A Nigéria é a última com 0 pontos. 

A última rodada será disputa na quarta-feira (31) e decidirá todos os classificados para as quartas de final. O Brasil decide sua vida contra a Espanha, às 12h (horário de Brasília), no Matmut Atlantique, em Bordeaux. Dependendo do placar, a seleção vai precisar de outros resultados para passar como um dos dois melhores terceiros colocados. 

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