_{(Foto Capa: divulgação/RioInnovationWeek)}

Por Arthur Líbero 

Um dos encontros mais aguardados da Rio Innovation Week 2024, foi o que reuniu Ailton Krenak, líder indígena recentemente nomeado como imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL), e a Monja Coen, líder espiritual e uma das principais difusoras do budismo no Brasil. O tema da conversa foi “Realidade e Resiliência: Perspectivas Budistas e Indígenas sobre o Mundo Contemporâneo”, que trouxe diferentes visões acerca da nova vivência e como a vida está cada vez mais mutável.  

A fila para assistir ao encontro de dois ícones brasileiros acabou dando a volta no entorno de todo o pavilhão Kobra. O bate-papo aconteceu no auditório RIW Talks, mas nem todo mundo conseguiu conferir o que a monja e o indigenista tinham para dizer. A grande quantidade de pessoas que não conseguiu entrar devido à pouca disponibilidade de lugares vagos, precisou ficar do lado de fora disputando lugar em pé para tentar ouvir e assistir todo o assunto que foi debatido.  

Para iniciar a conversa, a Monja convidou a todos para fazerem uma meditação reforçando essa prática como uma ferramenta importante para cultivar a consciência plena e a resiliência em tempos de grandes dificuldades. Ela também relembrou a necessidade de cuidarmos da nossa vida presente, “precisamos cuidar da vida, que é o agora. Essa experiência sensível que é estar viva”.  

Já Ailton Krenak, autor de livros como “Futuro Ancestral” e “Ideias Para Adiar o Fim do Mundo”, falou sobre a riqueza e a diversidade das trajetórias culturais que o encontro representava. Ele descreveu o momento como um “presente”, mencionando a natureza imprevisível das experiências que surgem quando as pessoas se abrem para conhecer histórias desconhecidas. “O encontro com a Monja é um desses presentes de quando nós nos abrimos para experiências incontroláveis, e esses encontros se movem em nossa direção”, disse ele. 

O indigenista destacou a necessidade urgente que existe para começar um processo de descolonização do pensamento e do corpo que, por anos, um chamado para que se repensem as estruturas e mentalidades herdadas que continuam gerando questões sociais como a opressão e a desigualdade, características da população brasileira atualmente.  

A conversa trouxe perspectivas budistas e indígenas se mesclando com conhecimento científico, o que só enriqueceu a compreensão dos participantes sobre a realidade, e sublinhou a importância de encontros interculturais como esse para fomentar uma visão mais ampla e integrada do mundo contemporâneo.  

Outro assunto abordado foi a generosidade, e como ela é necessária para que as pessoas recarreguem suas baterias e, assim, seguirem firmes com seus propósitos pessoais. O próprio encontro, inclusive, mostrou que a necessidade de conhecer a história de uma pessoa diferente, pode sim ser uma forma de generosidade, pois isso passa por entender a dor do outro e como é possível que cada um faça sua parte a fim do bem-estar de todos.  

O evento passou do horário e, no final, Krenak agradeceu a todos da platéia e, principalmente, aos que ficaram em pé do lado de fora tentando assistir o encontro inédito entre as pilastras que ficaram na visão do público.