Créditos: reprodução/Érika Oliveira
Por Rodrigo Saracista
É de conhecimento geral que a ciência do comportamento atua em inúmeras áreas, como em ambientes de trabalho, escolas, famílias e indivíduos. A zona de atuação mais debatida nos últimos anos foi a sua utilização nos esportes. A resistência com a psicologia está muitas vezes associada a um sinal de fraqueza ao buscar ajuda profissional, ainda sendo tabu em grande parte do Brasil. A seguir, temos o relato de um dos maiores goleiros do Brasil nos últimos anos sobre a participação de psicólogos no futebol.

Cássio, goleiro do Cruzeiro em entrevista exclusiva para ESPN: “É um fator muito importante hoje para o jogador profissional. Eu frequento psicóloga, fui na psiquiatra também porque chegou um momento que eu necessitava ir, tomo medicação. Acho que no meio do futebol a gente é meio preconceituoso nesse sentido. Hoje é muito importante a questão do psicólogo, é importante porque a gente passa por muitas coisas, e eu acho que cada vez mais é importante ter pessoas para ajudar, para gente poder falar. Eu, por muitas vezes, guardei muitas coisas para mim, conversava mais com a minha esposa, mas acho que é muito importante a gente ter ajuda de pessoas que são profissionais do assunto. E o futebol hoje mudou muito, questão de redes sociais, críticas, até mesmo elogios e, no contexto geral, acho que isso é muito importante, é uma evolução no futebol”
As áreas de atuação no esporte envolvem os de alto rendimento, amadores, projetos sociais e casos de reabilitação. O foco da psicologia nesses meios é aumentar o desempenho esportivo interferindo de forma positiva até conseguirem atingir o potencial máximo através de habilidades inerentes ao esporte. O aumento da confiança e motivação junto de concentração e foco afetam diretamente as performances, que podem ser determinantes para um melhor resultado, seja ele individual ou coletivo. Lidar de forma mais controlada com a ansiedade e situações de estresse são os maiores desafios quase todos os praticantes de qualquer tipo de esporte, que a psicologia busca atenuar de forma gradativa.

Vinícius Valiante, ex-psicólogo do Botafogo e atua atualmente em um CT de vôlei de praia: “A gente pode trabalhar atendendo atletas na clínica e instituições, tanto para o alto rendimento quanto em projetos sociais, também em escolinhas, não necessariamente lugares que tenham esse cunho de competitivo de rendimento, tanto nas categorias de base com adultos, idosos, em qualquer idade. Eu atuo atualmente tanto em um ginásio de Cheerleading, que é como se fosse uma ginástica coletiva, é um esporte competitivo que está crescendo muito e está pleiteando virar olímpico nos próximos ciclos. E com vôlei de praia em um centro de treinamento, sendo membro da comissão técnica. Infelizmente nesses dois lugares, diferente de um clube de futebol que tem mais estrutura e mais dinheiro, por exemplo quando eu trabalhei no botafogo, eu fazia parte de uma comissão multidisciplinar, com fisioterapeuta, massoterapeuta, roupeiros, preparador de goleiros, auxiliares técnicos, auxiliares de desempenho, preparadores físicos. Eu acompanhava os treinos, atendia os atletas individualmente, propunha dinâmicas de grupo, trabalhando em prol da saúde mental e dobem estar dos atletas, mas também sabendo que isso interfere diretamente ou indiretamente na performance dos atletas, envolvendo uma questão mais objetiva com a parte mental de um jogo ou apresentação da equipe, que é tão importante quanto a técnica, física, tática. As intervenções são feitas antes, durante e depois dos treinamentos em alinhamento com a comissão técnica”.
