Foto de capa/Reprodução: FreePick
Por João Mesquita
Desde os primórdios da evolução, tanto os australopitecos quanto o homo sapiens tinham uma coisa em comum: a alimentação. Para sobreviver no planeta, caçar era a principal atividade dos homens pré-históricos. A partir dela, a carne do animal era fonte de força, energia, vitalidade e satisfação para continuar vivendo com plenitude e com a longevidade que a época permitia. Quando o ser humano evoluiu e construiu a civilização contemporânea que conhecemos hoje, todas as suas atividades, antes feitas no mundo pré-histórico, mudaram, menos a alimentação. Inclusive, esta foi revolucionada.
A revolução alimentícia tem como características a facilidade de acesso ao alimento, além da criação de diversos pratos quimicamente mais complexos feitos para satisfazer cada vez mais o ser humano. A partir disso, hábitos nocivos à saúde começaram a ser cultivados. A infinidade de opções para se degustar e a facilidade assustadora para consegui-las afastou as pessoas do verdadeiro significado do que é se alimentar e os jogou em um limbo onde prazer e facilidade são as opções principais para se buscar. É nesse contexto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2025, 2,3 bilhões de adultos estarão acima do peso e 700 milhões estarão com obesidade.
O Dia do Nutricionista
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Para reverter esse quadro, a profissão da nutrição surge como um guia mestre, baseado em ciência, para realinhar a relação das pessoas com a comida. A função deste profissional é promover o bem-estar através da alimentação balanceada e a sua relação com a saúde. Pensando na relevância que estes profissionais têm, foi criado o Dia do Nutricionista. A data comemorativa, 31 de agosto, marca o nascimento da Associação Brasileira de Nutrição, uma sociedade sem fins lucrativos que promove, fortalece a formação e especialização do profissional e incentiva a pesquisa baseada em evidência científica.
Ao se consultar com um nutricionista, você pode criar um plano alimentar baseado nos seus objetivos e necessidades que irão fortalecer seu corpo e sua saúde. Além disso, o profissional se atenta lidar com casos especiais. Pessoas com intolerância a lactose, diabéticos e veganos, por exemplo, devem se consultar para receber um plano alimentar específico baseado nas limitações individuais para evitar problemas de insuficiência vitamínica, de macronutrientes e de digestão.

Para o cidadão médio, o nutricionista foca em disponibilizar um plano equilibrado com refeições ricas em fibras, proteínas e vitaminas. Um prato com salada, proteínas magras e carboidratos, adequadamente pesados, influenciam tanto da saúde mental e na energia do dia a dia. Bom humor, disposição, memória, funções cerebrais e controle emocional são alguns benefícios pouco valorizados e vistos dentro da busca pela alimentação saudável. A qualidade do alimento que se coloca dentro do corpo influencia diretamente no estado mental e físico do corpo, o que torna a inclusão de uma dieta balanceada imprescindível na rotina.
Guia de alimentação para a população brasileira
Para facilitar o entendimento sobre como se alimentar bem e quais atitudes tomar ao formar uma dieta balanceada, o Governo Brasileiro montou um guia nacional constituído por documentos baseados em evidências e orientações para formar políticas públicas e programas de nutrição. Neste guia, estão dicas sobre alimentação que buscam promover a saúde da sociedade brasileira demonstrando como elaborar um a dieta, seguidamente por quais alimentos escolher, como combiná-los, as melhores formas de comer e seus principais desafios.
Ele estabelece os princípios fundamentais que orientam suas recomendações, enfatizando que a alimentação é uma prática social e cultural que vai além da necessidade biológica, envolvendo prazer, identidade e sociabilidade. O guia inclusive destaca a importância da promoção da saúde e da prevenção de doenças por meio de uma alimentação adequada e saudável, que considera aspectos econômicos, sociais, regionais e culturais.

Além disso, ele orienta sobre a escolha consciente dos alimentos, recomendando que a base da alimentação seja composta por alimentos in natura ou minimamente processados, ricos em nutrientes e menos alterados. O consumo de alimentos processados, que passam por processos de conservação, deve ser moderado, enquanto os alimentos ultraprocessados, que contêm ingredientes artificiais e aditivos, devem ser evitados devido ao seu impacto negativo na saúde.
O guia ainda explora o processo de alimentação, destacando a importância de preparar alimentos em casa, o que permite escolhas mais saudáveis e reduz a dependência de produtos ultraprocessados. O ato de cozinhar é valorizado como uma prática que promove a saúde, o prazer e o controle sobre a alimentação. Comer é visto como um ato prazeroso e social, respeitando e valorizando as práticas alimentares tradicionais, que preservam a identidade cultural e promovem uma alimentação mais saudável e variada. É importante salientar a importância do consumo consciente, evitando tanto os excessos quanto as carências alimentares, e promovendo uma relação positiva com a comida.
Por fim, o guia reconhece as barreiras que podem dificultar a adoção de uma alimentação saudável, como o custo dos alimentos, a falta de tempo para cozinhar, a influência da publicidade de alimentos ultraprocessados e as pressões sociais. Para superar esses obstáculos, o guia sugere alternativas como priorizar alimentos da estação, planejar refeições com antecedência, envolver a família no preparo dos alimentos e adotar uma postura crítica em relação à propaganda.
Perigos de uma dieta desbalanceada

O desenvolvimento da alimentação na sociedade criou receitas mais atrativas para as pessoas. Contudo, a relação do homem com a comida entra em crise conforme a indústria do alimento processado evolui. O foco principal se torna o prazer e a saciedade, e não a busca por nutrir o corpo. Isso desencadeia uma série de doenças físicas e mentais nas pessoas que cada vez mais tem dificuldade de se desapegar de alimentos industrializados ricos em gordura saturada e sódio ou de planos alimentares desequilibrados ricos em carboidratos.
A cultura alimentar da sociedade é problemática e, em sua maioria, não segue as recomendações de nutricionistas por inúmeros fatores. É fato que hoje faltam informações corretas em torno de como se alimentar bem, assim como é caro na maioria dos países pagar para ter uma alimentação equilibrada. Mas somado a esses fatores, está a tendência de escolher alimentos ricos em carboidratos e gorduras por serem mais palatáveis e preterir folhas, sementes, vegetais que deveriam ser a base de qualquer prato. Somado a isso, a crise de sedentarismo mundial favorece o quadro de obesidade na medida que as pessoas não se exercitam e gastam a energia que comem vinda dos alimentos.
Como consequência, as pessoas começam a se tornar mais ansiosas, depressivas, com quadros mais avançados de diabetes, hipertensão, anemia, colesterol, insônia e transtornos alimentares. Ao não se alimentar com o mínimo de regras, o ser humano está colocando em risco sua saúde, diminuindo sua expectativa de vida e a qualidade de como se vive.

Nesse sentido, aderir na rotina uma dieta equilibrada se torna imprescindível para garantir qualidade e longevidade de vida. Por isso, o nutricionista se torna imprescindível na vida de cada cidadão ao oferecer planos alimentares específicos para cada um, baseados em estudos, que servem para potencializar a vida das pessoas.
