11 de setembro, o Dia do Árbitro Esportivo 

Foto de capa – 2022 World Cup. Créditos: reprodução/clamreport.com

Por Anna Alves e Esther Verta 

A ideia de árbitro surgiu no século XIX, no ano de 1868, porém essa figura atuava em segundo plano e não tinha autoridade absoluta. Ao longo do tempo, essa função se tornou uma profissão consolidada e extremamente necessária para a prática esportiva, seja profissional, seja amadora. Assim, em julho de 2007, foi criado o Dia do Árbitro Esportivo com objetivo de homenagear os que exercem a profissão. Ter essa data é essencial para que clubes, federações e torcedores reconheçam a importância desses profissionais, pois eles são a peça-chave no esporte. 

Os árbitros são responsáveis por garantir que as regras sejam seguidas e, dessa forma, promovem a justiça dentro do esporte. Embora devam intervir o mínimo possível no andamento do jogo, sempre que necessário, eles atuam como mediadores, influenciando, com suas decisões, nos resultados das partidas. A qualidade da arbitragem e sua competência impactam diretamente na credibilidade do esporte, garantindo que todos os atletas envolvidos joguem dentro dos limites estabelecidos. 

A segurança dos atletas também é um compromisso arbitrário. Por monitorarem o jogo de perto, eles devem identificar os comportamentos antidesportivos e que possam colocar a integridade física do competidor em risco. Isso mostra como essa profissão vai muito além do ato de apitar, pois, ainda que muitos torcedores contestem o preparo, para se tornar árbitro é preciso passar por um longo processo de capacitação, assumir uma série de responsabilidades e desenvolver habilidades e técnicas. 

Em entrevista exclusiva, o árbitro Idries Bukool explicou, com detalhes, esse processo de formação. 
“Tem um curso que se inicia todo ano, (…), tem várias matérias, desde línguas, nutrição, até as regras em si (…), tem estágio prático, (…), é realmente um curso de formação de arbitragem. Você fica ali durante o ano inteiro já se ambientando e entrando na formação de carreira. (…) Você faz o curso na escola de arbitragem, na EAFERJ – Escola de Arbitragem da Federação do Estado do Rio de Janeiro – (…), e após você fazer, você ingressa na DEAF, que é o Departamento de Arbitragem da Federação do Estado do Rio de Janeiro, que aí já é para os árbitros formados.” 

Idries Bukool em jogo do Campeonato Carioca Série A2. Créditos: Acervo pessoal.

Idries também conta que, do ponto de vista do profissional, atuar nessa área inclui diversos desafios que devem ser superados diariamente, como a falta de reconhecimento e incentivo. Além disso, o fato de não haver um calendário fixo de trabalho, dificulta que os árbitros possam estudar com mais cautela as equipes, campeonatos, posicionamentos, regras e outras funções. A vida pessoal também é prejudicada, pois devem se adequar à agenda instável. 

A pressão física e psicológica durante as partidas é outro fator prejudicial. Muitas vezes, essa pressão diante da arbitragem é tão intensa que atrapalha a sua funcionalidade, além de que, algumas críticas e cobranças ultrapassam os limites e chegam a casos lamentáveis de agressões. Bukool disse que, infelizmente, essas situações são muito comuns. Ele mesmo relatou já ter voltado de jogo escoltado, vivenciado tentativas de invasão no vestiário e até recebido ameaça de morte. 

A atualização constante das regras do esporte também influencia na rotina de um árbitro. Sujeito a diversas mudanças e inovações, o ambiente esportivo é muito flexível e cabe a eles se adaptarem a essas transformações para manterem o domínio e a qualidade do seu trabalho no mais alto nível.  
 
Mesmo com toda a burocracia envolvida na profissionalização dos árbitros, muitas polêmicas circundam a respeito de suas atuações, em qualquer modalidade esportiva. Mas as reclamações por parte de torcedores, clubes e da própria mídia aumentou de forma significativa após a chegada do VAR.  

A sigla VAR representa Vídeo Assistant Referee, que traduzido para o português, é conhecido como Árbitro Assistente de Vídeo. A função do VAR é analisar os lances do jogo através de computadores para ajudar o árbitro principal a tomar a melhor decisão em momentos duvidosos. Esse trabalho é realizado por meio de um sistema eletrônico que permite a comunicação dos árbitros durante a partida. 

No futebol, o árbitro de vídeo pode ser usado em algumas situações: gol irregular ou não dado, pênalti, cartão vermelho direto e cartão para o jogador errado. Já em outras ocasiões, como em marcação de faltas e segundo cartão amarelo, o VAR não pode entrar em ação.  

Antes de chegar ao futebol, o VAR já era utilizado em outros esportes como vôlei, basquete, futebol americano e tênis. No futebol, foi testado em 2016, porém, inserido apenas em 3 de março de 2018, aprovado pela International Football Association Board (IFAB) – órgão vinculado a FIFA e responsável pelas regras do futebol.  

A copa do mundo de 2018 foi o primeiro grande evento a utilizar esse tipo de arbitragem. Depois disso, as confederações nacionais começaram a incorporar o árbitro de vídeo gradualmente.  

Na teoria, o VAR tinha tudo para ser um facilitador durante os jogos, esclarecendo os lances e trazendo mais equilíbrio a eles. Entretanto, não é isso que acontece. A cada jogo, competição e temporada, o VAR é mais contestado, não só pelos torcedores dos times, mas pelos clubes e até mesmo pelos jornalistas esportivos. Idries considera o VAR uma ferramenta de auxílio muito importante, mas destaca que, para manter a sua eficiência, deve ser aprimorada constantemente, assim como acontece, por exemplo, na Inglaterra. 

A incerteza sobre o desempenho e a transparência do VAR é algo que está o tempo todo em pauta dentro do futebol. A falta de consenso entre os árbitros presentes na sala de vídeo e o árbitro de campo reforça isso, causando desconforto e, por vezes, influenciando nos resultados das partidas. Como árbitro de campo, Idries também relatou seu parecer quanto a esse fato. Para ele, já está estabelecido quando o VAR deve atuar, porém deveriam ser mais bem definidos os momentos em que ele não deveria ser utilizado, justamente para evitar conflitos entre as equipes de arbitragem e a insatisfação dos jogadores e torcedores. Dessa maneira, todos saberiam a qual árbitro se refere a resolução de um determinado lance. 

De fato, ser um profissional de arbitragem requer muito estudo, capacitação e cuidado. O árbitro precisa ser, ao mesmo tempo, minucioso e rápido nos lances durante o jogo. Também precisa ser flexível e se adaptar, facilmente, a constantes mudanças. Que o dia 11 de setembro não seja só lembrado e comemorado, mas sirva para homenagear essa parte tão significativa e necessária para todo esporte, que são os árbitros. 

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