O mundo dos efeitos especiais e caracterização no cinema brasileiro

Foto capa: Carlos Gabriel Toledo

Por Carlos Gabriel Toledo

Muito se engana quem pensa que a aplicação de sangue falso, maquiagem e próteses se limita apenas à produção de filmes e séries. Segundo profissionais da indústria, empresas especializadas nos sangrentos efeitos práticos também são contratadas para festas e outros tipos de eventos, além do audiovisual.

Jorge Allen, especialista em efeitos especiais da Mapinguari, e Tomas Gravina, maquiador de efeitos especiais pela MO Brasil, apresentaram a oficina “Efeitos especiais e caracterização” neste sábado (05), na RioMarket, evento que reúne os principais nomes do cinema brasileiro para uma série de conversas e debates sobre o mercado audiovisual no país e no mundo. Formado em Escultura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, Jorge trabalhou em longas-metragens, curtas, séries e videoclipes ao lado de Rodrigo Aragão (“A Mata Negra”) e Marco Dutra (“As Boas Maneiras”). Já Tomas, apesar de não ter formação na área, trabalhou com Kleber Mendonça Filho e Julia Resende. A dupla trabalhou em “Reality Z” (2020) e “Bom Dia, Verônica” (2022), que já estão disponíveis, respectivamente, no Globoplay e Netflix, além de “Sutura”, que estreia em novembro no Prime Video, e “O Agente Secreto”, com lançamento marcado para 2025 nos cinemas.

De inicio, Jorge e Tomas explicam que, diferentemente dos maquiadores convencionais, que trabalham para realçar a beleza ou suavizar traços, os profissionais de efeitos especiais têm, em muitos casos, o objetivo de remodelar completamente a aparência de uma pessoa, deixando alguém mais velho, mais novo, com aspectos monstruosos ou até alienígenas. O resultado é uma combinação de técnicas manuais, materiais específicos e uma gambiarra ou “dispositivos criativos” de vez em quando.

Durante a oficina, Jorge e Tomas mencionaram os trabalhos de Lon Chaney, também conhecido como “O Homem das Mil Faces”, por usar algodão e cola para criar deformidades faciais, e Jack Pierce, um dos maquiadores mais influentes durante a era de ouro dos filmes de monstros de Hollywood e criador do icônico design do Frankenstein de Boris Karloff e do Lobisomem. Já no Brasil, os principais nomes dos efeitos visuais são Rodrigo Aragão (“As Fábulas Negras”), Zé do Caixão (“À Meia-Noite Levarei Sua Alma”), Tayce Vale (“Bacurau”) e Marlene Moura (“O Auto da Compadecida”).

Apesar dos efeitos visuais serem conhecidos por fazer parte de filmes e séries, esse trabalho também é muito usado no teatro, em videoclipes, campanhas publicitárias e até em desfiles de escolas de samba. Com direito a demonstrações práticas bastante sangrentas, a dupla mostrou que os principais materiais usados para a confecção desses efeitos são látex, espuma, silicone e a técnica do uso de transfers (carimbos) para criar um efeito de cicatriz. Além disso, eles também comentaram sobre sangues falsos à base de açúcar ou farinha, bombas de ar para simular movimentos musculares e até explosões com cápsulas de CO2.

O RioMarket vai até o dia 13 de outubro, no Armazém 6 do Cais do Porto, próximo à Estação VLT Utopia Aquário, na Orla do Conde.

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