Foto Capa: reprodução/googoleimagens
Por Joana Rodrigues
“Ponte aérea” um filme dirigido por Julia Rezende, mesma diretora de várias séries e filmes de sucesso como “Meu passado me condena”, “De pernas pro ar 3”, “Coisa mais linda”, entre outros. Os trabalhos dessa diretora são bem característicos entre si, ela se atenta a dar um olhar cuidadoso para a mulher, mostrando a sedução e nudez sem tabus, de uma forma sutil e natural sem precisar usar do artifício de hipersexualizar ou objetificar o corpo da mulher.
A direção de fotografia é feita por Dante Belluti, que tem uma vasta experiência na aérea. Uns de seus trabalhos de maior destaque foram: a série “Todas As Mulheres do Mundo” e o longa-metragem “Se beber, não ceie – Especial Porta dos Fundos”. Ele também já realizou muitos trabalhos ao lado de Julia Rezende.

A história transita entre as duas cidades. São Paulo e Rio de janeiro, lugares completamente diferentes, mas que têm uma ponte aérea que os une. Essa transição fica marcada através da coloração do filme. As temperaturas de cores das luzes na imagem fotográfica do filme são marcantes, porque elas contextualizam as cidades em que Bruno e Amanda estão. A maioria das cenas passadas no Rio de janeiro são cores mais quentes e vivas como: vermelho, amarelo, laranja. Enquanto as cenas passadas em São Paulo têm uma composição de cores frias e acinzentadas.
O uso da luz atmosférica e da temperatura de cor na imagem fotográfica do longa como uma função conceitual, dá um contraste com as emoções dos personagens. É uma luz quase imperceptível, por não chamar atenção, não é uma luz extravagante, mas é uma iluminação que complementa a cena.
Os movimentos de câmera no filme são bem singelos e sutis. Não tem nada extravagante ou que chame muita atenção, mas é um formato bem usado, que fez o seu papel. Percebe-se o artifício do uso de uma câmera empática, que acompanha o tempo e o sentimento em que os personagens se encontram.
Um carioca chamado Bruno (interpretado por Caio Blat) e uma paulista chamada Amanda (interpretado por Letícia Colin) se conhecem casualmente e embarcam para uma paixão avassaladora, percebendo as diferenças de seus estados, costumes e ritmos. O roteiro, a fotografia e a direção de artes “brincam” com a perspectiva sobre os estereótipos dos dois estados, aplicando isso às características dos personagens principais.
Os atores se entregam ao papel e os personagens têm uma química sexual inegável. Os protagonistas têm seus conflitos internos, falhas, crises existenciais e eles vão amadurecendo ao decorrer do filme. Bruno tem um jeito mais calmo e é alheio ao mundo, enquanto Amanda é uma mulher antenada e está na maioria das vezes com pressa, porque sempre tem algum compromisso marcado. Mesmo que o visual do filme pelas cores mostre o Rio de janeiro como um lugar alegre e São Paulo como um lugar mais triste e solitário, os personagens se encontram em uma circunstância em que a mulher paulista está em uma situação feliz da sua vida, rodeada de pessoas, e o carioca está solitário, passando por momentos complicados em todas as aéreas da sua vida.
Um filme de romance e drama que reflete sobre as relações líquidas, em que as pessoas se abrem para o sexo, se entregam totalmente à paixão carnal, mas se fecham e se distanciam dos sentimentos mais profundos e verdadeiros.
