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Por: André Zamora
Origens das Baianas de Acarajé
As baianas de acarajé têm suas raízes profundamente entrelaçadas com a história do Brasil, remontando ao período colonial. O acarajé, um bolinho frito feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê, tem suas origens na culinária africana, trazida ao Brasil pelos africanos escravizados. Na África Ocidental, especialmente entre os povos iorubás, o acarajé é conhecido como “akara”.

As baianas de acarajé surgiram como figuras centrais na preservação e disseminação desta tradição culinária. Inicialmente, essas mulheres vendiam acarajé nas ruas de Salvador como uma forma de sustento, em um contexto onde as oportunidades econômicas para mulheres negras eram extremamente limitadas. Com o tempo, o ofício das baianas de acarajé se consolidou como uma profissão respeitada e essencial para a economia informal da Bahia.

O papel das baianas de acarajé vai além da venda de comida. Elas são vistas como símbolos de resistência e preservação cultural. Durante o período escravocrata, o acarajé também tinha um significado religioso, sendo oferecido em rituais do candomblé. As baianas, muitas vezes, eram também mães de santo, desempenhando papéis fundamentais nas comunidades afro-brasileiras.
No século XX, a figura da baiana de acarajé ganhou ainda mais destaque, especialmente com a crescente valorização da cultura afro-brasileira. Elas se tornaram ícones culturais, representando a força e a resiliência das mulheres negras. Em 2004, o ofício das baianas de acarajé foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), reforçando sua importância na identidade cultural do país.
As baianas de acarajé são verdadeiras embaixadoras da cultura baiana e brasileira. Elas não apenas preservam uma tradição culinária, mas também promovem a cultura afro-brasileira através de suas vestimentas tradicionais, que incluem o turbante, o pano da costa e as saias rodadas, além de seus conhecimentos sobre a história e os costumes de suas comunidades.
O acarajé, por sua vez, é mais do que um simples prato; é uma experiência cultural que conecta as pessoas com a história e a diversidade do Brasil. A presença das baianas nas ruas de Salvador e em outras cidades brasileiras é um lembrete constante da riqueza cultural do país e da importância de preservar e celebrar suas tradições.

Em suma, o Dia da Baiana de Acarajé é uma oportunidade para reconhecer e homenagear essas mulheres extraordinárias que, através de sua arte culinária e de sua presença cultural, continuam a enriquecer a tapeçaria cultural do Brasil. Celebrar essa data é celebrar a diversidade, a resistência e a beleza da cultura afro-brasileira.

