Humanity Summit 2024: Justiça Social em Foco 

Foto capa: Divulgação/Humanity Summit

Por Monique RodSan 

Entre os dias 17 e 20 de novembro, o Humanity Summit 2024 foi realizado pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro. Paralelo à agenda oficial do G20, o evento consolidou-se como um dos mais importantes fóruns globais sobre justiça social, inovação e diálogo intercultural. Com a participação de líderes, ativistas e especialistas de diversas partes do mundo, o summit trouxe à tona questões urgentes para a humanidade, reforçando o papel do Brasil como protagonista em discussões globais sobre inclusão e sustentabilidade. 

Realizado em dois locais emblemáticos — a Casa Zumbi (Fundação Casa Rui Barbosa) e o Futuros – Arte e Tecnologia —, o Humanity Summit foi estruturado em uma programação que incluiu palestras, painéis, performances culturais e oficinas, com temas que iam desde justiça racial até ação climática e equidade econômica. 

Desde sua criação, o Humanity Summit tem se destacado como um espaço de diálogo e ação coletiva. Fundado em 2019 pela organização global Muxima, o evento busca reunir vozes diversas para debater e propor soluções para os desafios globais. 

A edição de 2024 no Brasil teve como destaque o lançamento do Pacto da Humanidade, uma proposta colaborativa que visa promover justiça social e equidade, reformulando a governança global e priorizando processos democráticos e inclusivos. 

A programação incluiu momentos memoráveis que trouxeram reflexões profundas sobre os desafios enfrentados por comunidades marginalizadas e as estratégias necessárias para superá-los. 

Marcelle Chagas: Informação como Ferramenta de Justiça 

No painel “O Acesso à Informação como Pilar da Democracia”, Marcelle Chagas, coordenadora da Rede Jornalistas Pretos, destacou a importância de combater a desinformação e ampliar a representatividade na mídia. Segundo Marcelle, é essencial criar espaços que promovam narrativas periféricas, permitindo que vozes marginalizadas sejam ouvidas. 

Siyabulela Mandela: Descolonizar a Educação 

Bisneto de Nelson Mandela, Siyabulela Mandela reforçou a necessidade de descolonizar os sistemas educacionais globais. Ele enfatizou que a educação tradicional, muitas vezes baseada em paradigmas coloniais, não atende às necessidades das comunidades marginalizadas. 

“Precisamos criar sistemas educacionais que respeitem a ancestralidade e empoderem comunidades, rompendo com padrões de exclusão histórica.” 

Benedita da Silva: Políticas Públicas para Mulheres 

A ex-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, abordou o feminicídio no Brasil e a urgência de implementar políticas públicas que protejam as mulheres negras. Ela também destacou a importância de ensinar a ancestralidade afro-brasileira e indígena nas escolas, como forma de fortalecer identidades e combater o racismo estrutural. 

Luciana Barreto: Artes e Educação como Pilares da Liberdade 

A jornalista Luciana Barreto defendeu o papel das artes e da educação na promoção da liberdade e do pensamento crítico. Segundo ela, governos autoritários frequentemente atacam essas áreas por entenderem seu poder transformador. 

Grazi Mendes: Tecnologia e Inclusão 

Grazi Mendes, futurista e diretora de Diversidade na Thoughtworks, trouxe uma perspectiva inovadora sobre o papel da tecnologia. Ela destacou que, embora poderosa, a tecnologia nunca é neutra e que cabe aos criadores decidir se irão perpetuar desigualdades ou projetar futuros mais inclusivos. 

A edição brasileira do Humanity Summit aconteceu em dois espaços significativos: 

  • Casa Zumbi (Fundação Casa Rui Barbosa): Foco de debates sobre memória, identidade e empoderamento, o local abrigou o Palco Marielle Franco, onde foram realizadas palestras e performances culturais. 
  • Futuros – Arte e Tecnologia: Com oficinas interativas e exposições, o espaço explorou como arte e tecnologia podem colaborar para a construção de um futuro mais justo e sustentável. 

Além de promover discussões fundamentais, o Humanity Summit trouxe impactos diretos para o Brasil. Segundo a Embratur, o evento impulsionou o turismo internacional no Rio de Janeiro, com um aumento de 41% no número de voos internacionais entre os dias 11 e 20 de novembro, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, um estudo da Fundação Visit Rio revelou que os eventos do G20 injetaram cerca de R$ 432,5 milhões na economia do estado. 

O summit também reforçou o compromisso do Brasil em liderar agendas globais sobre justiça social, destacando iniciativas como o afroturismo e o turismo de base comunitária, que valorizam a cultura local e promovem inclusão social. 

O Humanity Summit 2024 deixou um legado importante ao mostrar que a colaboração e a inovação são fundamentais para enfrentar os desafios globais. Com um foco em justiça social e sustentabilidade, o evento reafirmou que o futuro será tão inclusivo quanto forem as ações de hoje. 

Foto gerada por I.A.

Um comentário sobre “Humanity Summit 2024: Justiça Social em Foco 

Deixe um comentário