Arena Pernambuco tem legado marcado pelo abandono 

Foto Capa: Reprodução/Conmebol

Por Ryan Leal

Com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a escolha de Recife como cidade-sede era natural. A capital do estado de Pernambuco conta com três grandes times de projeção nacional (Náutico, Santa Cruz e Sport) e todos eles com um grande estádio para chamar de seu (Aflitos, Arruda e Ilha do Retiro). Porém, mesmo construída em um estádio com uma tradição futebolística forte, a Arena Pernambuco é considerada por muitos o pior legado da Copa do Mundo de 2014. 

Ao contrário de casos como Mané Garrincha, Arena Pantanal e Arena da Amazônia, que foram construídos em estados sem uma cultura forte no futebol, a Arena Pernambuco representa uma situação peculiar e até intrigante ao ser tratada como o maior elefante branco da Copa de 2014 mesmo sendo de um estado que tem lugar marcado na história do futebol brasileiro. Mas quais são as razões para a Arena Pernambuco chegar aonde chegou? 

(créditos: reprodução/GettyImages)

Na época de planejamento da Copa, a FIFA considerou que nenhum dos três grandes estádios de Recife estavam aptos a receberem o Mundial por questões logísticas, como estacionamento e instalação de equipamentos. Sendo assim, o comitê organizador da Copa junto ao governo de Pernambuco decidiu construir um estádio na cidade de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana de Recife e a 19 km da capital. 

Junto ao estádio, havia a ideia de desenvolver o projeto “Cidade da Copa”, que tinha como intenção desenvolver a região que receberia a arena, com universidade, shopping center, centro de convenções, museu, hotel, teatro e conjunto habitacional. Por falta de investimento por parte dos governos estadual e federal, o projeto acabou ficando pelo caminho e não saiu do papel. 

(créditos: reprodução/Globo)

A Arena Pernambuco foi inaugurada em 2013 com capacidade para 46 mil pessoas. Além dos 5 jogos que recebeu da Copa do Mundo, também recebeu três partidas da Copa das Confederações um ano antes. Em 2011, sem o interesse de Santa Cruz e Sport, o antigo consórcio gestor do estádio assinou um contrato de 30 anos com o Náutico para a utilização do estádio depois de inaugurado. 

Construído em uma cidade com poucos habitantes e de difícil acesso para os torcedores da capital, a logística para mandar jogos na arena era muito complicada e acabou trazendo prejuízos ao Náutico após a realização da Copa do Mundo em 2014. Em 2016, o Timbu quebrou o acordo e retornou aos Aflitos, onde atua até hoje. 

(créditos: divulgação/Retrô)

A partir de então, com os principais clubes do estado utilizando seus próprios estádios, a Arena Pernambuco se viu diante do abandono e do desuso, além de representar um alto gasto mensal ao governo do Estado. Além do custo de R$450 mil de manutenção, também são pagos R$3,5 milhões por mês ao BNDES pelo financiamento de construção da arena (seu custo foi de R$532 milhões). 

Sem Náutico, Santa Cruz e Sport, o Retrô, clube da Série D do Campeonato Brasileiro passou a mandar jogos na arena em 2022, mas sempre com um baixo número de público. Em 2023, a média de público do estádio foi de apenas 1956 torcedores. 

(créditos: reprodução/Marlon Costa/Pernambuco Press)

Com as reformas na Ilha do Retiro, o ano de 2024 foi uma sobrevida para a Arena Pernambuco. O Sport passou a mandar os jogos no estádio até a 27ª rodada da Série B e fez a média de público saltar para 10559 torcedores por jogo na atual temporada. A partida entre Sport x Santa Cruz, pelo Campeonato Pernambucano de 2024 recebeu o maior público da história do estádio, com 45492 torcedores presentes, recorde que foi quebrado na final do estadual do mesmo ano, no empate de 0 a 0 entre Sport e Náutico. 

Além da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, a Arena Pernambuco já recebeu dois jogos da seleção brasileira pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Com o Sport retornando para a Ilha do Retiro, a administração do estádio tem o desafio de manter os bons números em 2025. A arena também foi eleita como sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2027.  

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