Créditos: Capa/Anna Alves
Por Anna Alves e Esther Verta
Fundada em 17 de dezembro de 1924, a Associação Atlética Portuguesa se originou nas mãos de cerca de 30 empresários e trabalhadores do setor de sacaria, responsáveis pela produção e venda de sacos para o transporte e armazenamento de produtos.
Inspirada na Portuguesa Santista e com uma forte influência de imigrantes portugueses, o clube carrega até hoje um vínculo com suas raízes lusitanas, além de uma forte tradição religiosa, marcada pela fé católica, que o acompanha desde a sua fundação. O atual presidente de honra, João Rêgo mantém viva essa religiosidade ao realizar, antes de cada partida, uma caminhada ao redor do campo com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, considerada a padroeira do clube.

Créditos: Foto/Anna Alves
Estádio
A primeira sede da Portuguesa foi na Rua Visconde de Itaúna, 201, no Centro do Rio. Entretanto, em 1964, após adquirir o terreno do antigo Jockey Club da Guanabara, o clube se deslocou para a Ilha do Governador. O novo estádio, que era originalmente um hipódromo, foi inaugurado em 2 de outubro de 1965 com uma partida entre Vasco e Portuguesa, que resultou na vitória do time visitante por 2 a 0, ambos os gols do jogador Zezinho, sendo o primeiro olímpico.
Conhecido como o “Estádio dos Ventos Uivantes”, devido aos ventos constantes da região, o campo se tornou um símbolo para a torcida. Em 2022, a diretoria do clube anunciou junto à Prefeitura do Rio, uma ampliação significativa da capacidade do local, passando de aproximadamente 5.000 para 16.000 lugares. Essa transformação contou com a doação das cadeiras da Arena do Futuro, que foi palco do handebol nas Olimpíadas de 2016. Com isso, o estádio da Portuguesa passou a ser o 4º maior da cidade do Rio de Janeiro, atrás apenas do Maracanã, Nilton Santos e São Januário, respectivamente.

Créditos: Foto/Anna Alves
Mascote
A mascote do clube, a Zebra, surgiu de uma famosa declaração do técnico Gentil Cardoso, em 1964. Ao ser questionado sobre as chances de vitória contra o Vasco, ele respondeu: “Vai dar zebra”, fazendo referência ao jogo do bicho, onde a zebra não existe. Desde então, essa figura se tornou um símbolo do time, representando o espírito de superação da equipe.

Créditos: Acervo pessoal/Mariana Zidan
Trajetória e conquistas
A Portuguesa é um clube de destaque no futebol carioca, com diversas conquistas ao longo da sua história. Um dos primeiros grandes títulos ocorreu em 1939, quando a equipe se consagrou campeã da Liga de Futebol do Rio. No ano de 1950, se destacou internacionalmente com uma excursão à França, onde ficou invicta em 11 partidas. Em 1956, derrotou o Real Madrid por 2 a 1 no Santiago Bernabéu, um feito histórico que ainda é lembrado com carinho pelos torcedores.
Na década de 1970, ícones do futebol brasileiro como Garrincha e Edvaldo Isídio Neto, famoso Vavá, jogaram pela Portuguesa. Garrincha, no final de sua carreira, vestiu a camisa do clube e disputou quatro partidas, enquanto Vavá marcou seu último gol profissional, também com a rubro-verde, em uma partida contra o América, no Maracanã.
Apesar de períodos difíceis, em que a Lusa ficou sem disputar competições oficiais, ela sempre se manteve presente no cenário carioca. Em 2000, o clube conquistou a Copa Rio, o primeiro título expressivo em décadas de existência. Já em 2003, a equipe foi campeã da Série A2 do Campeonato Carioca.
A década de 2010 foi marcada por uma sequência de desafios, mas também por algumas vitórias significativas. Em 2015, a Portuguesa obteve o acesso à Série A do Campeonato Carioca, após uma virada histórica contra o Americano, perdendo por 4 a 3 na partida da ida e vencendo por 5 a 1 na da volta. Na temporada seguinte, conquistou a classificação para a quarta divisão do campeonato nacional. Em 2016, o clube foi novamente campeão da Copa Rio.
Recentemente, em 2021, obteve o terceiro lugar no Campeonato Carioca, com um desempenho notável, perdendo apenas uma partida para os grandes do Rio, na ocasião, o Fluminense. Entretanto, a última grande conquista da Portuguesa foi em 2023, quando o time conquistou a Copa Rio pela terceira vez, reafirmando sua força no futebol carioca.
Entre os títulos mais importantes da história do clube, destacam-se:
- 3x campeã da Copa Rio (2000, 2016, 2023);
- 5x campeã do Campeonato Carioca A2; (1939, 1940, 1996, 2000, 2003)
- Taça Santos Dumont (2015);
- Copa Rubro-Verde (2018, 2019);
- Torneio Ivan Drumont (1996);
- Torneio Internacional Brasil-Angola (2002);

Créditos: Foto/Esther Verta
Curiosidades
A Ilha do Urubu
Em 2017, o Flamengo precisava de um estádio para mandar os jogos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, já que o Maracanã estava sob concessão do consórcio que administrava o estádio e o valor do aluguel era um obstáculo para o time. A Portuguesa aceitou ceder sua casa para o rubro-negro, estabelecendo um acordo com o Flamengo, que ficou com o estádio por um período. O nome “Ilha do Urubu” foi adotado por conta da ilha em que o estádio está localizado e como uma forma de associação ao clube, já que o urubu é a mascote que representa o time.
Durante o período em que o Flamengo jogou na Ilha do Urubu (2017 a 2018), o time obteve alguns bons resultados, o que fez com que a relação com o estádio fosse vista de maneira positiva pela torcida. Em jogos importantes, como nas fases finais da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, a Ilha foi palco de vitórias significativas. A pequena capacidade do estádio não impediu que a atmosfera dos jogos fosse eletricamente intensa, com a torcida rubro-negra criando um ambiente extremamente quente e apaixonado.
No entanto, o Flamengo não permaneceu na Ilha do Urubu por muito tempo. Em 2019, o clube voltou a jogar no Maracanã, após a assinatura de um novo contrato com o consórcio que administra o estádio, e a Portuguesa voltou a ser a principal ocupante do Estádio Luso-Brasileiro.

Créditos: Reprodução/Flamengo RJ
Luso-Brasileiro como casa do Botafogo
O Botafogo também teve sua história ligada ao Estádio Luso-Brasileiro, embora com efeitos diferentes do Flamengo. O clube alvinegro mandou seus jogos na Ilha do Governador em uma situação de necessidade, entre os anos de 2016 e 2017.
O Botafogo também teve dificuldades em relação ao Maracanã durante aquele período. O estádio estava em processo de administração compartilhada entre o consórcio Maracanã e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), o que resultou em altos custos para os clubes mandarem seus jogos lá. O Botafogo viu-se forçado a buscar alternativas para disputar suas partidas no Rio de Janeiro. Além disso, o clube alvinegro estava passando por um período de reestruturação financeira e precisava reduzir os gastos, o que o levou a procurar um local com menor custo de operação, que ainda mantivesse boas condições de jogo.
Durante o tempo em que o Botafogo mandou seus jogos na Lusa, o clube manteve a característica de comprometimento com sua torcida. No entanto, a experiência no estádio da Ilha do Governador não teve tanto apelo quanto o Maracanã. Com a capacidade reduzida e a localização distante de algumas regiões da cidade, muitos torcedores não acompanharam presencialmente os jogos.
O Botafogo usou o Estádio Luso-Brasileiro durante o Campeonato Carioca de 2016 e parte de 2017. No entanto, a situação começou a mudar após o clube conseguir um acordo para voltar a realizar as suas partidas no Estádio Nilton Santos (Engenhão), que tinha sido reformado para os Jogos Olímpicos de 2016 e estava novamente disponível. A partir de meados de 2017, o clube retornou ao Nilton Santos, onde tradicionalmente manda seus jogos até hoje.

Créditos: Reprodução/Ilha Notícias
O centenário da Portuguesa Carioca vai muito além de um simples marco de 100 anos de história. Representa, na verdade, uma grande celebração do clube e de tudo o que ele é para o bairro da Ilha do Governador. Ao longo das décadas, a Lusa não foi apenas um time de futebol, mas se tornou um verdadeiro símbolo de identidade e orgulho para os moradores da região. A cada partida e a cada conquista, a Portuguesa reforça seu papel como um clube competitivo e como a alma do bairro, sendo um time que representa um pedaço da história, das raízes e do orgulho de quem vive na Ilha.
