Foto Capa: João Campos, Eduardo Paes e Ricardo Nunes. Foto: Arquivo pessoal (créditos: reprodução/Arquivo Pessoal)
Por Ryan Leal
Diante do iminente fim de 2024, o Em Todo Lugar traz uma retrospectiva das eleições municipais realizadas no Brasil em 2024. De acordo com o TSE, mais de 122 milhões de eleitores de 5569 municípios no país foram às urnas escolher os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de suas respectivas cidades.
O ano eleitoral ficou marcado pela nacionalização da acirrada disputa pela prefeitura de São Paulo e das consequências que os resultados desta eleição podem ocasionar em 2026. Os partidos do centrão também se destacaram ao vencerem em mais da metade das cidades do país.
Veja a seguir um apanhado dos principais destaques das Eleições de 2024 no Brasil:
São Paulo

Conhecida por historicamente ter a sua eleição nacionalizada, a capital paulista teve a sua maior disputa eleitoral desde a redemocratização, com Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) sempre empatados nas pesquisas.
As eleições na cidade ficaram marcadas por ser a primeira vez que Pablo Marçal concorria a um cargo público. Mesmo sem tempo de TV, o ex-coach foi o principal destaque do 1° turno, em razão das suas aparições irreverentes nos debates e do seu forte uso dos meios digitais para alavancar sua campanha. O candidato teve as suas redes sociais suspensas duas vezes pela Justiça Eleitoral, sendo a primeira após a acusação de abuso de poder econômico pelo pagamento de apoiadores para editar e difundir cortes de vídeos de Marçal nas redes sociais em um esquema envolvendo mais de cinco mil perfis, e a segunda após a postagem de um laudo falso no Instagram que acusava Guilherme Boulos do uso de drogas.

O resultado do 1° turno foi o mais apertado da história da cidade, com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos avançando para o 2° turno com o mesmo percentual de votos válidos e apenas 25 mil votos de diferença. O candidato do MDB teve 29,48% dos votos válidos (1.801.139), enquanto Boulos teve 29,07% (1.776.127). Logo atrás, Pablo Marçal terminou em terceiro lugar com 28,14% (1.719.274), sendo a menor diferença da história entre os segundos e terceiros colocados.
Contando com o apoio do governador do estado de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Ricardo Nunes foi reeleito no 2° turno com larga vantagem, conquistando 59,35% dos votos válidos (3.393.110), enquanto Guilherme Boulos ficou com 40,65% (2.323.901).
Rio de Janeiro

Na capital fluminense, o pleito foi decidido logo no 1° turno, com a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD), que venceu com 60,47% dos votos válidos (1.861.856) e desbancou os deputados federais Alexandre Ramagem (PL) e Tarcísio Motta (PSOL), que eram os principais concorrentes de acordo com as pesquisas eleitorais.
O candidato do PSD contou com uma coalizão de 12 partidos em torno de sua candidatura e do apoio do presidente Lula (PT). A eleição ficou marcada pelo grande número de lideranças do município que decidiram apoiar Paes com o intuito de formar uma frente ampla contra o bolsonarismo, representado por Ramagem, que tinha o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como seu principal cabo eleitoral.
Eduardo Paes é o candidato com mais vitórias na história da prefeitura do Rio de Janeiro, são 4 no total. Além de 2024, o prefeito também se sagrou vitorioso em 2008, 2012 e 2020. Assim que começar seu quarto mandato, Paes se tornará o nome mais longevo a ocupar a função, desbancando o seu padrinho político César Maia, que governou a capital do estado por três mandatos entre os anos 1990 e 2000.
Recife

Na capital pernambucana, João Campos (PSB) foi reeleito no primeiro turno, com 78,12% dos votos válidos (725.721 votos). Após uma eleição disputadíssima em 2020, derrotando Marília Arraes (Solidariedade) no 2° turno, o filho do ex-governador Eduardo Campos contou com o apoio da prima neste pleito para garantir a vitória com mais facilidade em 2024.
A vantagem expressiva sobre seus adversários fez João Campos despontar como uma das principais jovens lideranças do campo progressista no Brasil, já sendo cotado para a disputa do governo de Pernambuco em 2026. O prefeito de Recife tem 31 anos e antes de ocupar o cargo no executivo foi deputado federal do estado entre 2019 e 2021.
Porto Alegre

Atingida pelas fortes enchentes no mês de maio, a capital gaúcha reelegeu Sebastião Melo (MDB) para mais quatro anos de mandato. O prefeito contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e derrotou a deputada federal Maria do Rosário (PT) no 2° turno.
Segundo o TSE, Melo recebeu 61,53% dos votos válidos (406.467 votos), enquanto a candidata do PT ficou com 38,47% (254.128 votos). A vice-prefeita eleita foi Betina Worm (PL), a primeira mulher a ocupar o cargo na cidade.
Belém

Na capital do Pará, Igor Normando (MDB) foi eleito em disputa no 2° turno contra o Delegado Eder Mauro (PL). O atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) não conseguiu repetir o mesmo sucesso da eleição de 2020 e ficou em terceiro lugar.
Igor recebeu 56,36% dos votos válidos (421.485 votos), enquanto o candidato do PL ficou 43,64% (326.411 votos). O candidato vencedor contou com uma aliança de nove partidos para garantir a vitória.
A cidade paraense está em evidência no cenário nacional por ser a sede da COP 30, que será realizada em novembro de 2025. No discurso após eleito, Igor Normando afirmou que o foco do primeiro ano da sua gestão seria em concluir as obras do evento climático.
Domínio do centrão

Os partidos do centrão dominaram os resultados das eleições para prefeito em 2024. As quatro siglas que mais elegeram representantes pertencem ao campo político, que são elas: PSD, MDB, PP e União Brasil. O PSD, de Gilberto Kassab, foi o partido com mais vitórias, foram 885, desbancando o MDB, de Baleia Rossi, que elegeu 853. Foi a primeira vez em mais de 20 anos que o MDB foi superado por outra legenda em número de prefeitos eleitos.
Partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL foi o partido de direita com mais prefeitos eleitos, totalizando 516 nomes ao longo do país. Na esquerda, o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, teve o melhor desempenho, vencendo em 309 municípios.
Veja a quantidade de vencedores por legenda em todos os municípios do país:
- PSD: 887
- MDB: 856
- PP: 747
- UNIÃO: 583
- PL: 516
- Republicanos: 433
- PSB: 309
- PSDB: 273
- PT: 252
- PDT: 151
- Avante: 136
- PODE: 127
- PRD: 76
- Solidariedade: 62
- Cidadania: 33
- Mobiliza: 21
- NOVO: 19
- PC do B: 19
- PV: 14
- REDE: 4
- AGIR: 3
- DC: 2
- PMB: 2
- PRTB: 1
Nas capitais do Brasil, PSD e MDB mantiveram o domínio. Cada partido elegeu cinco prefeitos dentre as 26 capitais. Em segundo lugar, PL e União Brasil empataram com quatro cada um.

Veja a quantidade de vencedores por legenda nas capitais do Brasil:
- PSD: 5
- MDB: 5
- UNIÃO: 4
- PL: 4
- PODE: 2
- PP: 2
- Republicanos: 1
- PSB: 1
- Avante: 1
- PT: 1
Os vereadores mais votados

No legislativo, o candidato a vereador com mais votos no Brasil foi o influencer Lucas Pavanato (PL), que concorreu na cidade de São Paulo e recebeu 161.386 motos. O segundo mais votado foi Carlos Bolsonaro (PL), que concorreu no Rio de Janeiro e quebrou o próprio recorde de vereador mais votado da capital fluminense, recebendo 130.480 votos.
Em terceiro lugar ficou Ana Carolina Oliveira (PODE), mãe de Isabella Nardoni, criança que foi morta pelo pai e pela madrasta no ano de 2008. Ela concorreu em São Paulo e recebeu 129.563 votos.
Maior colégio eleitoral do país, São Paulo teve 9 dos 10 vereadores mais votados no Brasil. Veja o top-10 abaixo:
- Lucas Pavanato (PL): 161.386 votos
- Carlos Bolsonaro (PL): 130.480 votos
- Ana Carolina Oliveira (Podemos): 129.563 votos
- Dr. Murillo Lima (PP): 113.820 votos
- Sargento Nantes (PP): 112.484 votos
- Amanda Paschoal (PSOL): 108.654 votos
- Rubinho Nunes (União Brasil): 101.549 votos
- Luna Zarattini (PT): 100.921 votos
- Luana Alves (PSOL): 83.262 votos
- Dra Sandra Tadeu (PL): 74.511 votos
* Todos os dados dessa matéria foram retirados do TSE *
