Brasileiros com Síndrome de Down se destacam na natação 

Foto de Capa: Reprodução/CBDI 

Por João Gabriel Vasconcellos 

21 de março marca as comemorações do Dia Internacional da Síndrome de Down. Neste dia, a comunidade mundial se mobiliza a favor da causa, conscientizando a população e quebrando estigmas e preconceitos. No esporte, os nadadores brasileiros com Down estão chamando cada vez mais atenção pelos resultados nas mais variadas competições. 

No último Trisome Games, os Jogos Mundiais para pessoas com Down, os brasileiros subiram diversas vezes ao pódio na natação. A disputa, realizada em março de 2024, em Antália, na Turquia, teve como destaque o atleta Caíque Aimoré, que conquistou oito medalhas, entre elas quatro de ouro nas provas 50m nado peito e 50m, 100m e 200m nado livre. Com essas medalhas, o nadador de 31 anos e natural de Mogi das Cruzes chegou a 55 pódios na história do certame e garantiu o inédito heptacampeonato nos 100m livre.  

Caíque Aimoré e suas medalhas.
Créditos: Reprodução/Arquivo pessoal 

Outra brasileira que chamou a atenção nas piscinas foi Kelly Antunes, que subiu ao terceiro lugar do pódio quatro vezes nos 50m borboleta, 200m medley e 50m e 200m peito. Além disso, as brasileiras dominam o quadro de recordes da Organização Internacional para Nadadores com Síndrome de Down (DSISO) nas Américas e aparecem bem colocadas nos quadros mundiais, principalmente na categoria Senior 2, destinada a atletas com 35 anos ou mais.  

Os nadadores também vêm conquistando espaço e ficando em evidência nas competições universitárias. Em 2022, o maranhense Davi Hermes se tornou o primeiro atleta com Down a conquistar uma medalha de ouro na história dos Jogos Universitários Brasileiros, o JUBs. E não satisfeito ele repetiu a dose no ano seguinte, levando o bicampeonato. No último JUBs, disputado em Brasília, Davi arrematou mais cinco medalhas, sendo três ouros nas provas de 200m livre, 100m borboleta e 50m borboleta.  

Davi Hermes com suas conquistas no JUBs 2024 – Divulgação 

Apesar das muitas conquistas, esses atletas ainda encontram barreiras na natação paralímpica. Nos Jogos Paralímpicos de Paris, disputados também no último ano, nadadores com Down não atingiram o índice classificatório para garantir sua participação. Competindo na S14, destinada a atletas deficientes intelectuais, eles acabam tendo condições desiguais aos outros atletas por conta de suas comorbidades físicas, como a hipotonia, dificuldades respiratórias, frouxidão ligamentar e a dificuldade de equilíbrio. Especialista em crianças com Down, a psicopedagoga Regina Gontijo elucida sobre essa questão, “Podem ter alterações ortopédicas da cabeça aos pés. Na verdade, eles vão ter alterações no corpo todo apenas por ter mais um cromossomo”. 

Para que os bons resultados conquistados se mantenham, Regina ainda alerta sobre a questão alimentar, fator crucial para a saúde das pessoas com Down, principalmente os atletas, “Como eles têm um estresse oxidativo maior, eles precisam de uma alimentação mais balanceada”. 

Seja nas piscinas universitárias ou em campeonatos mundiais, os resultados recentes causam expectativa por mais medalhas, pódios e recordes quebrados, trazendo esperança de que o nome do esporte brasileiro siga sendo levado aos lugares mais altos das mais variadas competições. 

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