Foto capa: Reprodução/Canva
Por Clara Avidago
O pão francês é uma marca da culinária do Brasil. Seu consumo, hoje, transcende divisões de classe ou origem: em muitas famílias, o alimento está presente no cotidiano de forma quase ritualística. Do café da manhã em casa aos acompanhamentos em restaurantes, ele faz parte do dia a dia dos brasileiros.
No Brasil, o setor de panificação segue em constante expansão. De acordo com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), até meados de junho de 2024, mais de 21,3 mil novas padarias foram abertas, cerca de 130 novos CNPJs foram gerados por dia. Entre todas as opções do mercado, o pão francês é o mais consumido em todas as regiões do país.
Conhecido também como pão de sal, pão de massa grossa, pão de carioquinha, cacetinho, filão, pão jacó, pão careca, pão aguado ou pãozinho, o produto típico é uma metáfora da própria formação da identidade brasileira. A sua origem está mais próxima do que se imagina, contrariando o que seu nome sugere: na verdade, ela se deu aqui mesmo, no Brasil. No dia 21 de março, celebra-se o Dia do Pão Francês, data que reforça sua importância cultural e gastronômica no país.

Os portugueses foram os responsáveis por introduzir o pão no Brasil. O primeiro registro sobre o consumo desse alimento por um brasileiro aparece na carta de Pero Vaz de Caminha, quando as naus portuguesas trouxeram o pão para o território indígena. Até então, a dieta dos povos nativos era baseada principalmente na mandioca e em outros alimentos da região, o que fez com que o produto europeu não fosse bem recebido pela população local. Durante o período colonial, o pão foi popularizado ao longo do tempo, especialmente entre a classe colonizadora e, mais tarde, nas grandes cidades.
No final do século XIX, a elite brasileira, influenciada pela Belle Époque, retornava de suas viagens à França. Com o objetivo de recriar a baguete francesa, essa inspiração foi levada aos padeiros brasileiros. Com as adaptações, como ingredientes locais e métodos de preparo, o resultado foi diferente do esperado, criando assim o pão francês: miolo macio e claro, além de uma casca fina, dourada e crocante.
Como muitos elementos do país, o pão francês é, na sua essência, resultado de influências externas que foram transformadas em algo genuíno. Ele foi reinventado, ganhando características próprias: ficou mais leve, mais crocante, mais alinhado ao jeito brasileiro. E, assim, tornou-se parte da cultura, encontrando lugar nas mesas de todo o país.
