Sorrir é resistir! O dia em que a Sapucaí virou um circo  

Por Bernardo Magno

Em 2020, o Acadêmicos do Salgueiro levou o enredo “O Rei Negro do Picadeiro’’ em homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil. Benjamin Chaves era seu nome de batismo, nasceu em Pará de Minas, interior de Minas Gerais, em 11 de julho de 1870, filho do capitão do Mato Malaquias Chaves e de Leandra de Jesus, mulher escravizada. 

Benjamin começou sua vida circense aos 12 anos de idade, fugindo dos castigos do pai e foi acolhido pelo circo Sotero. A chegada do menino ao circo foi representada na comissão coreografada por Sérgio Lobato, intitulada ‘’Beijo o picadeiro da ilusão’’, a coreografia era feita em cima de um tripé representando o circo Sotero.  

O primeiro casal de mestre sala e porta bandeira Marcella Alves e Sidcley Santos usou a fantasia ” o circo chegou’’. Na apuração, o casal mais uma vez gabaritou quarenta pontos nos quatro módulos de julgadores.  

Um dos poucos problemas apontados na transmissão da Rede Globo, foi com a evolução dos elefantes que estavam a frente do chassi da alegoria principal pois eram movidos pela força humana e não por motores. O que fez com tivesse uma maior dificuldade de se manter uma evolução harmônica, dessa forma abriu-se um buraco. 

Créditos: Leandro Milton

O desfile passou pela vida de Benjamin com a segunda alegoria representando o picadeiro, o lugar no qual passava a maior parte do tempo. As fantasias viajaram pelos elementos tradicionais do circo, o equilibrista, o domador de animais, o malabarista. 

A Furiosa bateria teve pelo seu segundo ano a regência dos mestres irmãos Guilherme e Gustavo Oliveira, “crias” da bateria Furiosinha da Aprendizes do Salgueiro, escola mirim. Os ritmistas vieram fantasiados de Tarô Cigano, pois Benjamin teve ligação com o povo cigano quando saiu do circo Sotero e parou em um acampamento cigano, povo que também é ligado à atividade circense. 

Além de palhaço, Beijo como era apelidado pelo pai também foi instrumentista, cantor, compositor, autor, diretor e ator  

Dirigiu e atuou em espetáculos como: “Peri, O Guarany” em homenagem à obra “O Guarani”, de Machado de Assis, além disso também estrelou no teatro com a ópera “A Viúva Alegre – A opereta” e a peça “O cupido do Oriente”. 

A quinta e última alegoria do desfile, “Milhões de Benjamins”, mostrando o legado do artista para milhares de jovens negros que a partir de sua história decidiram seguir o caminho no mundo circense. 

Créditos: Fernando Grill/RioTur

A escola terminou a apuração em 5° lugar, com 269 pontos, atrás seis décimos da campeã Unidos do Viradouro. Décimos esses que foram perdidos no quesito samba-enredo, levando dois 10, dois 9.9, um 9.7, 9.8 e 9.9, lembrando que a maior e a menor foram descarta

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