Foto capa: Marco Antônio Cavalcanti
Por Bernardo Magno
O carnavalesco Cid Carvalho elaborou o enredo “Cuiabá: Um Paraíso no Centro da América” inspirado no livro “Esperando o Trem – Sonhos e esperanças de Cuiabá” de Fernando Tadeu de Miranda Borges, livro que analisa o projeto ferroviário da capital Mato-Grossense, sonho da população que nunca foi atendido. Para o desfile, Cid Carvalho separou a “Estação” Primeira de Mangueira e a “estação” de Cuiabá por 7 paradas.

O maior momento de expectativa do desfile ficou por conta da bateria “Surdo Um” do mestre Aílton, que desfilou com duas baterias. Uma de verde representando os maquinistas desse trem e a outra de rosa representando os cozinheiros da culinário Cuiabana, combinadas, 498 ritmistas tocaram o ritmo mangueirense. A justificativa do presidente da época, Ivo Meirelles, foi que a harmonia dentro do ensaio técnico e do desfile oficial eram diferentes. Segundo ele isso se ocorreu à precária captação e distribuição do som nos ensaios pré-carnavalescos.
A comissão de frente foi coreografada por Marcelo Chocolate, que representou a chegada dos bandeirantes paulistas para a construção da estrada de ferro, além da lenda de que quem come a cabeça de um Pacu, não sai mais de Cuiabá.
O casal de mestre sala e porta-bandeira Raphael Rodrigues e Marcella Alves entrou com uma fantasia nas cores da escola, intitulada “Mangueira, a estação primeira”. Na apuração o casal gabaritou nos quatro módulos. O abre-alas da escola representou a primeira estação para essa viagem, sendo o próprio morro da Mangueira intitulada “O morro com seus barracões de zinco: Mangueira estação primeira”
Já no segundo setor “A estação Eldorado” contou sobre a chegada dos bandeirantes paulistas as terras cuiabanas que ao chegar imaginaram estar no Eldorado perdido, ao ver a fauna e a flora local. Nos setores “Estação mitos e lendas”, “Estação arte e sabor” e “Estação festa de Santos” respectivamente terceiro, quarto e quinto setor, Cid Carvalho se debruça pela cultura cuiabana. Como o Boitatá, o Tinambaré: O pássaro encantado, o Pacu, o artesanato dos povos originários e africanos, além do o Zé Bolo Fo, que foi um vendedor de bolos pelas ruas da cidade que também escrevia seus poemas e ficou conhecido. O quinto setor fechou com a coroação de São Benedito e as Sinhazinhas de São João.
Para equilibrar as duas baterias, a Mangueira contou com quatro intérpretes, dois em cada bateria. Luizito e Zé Paulo Sierra com a bateria verde, Ciganerey e Agnaldo Amaral, que veio do Carnaval de São Paulo, com a bateria rosa. Os intérpretes da primeira bateria ficaram em cima do carro de som oficial enquanto os da bateria 2 desfilaram no chão, com uma alegoria com o símbolo da escola como carro de som. Na hora de trocar o ritmo feito pelas baterias, o presidente Ivo Meirelles tinha um bastão que ao ser levantado indicava ao mestre Aílton, aos intérpretes, ao diretor musical Alemão do Cavaco e aos ritmistas que estava na hora da troca.
Ao longo de desfile é possível ver uma evolução lenta da escola conduzida pelos diretores de harmonia, a escola levou 4000 componentes em 48 alas e sete alegorias, sem contar os quase 500 componentes somando as duas baterias. Uma escola com muitos componentes, mas que não fez jus a eles. Uma clara demonstração disso é que com uma hora de desfile as duas baterias estavam entrando no segundo recuo com 22 alas e 3 carros para ainda passarem ao final da pista. Algo que só foi percebido como problema justamente faltando 22 minutos para o fim do desfile, que pelo regulamento era permitido de tempo máximo 1 hora e 22 minutos.

Para completar todo o problema com o tempo, com 1 hora e 24 minutos de desfile, ou seja, com o tempo já ultrapassado em 2 minutos, a escultura da libélula no último carro “sustentabilidade a bola da vez, a vitória vida” prendeu na torre dos radialistas, fazendo com que a escola ficasse parada mais três minutos e fechando o desfile com 1 hora e 28 minutos, perdendo 6 décimos na apuração.
Ao final da apuração, a Mangueira terminou na oitava colocação com 296,5 pontos.
