Foto capa: Fotógrafo Wigder Frota
Por Bernardo Magno
Após o vice em 2009 para o Salgueiro por um ponto, a escola decidiu pela renovação da comissão de carnaval, composta por Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada. A escola recebeu apoio do governo brasiliense, no valor de R$ 3 milhões, para a confecção do desfile em homenagem aos 50 anos da fundação do Distrito Federal. Com esse apoio, a escola desenvolveu o enredo “Brilhante ao Sol do Novo Mundo, Brasília: Do Sonho à Realidade, a Capital da Esperança”.
A abertura da escola veio com a comissão de frente, coreografada por Ghislaine Cavalcanti, que representou o momento em que, segundo a oralidade, uma dádiva foi concedida por Dom Bosco, um sacerdote italiano do século XIX: aquelas terras deveriam ser a mais nova capital brasileira — junto a um beija-flor, símbolo da escola. A comissão foi intitulada “Dádivas Concedidas pelo Criador num Sonho Divinal”.
Em seu décimo quarto ano seguido como primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do GRES Beija-Flor de Nilópolis, Claudinho e Selminha Sorriso representaram “O Olhar de Jaci”, que, na mitologia tupi, é a deusa da Lua, protetora dos amantes e da reprodução. Ao contrariar o deus Tupi, ela foi condenada a permanecer eternamente no céu sob a forma de lua, formando um lindo luar no Lago Paranoá. O Abre-Alas representava justamente o olhar de Jaci no lago, com o nome “O Nascer do Mito Goyás – O Reflexo do Amor nas Águas do Paranoá”.

O primeiro setor da escola representou o paralelo entre a capital brasileira e a cidadania de Aketaton, no Egito Antigo, pois ambas as cidades foram planejadas em planos-pilotos e demoraram quatro anos para serem construídas. Isso foi representado na primeira alegoria: “Aketaton – Ergueu-se no Egito a Fonte de Inspiração”.
No momento seguinte do desfile, a “azul e branca de Nilópolis” abordou o início de Brasília antes do plano-piloto de Oscar Niemeyer. As fantasias foram desenvolvidas a partir dos povos originários que já viviam ali, como os Avás-Canoeiros e Javaés.
Um detalhe curioso nesse setor é que apenas uma parte das baianas participou da ala, pois a escola dividiu o grupo em duas partes: uma representando “As Arrebatadas Minas de Ouro dos Índios Goyazes”, que viviam nas nascentes do Rio Vermelho (e que, entende-se, foram possivelmente extintos com a chegada do bandeirante Anhanguera);
A outra parte representou os horrores do bandeirantismo na região, com o nome: “Anhanguera – O Desbravador Rasga o Coração da Mata”.
Após os horrores dos bandeirantes, Brasília se viu na urgência por um novo futuro, e isso foi proposto na Inconfidência Mineira de 1789, com a ideia de mudança da capital do litoral para o interior do país, a fim de se desenvolver mais essas regiões — nesse caso, seria São João del-Rei, no interior de Minas Gerais.
A bateria “Soberana”, em sua estreia sendo comandada pelos mestres Rodney e Plínio, batucou com a fantasia “A Supremacia dos Dragões da Independência”, representando o Primeiro Regimento de Cavalaria de Guarda.
A quarta alegoria, “Missão Cruls – A Natureza em Sua Essência é Revelada”, representou que, em 1891, o presidente Marechal Floriano Peixoto organizou uma expedição liderada pelo astrônomo Luís Cruls, que constatou a existência de lobos-guará, veados-campeiros e cupins — considerados compositores do cerrado.
Para finalizar o desfile, a comissão de carnaval decidiu representar a construção de Brasília, a partir da visão de Juscelino Kubitschek (JK) e de Sarah Kubitschek, como um projeto de futuro para aquelas terras. Os candangos chegam para povoar e trabalhar na nova capital nacional. A alegoria foi intitulada “O Desabrochar da Flor – Capital pelas Mãos de JK”.
Nos setores seis e sete, a escola abordou a Brasília cultural dos dias de hoje, com a Catedral, o Palácio Nacional e os artistas brasilienses.

No final da apuração, a Beija-Flor terminou em 3° lugar, com 299,2 pontos, apenas sete décimos atrás da campeã Unidos da Tijuca.
