Guerreiro e Bamba, Negro em Movimento! 

Foto capa: Richard Santos/ RioTUR 

Por Bernardo Magno

A comissão de frente coreografada por Márcio Moura representava o “Rito tribal de Aclamação”. O coreógrafo tenta mostrar a força do povo preto e que é possível um jovem preto e periférico de Salvador se tornar um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira como foi o Antônio Pitanga.  

Rodrigo França e Cintya Santos estavam no segundo ano como primeiro casal de Mestre Sala e Porta-Bandeira da Unidos do Porto da Pedra e foram o único casal a gabaritar o quesito no carnaval de 2018. Em 2019, o casal representou o Reino de Daomé no atual território de Benin, local em que Pitanga ao visitar se sentiu em casa e disse que pelas semelhanças físicas era dali que seus antepassados viriam.  

No primeiro setor do desfile, a escola fala do começo de Antônio Pitanga, que foi batizado na Igreja do Rosário dos Pretos Forros, em Salvador. Seu primeiro emprego foi de carteiro como bem representado na ala “O Primeiro Ofício”. 

A primeira barreira quebrada pelo ator foi no Clube Euterpe de Teatro em que pessoas pretas não eram aceitas a atuar e ele foi o primeiro negro a atuar no clube. A primeira das muitas barreiras quebradas por ele. 

O segundo movimento foi intitulado “O cinema” e mostra os principais filmes em que ele atuou como “Bahia de todos os Santos’’ e “O pagador de promessas”, filme de 1962, no qual o ator ainda usa o sobrenome artístico Salgado, por ser o seu de batismo.  Neste filme, fez o personagem “Pitanga” que ficou tão atrelado ao ator que a partir daí ficou conhecido como Antônio Pitanga. Além do filme “A grande feira”, onde representava o diabo, pois o personagem de Pitanga era o bandido “Chico Diabo”. 

Comandada pelo Mestre Pablo, que veio fantasiado de Benedita da Silva, mulher de Antônio Pitanga e ex-governadora do estado do Rio de Janeiro, a bateria Ritmo Feroz tirou na apuração duas notas 10 e um 9.9 e outro 9.9 que foi descartado. A segunda alegoria, “O quilombo de Pitanga”, representava o primeiro filme em que o ator foi protagonista, “Barravento”, de 1962. 

Foto: Agência O Globo

O último Setor, “Rio de Janeiro”, representa a chegada de Pitanga às terras cariocas, suas lutas políticas pelo maior espaço do negro na dramaturgia, o encontro com Cartola, benemérito da Mangueira, e o amor do ator pela Estação primeira, que levou ao intercâmbio dos desfiles das escolas do Rio para as escolas de San Juan na Argentina. Na última alegoria, o homenageado, aos 79 anos, vinha saudando o público e com sorriso de não esconder a sua felicidade em ser homenageado pela Porto da Pedra.  

Foto: Marcos Serra Lima/ G1

Na Apuração a Porto da Pedra terminou na terceira colocação com 268,2 pontos, somente atrás da campeã Estácio de Sá com 270 e da Acadêmicos do Cubango com 269,5 pontos.  

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