Foto capa: Reprodução/IPHAN
Por Laryssa Leite
O Brasil celebra em 30 de junho o Dia Nacional do Bumba Meu Boi, manifestação cultural profundamente enraizada na história e na identidade do país. A data foi oficializada pela Lei n.º 14.555, sancionada em 2023, mas o reconhecimento da importância dessa tradição já vem de longe. Em 2019, o Bumba Meu Boi foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, reforçando seu valor não apenas para o Brasil, mas para o mundo.

Foto: IPHAN – Edgar Rocha
Nascido do encontro entre as culturas indígena, africana e europeia, o Bumba Meu Boi mistura teatro popular, música, dança, religiosidade e elementos do imaginário nordestino. A narrativa gira em torno do casal de personagens populares Pai Francisco e Mãe Catirina. Ela, grávida, deseja comer a língua do boi mais querido do fazendeiro. Francisco, para atender ao pedido da esposa, mata o animal. A partir disso, desenvolve-se uma trama que envolve a morte e a ressurreição do boi, geralmente acompanhada por médicos, pajés e figuras folclóricas em uma grande encenação coletiva.
Apesar de ter forte ligação com o estado do Maranhão, o Bumba Meu Boi também está presente em estados como Piauí, Pará, Amazonas, Pernambuco, Ceará e até em regiões do Centro-Oeste. No Maranhão, a manifestação se organiza em diferentes estilos conhecidos como sotaques. São cinco principais: matraca, zabumba, baixada, costa de mão e orquestra. Cada um possui características próprias nos instrumentos, nas músicas, nas vestimentas e na forma de dançar, mostrando a riqueza e a diversidade cultural mesmo dentro da própria tradição.
Grupo Sotaque de Matraca
O sotaque de matraca se caracteriza pelo som estridente das matracas, que em conjunto com os pandeirões, maracás e tambores onça, dão ritmo e arrastam uma multidão de apaixonados pela cultura popular maranhense por avenidas, ruas e arraiais durante o período junino.

Os pandeirões do boi de matraca. Foto: Divulgação/Governo do Maranhão
Grupo Sotaque de Zabumba
De todos os sotaques de bumba meu boi, o de zabumba talvez seja o que mantém com mais originalidade a influência africana e açoriana nas apresentações.

Zabumbas usadas na apresentação dos grupos de bumba meu boi. Foto: Divulgação
Grupo Sotaque de Baixada
O sotaque da Baixada, ou sotaque de Pindaré, originado na porção norte do estado – em municípios como São Bento, Cajari, Monção e Viana –, traz singularidades estéticas nas vestimentas e nos instrumentos utilizados por seus brincantes.

O prestígio do Cazumbá é diferenciado, com funções específicas dentro dos ritos. Foto: Reprodução/TV Mirante
Grupo Sotaque Costa de Mão
Originário da região de Cururupu, no litoral Noroeste do Maranhão, o bumba meu boi sotaque de costa de mão tem raízes do período da escravidão e não tem a mesma fama dos outros sotaques. Ainda assim, é um símbolo cultural que permanece transmitindo sonoridades e apresentações que não se encontram em nenhum outro lugar do mundo.

Bumba Boi do sotaque de Costa de Mão. Foto: Divulgação/Fundação Palmares
Grupo Sotaque Orquestra
Caçula dos sotaques e misturando sons de diversos instrumentos à raiz da brincadeira de Bumba Meu Boi, aos poucos o sotaque de orquestra foi conquistando adeptos e se tornando um dos mais apreciados por maranhenses e turistas.

Boi de Axixá é um dos principais bois de orquestra do Maranhão Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís
As celebrações acontecem, principalmente, entre os meses de junho e agosto, integrando o ciclo das festas juninas. Durante esse período, centenas de grupos se apresentam nas ruas, praças, terreiros e arraiais, movimentando comunidades inteiras em torno da fé, da arte e da alegria popular.
