Por que a comida de avó parece tão saborosa? 

Foto Capa: Pedro Cândido

Por Pedro Cândido

No dia 26 de julho, quando celebramos o Dia da Avó,  entre as muitas memórias que envolvem avós, uma das mais marcantes são os pratos de comida feitos em casa com muito carinho. O som da panela de pressão, o alho fritando no azeite, a toalha de mesa com florzinhas, o prato fundo esperando o feijão, tudo fazia parte do ritual. 

É como se no universo das avós, comida não é só sustento, é cuidado, tempo e presença. E talvez por isso a comida de avó pareça sempre mais gostosa. Essa relação entre comida e afeto se traduz em pratos que muitos reconhecem de longe. Como a feijoada feita com calma, em panela grande, com arroz branco soltinho, couve refogada com alho, no final, não era só comida, era um pretexto para reunir a família. 

Nos bairros da Zona Norte, nos subúrbios e nas comunidades, era comum ver receitas como angu com miúdos, rabada com agrião e mocotó. Essas comidas “de sustância”, como se dizia, eram feitas com partes menos nobres, mas levavam horas de preparo e muito cuidado. Já nas casas da Zona Sul, pratos como empadão de frango, arroz de forno com tudo que tinha na geladeira e fricassê com batata palha faziam parte dos pratos das avós, sempre com um toque pessoal que fazia toda a diferença. 

Existe explicação para comida de avó ser tão boa? 

Existe sim uma explicação científica para isso, a neurociência mostra que memória afetiva e paladar estão profundamente ligados. Quando comemos algo associado a momentos felizes ou a pessoas que amamos, o cérebro ativa áreas ligadas ao prazer e à emoção. Em outras palavras, a comida da avó nos conforta porque carrega sentimentos, não apenas sabores. 

Quando você sente um cheiro ou prova um sabor associado à infância, o cérebro ativa regiões como o hipocampo, relacionado à memória, e a amígdala cerebral, ligada às emoções. Isso significa que a comida da avó não é só comida, ela é um gatilho direto para lembranças de afeto, segurança, rotina e amor. Especialmente na infância, período em que essas conexões sensoriais e emocionais se formam de maneira intensa. 

Deixe um comentário