Foto capa: Reprodução/X (@CopaAmerica)
Por João Gabriel Vasconcellos
A Colômbia é a primeira finalista da Copa América. Apesar do favoritismo de véspera, as Cafeteras encontraram uma Argentina bastante disposta a competir e buscar a vaga para a final, que não vem desde 2006, quando se sagraram campeãs na única vez em que o Brasil foi derrotado na história. As argentinas viram seu sonho parar muitas vezes nas mãos de Kathe Tapia. A goleira colombiana viveu grande noite na segunda (28/07), fechando o gol no primeiro tempo e defendendo uma cobrança nas penalidades, saindo com o prêmio de melhor em campo do gramado do Estádio Rodrigo Paz Delgado, em Quito. Do lado argentino, destaque para a grande partida de Florencia Bonsegundo e da goleira Solana Pereyra, sobretudo na segunda etapa. O empate em 0x0 no tempo regulamentar indica bem como foi a partida, com um primeiro tempo marcado pela dominância albiceleste e um segundo tempo com a Colômbia comandando as ações. Nos pênaltis, a trave foi responsável por definir a vaga colombiana, que vem pela segunda vez consecutiva. Novidade a partir dessa fase de semifinais, o VAR ainda apareceu em duas oportunidades, uma em cada tempo, causando reclamações, principalmente do lado das Cafeteras. Apesar do jogo de dois tempos, os números indicam uma superioridade para a Colômbia: 62% de posse de bola, 4 a 1 em grandes chances criadas, 16 a 10 em finalizações e 404 a 253 em passes trocados, com 5 defesas da goleira argentina contra 3 da colombiana.
1º tempo

Contrariando as previsões iniciais, a Argentina foi melhor por boa parte da primeira etapa. Levando perigo desde o início, principalmente em chutes de longa distância as albicelestes, com destaque para Florencia Bonsegundo e Yamila Rodríguez, pararam na boa atuação da goleira Kathe Tapia, que terminou os primeiros 45 minutos com três boas defesas. Na melhor chance, aos 9 minutos, Yamila recebeu de Daiana Farfán pela direita e saiu cara a cara com Kathe Tapia, que foi muito bem no lance. O cenário mudou um pouco a partir dos 30 minutos, quando Mayra Ramírez e Linda Caicedo conseguiram ter mais espaço para gerar jogo. A camisa 9 colombiana, inclusive, conseguiu duas boas faltas, a segunda na meia lua da área. Entretanto, a melhor chance das Cafeteras veio dos pés de Valerin Loboa, já nos acréscimos. A atacante ficou com a sobra após bate-rebate e finalizou dentro da pequena área, parando na goleira Solana Pereyra. No mesmo lance, as colombianas reclamaram de pênalti, em toque no braço de Catalina Roggerone, porém o VAR entendeu movimento natural e a árbitra Ivana Projkovska mandou seguir. 0x0 no placar e equilíbrio nos números: 57% de posse de bola para a Colômbia, contra 43% para a Argentina, uma grande chance criada para cada lado, seis a seis em finalizações para as duas equipes, porém com mais defesas para a goleira colombiana (três, contra duas da arqueira argentina). Nos passes, vantagem para as Cafeteras, 194 a 145.
2º tempo

A etapa final começou de forma completamente oposta do que foi a primeira metade da partida. Com a Colômbia disposta a dominar as ações, Loboa recebeu de Leicy Santos, invadiu a área e parou mais uma vez na goleira Solana Pereyra, em lance ocorrido aos 46 minutos. Loboa, inclusive, não esteve em noite muito inspirada. Substituída aos 75 minutos, a camisa 21 teve outras duas boas oportunidades, mas não conseguiu dominar a bola, desperdiçando as chances. Melhor por boa parte do primeiro tempo, a Argentina não conseguiu repetir a atuação e viu sua adversária ser muito superior na segunda etapa, sem oferecer grandes riscos. A Colômbia seguiu dona do jogo e, entre boas oportunidades e faltas perigosas cobradas por Catalina Usme, levou perigo à meta argentina. Já chegando perto do fim, as duas equipes se lançaram mais ao ataque, controlando os riscos para não sofrerem o gol que seria derradeiro àquela altura. Do lado albiceleste, uma falha na saída de bola colombiana quase gerou uma chance incrível, porém a defesa se recuperou no lance e evitou o que seria fatal. Já do lado das Cafeteras, Linda Caicedo recebeu lançamento e tentou encobrir Solana Pereyra, mas o chute saiu fraco. Pouco antes do apito final, ainda houve tempo para polêmica. Em boa jogada pela esquerda, Manuela Pavi costurou a defesa argentina e sofreu a falta dentro da área. A árbitra mandou seguir, mas foi ao VAR assim que a bola parou. O pênalti seria marcado, mas foi detectado um toque no braço da camisa 7 colombiana, o que anulou o lance e deu a posse para a Argentina, em decisão contestada do lado tricolor. A Colômbia ainda teria mais uma chance, em cabeçada de Carabalí, que parou nas mãos de Solana Pereyra. Igualdade sem gols mantida e a decisão da vaga na final foi para as penalidades. Nos números, a evidente superioridade da equipe de Ángelo Marsiglia: 67% de posse de bola, três grandes chances criadas (contra nenhuma da Argentina), 10 finalizações colombianas, que resultaram em três defesas de Solana Pereyra, contra apenas quatro das argentinas, e 209 a 108 nos passes trocados.
Pênaltis

Nas penalidades, a qualidade das cobradoras foi destaque. As goleiras tiveram dificuldades para acertar os cantos e muitas cobranças deslocaram as goleiras ou foram indefensáveis. Usme abriu as cobranças e colocou a Colômbia na frente. Solana Pereyra até adivinhou o canto, mas não conseguiu chegar. Bonsegundo empatou para a Argentina, em bola de rasteira no meio que coroou a grande atuação da camisa 15 argentina. Na sequência, Carabalí e Pavi converteram para as colombianas e Braun para as argentinas. Na terceira cobrança da Argentina, Kathe Tapia defendeu a bola a meia altura de Paulina Gramaglia, colocando as Cafeteras na frente. Contudo, logo após a defesa, Mayra Ramírez chutou forte no travessão e Aldana Cometti marcou, empatando mais uma vez. Na quinta e última cobrança, a responsabilidade ficou nos pés da juventude, que deu conta do recado. Linda Caicedo, de 20 anos, deslocou a goleira e Kishi Nuñez, de 19, quase parou em Tapia, mas converteu seu pênalti e levou para as alternadas. Logo na primeira série, a definição veio. Wendy Bonilla converteu para as tricolores. Já a experiente Eliana Estabile, de 34 anos, tirou demais de Tapia e parou na trave. 5×4 e Colômbia com a vaga para a final.
Como fica?

Com a classificação, a Colômbia chega a sua segunda final consecutiva na competição e mantém vivo o sonho da primeira conquista, a grande meta das comandadas de Ángelo Marsiglia. Além disso, as colombianas ainda garantiram vaga nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 2028. Já a Argentina ficou mais uma vez sem a tão sonhada vaga para a final e a chance do bicampeonato, ambas conquistadas pela última vez em 2006. As albicelestes agora disputam o 3º lugar, que vale vaga para os Jogos Pan-Americanos de Lima de 2027. As duas seleções aguardam o jogo entre Brasil e Uruguai, na terça-feira (29/07), às 21h (horário de Brasília), para conhecerem suas adversárias. A partida terá transmissão do SporTV e da TV Brasil.
