Foto Capa: Divulgação/Instagram/Césinha
Por Ellen Abreu
Aos 35 anos, Césinha carrega uma das trajetórias mais singulares e inspiradoras do futebol brasileiro fora do eixo tradicional. Enquanto a maioria dos jovens talentos do Brasil sonha com a Europa, o meia-atacante traçou seu próprio caminho. Desde 2016, quando desembarcou na Coreia do Sul, ele nunca mais saiu. Hoje, é lenda viva do Daegu FC, clube que enfrentou em um amistoso de prestígio contra o Barcelona, na segunda-feira (4/8).

Em entrevista exclusiva, Césinha falou com emoção sobre o duelo contra os gigantes espanhóis, “olha, foi realmente maravilhoso saber que íamos fazer um amistoso contra o Barcelona. Poder ver de perto ídolos que só vemos na TV é surreal. É uma oportunidade única, espero aproveitar cada segundo em campo”.

Mesmo veterano, o camisa 10 confessa se encantar com os craques que irá enfrentar,
“não tem como não falar de Raphinha, Yamal, Pedri, Gavi e Lewandowski. São esses os jogadores que admiro e paro pra ver o Barcelona jogar”.

O Brasil ficou para trás
Césinha passou por diversos clubes no Brasil antes de cruzar o continente e escrever sua história na Ásia. Quando questionado sobre um possível retorno ao futebol brasileiro, a resposta é direta, “pra ser sincero, não me vejo voltando. Pretendo encerrar minha carreira na Ásia, de preferência no clube que estou atualmente”. E completa com uma análise sincera sobre as diferenças entre os estilos de jogo, “na minha visão, o futebol brasileiro é mais cadenciado, com menos contato físico. Os times gostam mais da posse de bola e de aproveitar os espaços. Já o futebol coreano tem muito contato, menos posse e mais transição da defesa pro ataque”.

Um legado construído com suor
Em quase uma década defendendo o Daegu FC, Césinha não é apenas um nome constante na escalação, ele é ídolo, referência e símbolo de identidade do clube.
“Desde minha primeira entrevista aqui em 2016 com a camisa do Daegu FC já falei que não queria ser só mais um jogador, queria fazer história! Mas nunca imaginei o quão grande seria essa história. São 10 anos no mesmo time, me tornar ídolo no clube e no país é maravilhoso. Mostra o quanto valeu cada esforço meu dentro de campo. Sou muito realizado aqui”.

Além da idolatria, Césinha viu sua própria carreira evoluir. O jogador explica que foi na Coreia do Sul que encontrou seu melhor posicionamento em campo, “no Brasil eu atuava mais pela ponta esquerda. Quando cheguei aqui em 2016 ainda joguei pelas pontas, mas logo virei um meia ofensivo, jogando mais pelo meio. Foi aí que tive mais sucesso, e é onde atuo até hoje”.
Ele também destaca o crescimento do futebol local, “o campeonato coreano evoluiu muito nesses 10 anos. Hoje, considero a K-League a liga mais difícil da Ásia. Te exige muito e, a cada ano que passa, leva mais torcedores aos estádios”.

Escolha certa
Ao contrário de muitos que veem com estranhamento a escolha por uma liga “menos visada”, Césinha não tem dúvidas de que fez a melhor opção, “agradeço muito a Deus por ter feito a melhor escolha da minha vida, que foi vir para a Coreia do Sul. Hoje sou um jogador realizado aqui. Tenho ótimos números, conquistas com a camisa do Daegu FC e sou muito respeitado no país. Então, o que eu poderia querer mais, não é?”, fala sorrindo.

E a idade?
Mesmo com 35 anos, o meia se recusa a encarar o fim da carreira como algo próximo. Confiante, Césinha fala com maturidade sobre as críticas que surgem com o tempo, “a idade chega pra todo mundo, né? E com ela vêm algumas críticas e dúvidas. Mas acredito que ainda estou na minha melhor fase. Hoje, não preciso provar mais nada pra ninguém, mas estou diariamente provando pra mim mesmo que ainda consigo fazer a diferença. Me cuido muito, treino muito e tenho uma autocrítica forte. Não me deixo abalar”.

Na segunda-feira, Césinha teve mais um capítulo importante a escrever em sua longa história no futebol asiático, mesmo com uma derrota, a partida em si já é parte da história. Diante do poderoso Barcelona, o brasileiro não representou apenas o Daegu FC, mas também um modelo de carreira que desafia o padrão, com identidade, propósito e paixão.
E na Coreia do Sul, Césinha já não é apenas mais um jogador brasileiro. É ídolo, símbolo e, acima de tudo, inspiração.
