Foto capa: Escola Superior Cerveja e Malte
Por Pedro Cândido
Origem da cachaça
A cachaça surgiu entre os séculos XVI e XVII, através do trabalho de escravos nos engenhos de açúcar. O caldo de cana era fermentado nos tachos de cobre e acabou passando por destilação. O sabor da bebida era forte, aromática e marcante.
Os primeiros nomes da cachaça era “aguardente de cana” ou “aguardente da terra” e se espalhou rapidamente pelas regiões do Nordeste e Sudeste. Os primeiros alambiques artesanais nasceram nessas fazendas, onde os métodos de produção foram sendo aperfeiçoados com o passar do tempo.
O nome “cachaça” tem várias teorias de origem. Uma delas diz que vem de “cachazo”, o caldo fermentado da cana usado para alimentar porcos. Curiosamente, aquilo que era visto como algo de menor valor acabou virando um dos símbolos mais fortes da nossa identidade.
O dia 13 de setembro ocorreu o fim da Revolta da Cachaça (1660–1661), quando no Rio de Janeiro, os produtores locais se rebelaram contra os altos impostos cobrados por Portugal. No dia 13 de setembro de 1661, a coroa portuguesa reconheceu oficialmente a fabricação e venda da bebida. A partir dali, a cachaça se consolidou como produto genuinamente brasileiro.
Popularização da cachaça
Durante séculos, a cachaça foi associada às camadas mais populares da sociedade, como escravizados, garimpeiros e trabalhadores rurais. O preconceito contra a bebida existiu por muito tempo.
A imagem e reputação da cachaça mudou no início do século XX, quando surgiu a caipirinha em São Paulo, por volta de 1918. A mistura de cachaça, limão, açúcar e gelo, criada inicialmente como um remédio caseiro contra a gripe espanhola, acabou conquistando bares e restaurantes e se tornou cartão de visita da cachaça para o mundo.
Nos anos 1960, marcas como 51, Pitú e Velho Barreiro investiram em publicidade e distribuição nacional. Isso ajudou a cachaça a deixar de ser vista como “bebida de operário” e começou a ganhar espaço também nas mesas da classe média e alta.
O reconhecimento internacional chegou mais tarde, principalmente a partir da década de 1990, com a valorização da produção artesanal. A cachaça passou a ser tratada como produto premium, entrando em competições, coleções e até cartas de bebidas sofisticadas no exterior.
Cachaça atual
Hoje a cachaça é o terceiro destilado mais consumido do planeta, atrás apenas da vodka e do soju coreano. Só em 2023, o Brasil produziu cerca de 226 milhões de litros, sendo a maior parte concentrada no Sudeste. Minas Gerais lidera o número de produtores cadastrados, seguida por São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina.
O setor também cresce em variedade: só em 2024, mais de 1.400 novas marcas surgiram no mercado. A grande maioria da produção (87%) ainda fica no consumo interno, mas a exportação tem aumentado e ajudado a difundir a bebida pelo mundo. No mercado, convivem as marcas tradicionais, como 51 e Velho Barreiro, e as cachaças artesanais, cada vez mais presentes em bares especializados e restaurantes de alta gastronomia.
