Conheça o Gondwana FC, projeto que une o poder da bola e a magia da câmera com a arte de contar histórias 

Foto capa: Gondwana FC

Por Igor Serrano

“A bola é uma língua universal”, afirma a jornalista, fotógrafa, educomunicadora e documentarista brasileira, Mônica Saraiva. Com este conceito em mente, ela, ao lado do educador social chileno, ex-atleta de futebol e bacharel em Direito, Sebastián Acevedo Vásquez, fundou, em 2020, o projeto pedagógico Gondwana FC (Futebol e Cultura) com o intuito de promover treinamento de habilidades para a vida valorizando as origens de cada um, da América Latina a África. 

Foto: Gondwana FC

O nome escolhido, Gondwana, remete ao supercontinente que existiu entre 550 e 100 milhões de anos atrás e que reuniu 65% das massas continentais, incluindo América do Sul, África, Austrália, Antártica. Ou seja, por mais difícil que possa ser de imaginar, em um passado distante já fomos todos um só continente. Onde essas semelhanças ancestrais se conectam hoje em um mundo com distâncias gigantescas? Foi o que o documentário ‘Gondwana, a bola conecta’ buscou responder. 

Foto: Gondwana FC

Lançado em 2021, e exibido no tradicional festival Cinefoot, a obra foi resultado de uma viagem de Mônica e Sebastian por Salvador, Olinda, Recife e Lagoa do Carro, locais dos estados da Bahia e de Pernambuco com relação geológica e cultural tanto com a América Latina quanto a África. Ao longo de vinte dias, a dupla registrou por meio de situações cotidianas, a influência africana no Brasil manifestada no futebol, na gastronomia e em outras práticas corporais, como capoeira, danças e batucadas, e em termos característicos da língua portuguesa falada no país (como angu, berimbau, canjica, forró e ginga). 

Foto: Gondwana FC

O documentário serviu de pilar (audiovisual) para a metodologia do projeto, chamada de ABC (audiovisual, bola e câmera). Nas atividades realizadas em universidades, escolas e projetos sociais de Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Guatemala, a bola surge com função lúdica de ensino-treino-aprendizagem unindo o grupo, valorizando as características individuais, acompanhada de uma roda de conversa. Enquanto tudo acontece, alguns dos participantes registram tudo com câmeras, garantindo que o momento único vivenciado seja eternizado, tanto para quem é fotografado quanto para quem fotografa, que é estimulado a desenvolver a criatividade e se expressar artisticamente. “Vemos crianças cheias de talento, aprendem muito rápido, sempre nos ensinam, e nessa troca de ideias conversamos e aprendemos uns com os outros”, lembra Sebastian.  

Foto: Gondwana FC

A Vila Olímpica Adílio, na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, foi um dos locais em que o projeto teve a oportunidade de apresentar sua metodologia. Em agosto, com o auxílio da estudante de Jornalismo da Unifacha, Ellen Cristina, e do Facha Sportshub, o Gondwana levou um grupo de crianças de lá para assistirem a vitória do Flamengo sobre o Barcelona na final Copa Intercontinental Sub-20. Além da emoção de irem ao Maracanã pela primeira vez, eles ainda entraram em campo com os atletas em um dia memorável e emocionante para todos os envolvidos. 

Para o futuro, Sebastian e Mônica pretendem desenvolver um fotolivro de suas experiências com o Gondwana em cinco anos de existência. Enquanto este projeto não sai, há conversas em andamento com universidades cariocas para coproduzirem uma série sobre a geologia da cidade e a relação de seu povo com as principais manifestações culturais populares, em especial o futebol. Pois, a bola conecta. 

Foto: Gondwana FC

Para mais informações sobre o Gondwana FC, acesse o site ou instagram. Com 23 minutos de duração, o documentário ‘A bola conecta’ está disponível gratuitamente no site oficial.  

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