_{Foto capa: Reprodução / Getty Images} 

Por Natália Magnani 

Marcado por disputas de título, pódios inesperados e despedida de campeões, o Grande Prêmio do Brasil – ou atualmente mais conhecido como GP de Interlagos – não decepciona quando se trata de entregar boas corridas e muita paixão do povo brasileiro. 

Assim, reviva as emoções com seis das corridas que valem serem lembradas na história do GP de São Paulo: 

1975: dobradinha em casa 

Sendo apenas a terceira edição do Grande Prêmio do Brasil, os presentes nas arquibancadas de Interlagos vivenciaram um dos dias mais gloriosos para o automobilismo nacional. 

O intenso calor foi um dos destaques da prova e, mesmo largando apenas na quinta posição, José Carlos Pace (o mesmo que mais tarde, teria seu nome no título oficial do circuito), foi o grande vencedor da corrida pela equipe Brabham, marcando essa como sua única vitória na categoria. 

Para completar a festa, Emerson Fittipaldi – já bicampeão com sua Mclaren nos anos de 1972 e 1974 – garantiu a segunda colocação, consolidando uma histórica dobradinha brasileira no pódio. 

1991: primeira vitória de Senna em solo brasileiro 

Lembrada como uma das provas mais difíceis da carreira de Ayrton Senna, o GP do Brasil de 1991 marca o triunfo do piloto em sua terra natal, feito que lhe escapara até então. A vitória épica foi um verdadeiro teste de resistência. 

Senna liderava a prova de forma confortável, mas, nas voltas finais, a caixa de câmbio de sua McLaren começou a falhar, o deixando apenas com a sexta marcha. Assim, com os carros de trás se aproximando rapidamente, o brasileiro precisou de uma força sobre-humana para manter o carro na pista sob chuva leve e controlá-lo nas curvas mais sinuosas de Interlagos. 

Ao cruzar a linha de chegada, visivelmente exausto, o piloto desabou de alívio e emoção. No pódio, com a bandeira brasileira, Ayrton Senna mal conseguia levantar o troféu, transformando a conquista em um dos momentos mais dramáticos e celebrados da história da Fórmula 1. 

2003: o poder da “terra da garoa” 

A edição de 2003 se resume em uma palavra: caos. Provocado pela forte chuva que atingiu Interlagos, a corrida foi repleta de acidentes, safety cars e reviravoltas, sendo encerrada prematuramente após os acidentes de Mark Webber e Fernando Alonso. 

O brasileiro Rubens Barrichello, que havia conquistado a pole position para Ferrari, liderou por grande parte da prova, mas abandonou devido a problemas com o sistema de combustível quando a vitória parecia próxima. No momento da paralisação, Giancarlo Fisichella e Kimi Räikkönen disputavam a liderança. 

Inicialmente, Räikkönen foi declarado vencedor. No entanto, cinco dias após a corrida, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) reviu o resultado e concluiu que Fisichella estava na volta de número 56 (uma volta à frente da regra de encerramento) e, portanto, era o líder da prova no momento do acidente. Assim, o piloto italiano teve sua primeira vitória na F1 confirmada oficialmente, sendo o resultado retificado em um pódio simbólico na etapa seguinte, em Ímola. 

2008: a última volta decisiva 

O Grande Prêmio do Brasil de 2008 é um marco na história da Fórmula 1, sendo a definição de título mais dramática de todos os tempos. Após uma temporada cheia de reviravoltas, entre elas o famoso Singapuragate – escândalo ocorrido no GP de Singapura, no qual a equipe Renault instruiu Nelsinho Piquet Jr. a bater de propósito para beneficiar seu companheiro de equipe, Fernando Alonso, Interlagos foi a etapa final do campeonato, com Felipe Massa, pela Ferrari, e Lewis Hamilton, pela McLaren, duelando pelo título. 

A corrida foi emocionante e com chuva intermitente. Massa, com uma performance perfeita, conquistou a vitória em casa e cruzou a linha de chegada sob a aclamação da torcida. Por 38 segundos, o brasileiro foi o campeão mundial virtual, enquanto Lewis Hamilton precisava apenas do quinto lugar para garantir o título. 

Na última volta, Hamilton estava em sexto. O sonho do brasileiro e da torcida terminou na Curva do Café, a penúltima do circuito, quando Hamilton ultrapassou Timo Glock, que estava com pneus de pista seca e lento na chuva que se intensificava. O inglês saltou para a quinta posição, conquistando o ponto necessário para selar o seu primeiro campeonato mundial por apenas um ponto de vantagem. 

Atualmente, Felipe Massa possui um processo aberto na alta corte de justiça de Londres contra a FIA, a Fórmula 1 e Bernie Ecclestone (antigo chefe da categoria), com o pedido de anulação do título mundial de Lewis Hamilton, devido à manipulação do GP de Singapura de 2008. O brasileiro também busca o reconhecimento como o campeão daquele ano e uma indenização por perdas financeiras. 

2021: um novo brasileiro 

Marcado por uma das atuações mais impressionantes da carreira de Lewis Hamilton, o Grande Prêmio do Brasil de 2021 foi um fim de semana de drama e glória, com destaque para a intensa batalha do piloto inglês ao título contra Max Verstappen. 

Hamilton enfrentou diversas adversidades, incluindo uma desclassificação na sessão de qualificação de sexta-feira devido a uma irregularidade na asa traseira e uma punição de cinco posições no grid de largada de domingo por troca de motor. O inglês largou na Sprint Race (corrida classificatória de sábado) na última posição, escalou o pelotão e, em apenas 24 voltas, terminou em quinto. 

No domingo, largando em décimo, Hamilton protagonizou uma virada épica. Em uma demonstração de velocidade e pilotagem agressiva, ele superou seus rivais, incluindo o líder do campeonato, Max Verstappen, em uma disputa roda a roda. A vitória no Brasil foi crucial para as pretensões do inglês no campeonato, sendo celebrada com a emblemática volta de desaceleração segurando a bandeira brasileira, e subindo ao topo do pódio com a mesma, em referência a seu maior ídolo e ícone nacional, Ayrton Senna. 

Apesar de ter perdido o campeonato daquele ano, Lewis Hamilton se redimiu com a torcida brasileira pelo título contra Felipe Massa em 2008 e recebeu oficialmente o título de Cidadão Honorário Brasileiro pela Câmara dos Deputados no ano de 2022 devido à sua homenagem no ano anterior. 

2024: atuação de gala 

A última edição do Grande Prêmio de São Paulo, confirmou o domínio de Max Verstappen na temporada e nos mostrou toda a sua força atrás do volante. O holandês, que havia tido uma Sprint Race mais desafiadora com a vitória de Lando Norris após os avanços da equipe McLaren durante a temporada, impôs seu ritmo na prova principal e conquistou a vitória de forma controlada. 

A pole position da corrida de domingo foi de Lando Norris. Contudo, Verstappen, mesmo largando da 17ª posição após receber uma punição pela troca de motor em seu carro, soube capitalizar sua estratégia e velocidade. Em uma corrida debaixo de chuva, o holandês contou não apenas com suas habilidades ou sorte, mas também com uma estratégia fenomenal de sua equipe, Red Bull, que o deixou na pista no momento certo. 

O grande destaque da prova ficou por conta da inesperada e surpreendente performance da equipe Alpine, que, aproveitando incidentes que provocaram cinco Safety Cars e uma bandeira vermelha, colocou seus dois pilotos no pódio: Esteban Ocon e Pierre Gasly ficaram, respectivamente, com o segundo e terceiro lugares, um resultado notável para a equipe francesa que a muito tempo não se lembrava como era a vista de cima do pódio. 

O Grande Prêmio de São Paulo 2025 acontece nos dias 7, 8 e 9 de novembro, contando com apenas um treino livre, dando espaço para uma Sprint race – que promete grandes disputas entre os candidatos ao título desse ano: Oscar Piastri (McLaren), Lando Norris (McLaren) e Max Verstappen (Red Bull).  

Programação (horário de Brasília): 

07/11 – Treino Livre: 11h30 

Classificação da Corrida Sprint: 15h30 

08/11 – Corrida Sprint: 11h 

Classificação da Corrida Principal: 15h 

09/11 – Corrida: 14h