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Por Pedro Cândido
Primeiras plantações de trigo
A história do trigo começa em uma região que abrange as áreas do atual Iraque, Síria, Líbano, Israel, Palestina e Turquia. Foi ali que os primeiros grupos humanos perceberam que podiam colher e cultivar as plantas selvagens que cresciam naturalmente nas planícies.
Essas variedades primitivas, com espigas pequenas e grãos frágeis, foram sendo selecionadas ao longo dos séculos. As comunidades passaram a guardar e replantar os melhores grãos, nesse processo passou-se a melhorar o trigo, dando origem à agricultura e à vida sedentária.
Os primeiros usos do trigo eram simples: grãos moídos entre pedras, misturados com água e cozidos sobre rochas quentes. O resultado eram pães rústicos, densos, que alimentavam aldeias inteiras.
Trigo na economia
Com o tempo, o cereal ganhou papel central na economia. Por ser fácil de armazenar, passou a servir como moeda de troca entre comunidades e como reserva de riqueza para templos e reinos. No Egito antigo, o trigo era usado até para pagar soldados e trabalhadores.
O grão também assumiu valor simbólico, civilizações antigas associaram o trigo à fertilidade e à vida de Deméter, na Grécia, a Ceres, em Roma. O ciclo de plantio e colheita inspirou rituais e festivais que marcaram calendários religiosos por séculos.
A expansão pelo mundo
A difusão do trigo foi lenta, mas constante. Começou no Oriente Médio, e se espalhou pela Europa, levado por comerciantes fenícios e, mais tarde, pelo Império Romano, que difundiu técnicas agrícolas e receitas baseadas no cereal.
Durante a Idade Média, o tipo de pão servia até como marcador social, os nobres comiam pães brancos e finos, enquanto o povo consumia pães escuros e pesados. Foi também nessa época que surgiram os moinhos de vento e de água, revolucionando a moagem.
Séculos depois com as grandes navegações, o trigo chegou nas Américas e se adaptou a novos solos e climas. No Brasil, ganhou espaço principalmente no Sul do país, em estados como Rio Grande do Sul e Paraná, que se tornaram polos de produção.
Diferenças do trigo moderno para o antigo
O trigo de hoje é bem diferente das variedades originais. Espécies como o einkorn e o emmer, com apenas 14 cromossomos, eram resistentes, mas pouco produtivas. Já o trigo moderno, resultado de décadas de cruzamentos e aprimoramentos genéticos, especialmente após a Revolução Verde, nos anos 1960.
Esses avanços, porém, têm custos. Alguns especialistas apontam que o trigo moderno contém mais glúten e proteínas modificadas, o que pode estar ligado ao aumento de intolerâncias alimentares. Isso impulsiona o resgate de variedades antigas, consideradas mais nutritivas e fáceis de digerir.
Alimento básico no mundo moderno
Hoje, o trigo é o segundo cereal mais produzido do planeta, atrás apenas do milho. São mais de 770 milhões de toneladas por ano, cultivadas em quase todos os continentes. O grão está presente na dieta de cerca de 35% da população mundial.
No Brasil, o país ainda importa parte do consumo, mas o trigo está em praticamente todas as refeições, no pão do café da manhã, no macarrão do almoço, nos biscoitos, pizzas e massas do jantar. A cadeia produtiva movimenta bilhões de reais e gera milhares de empregos diretos e indiretos.
Os desafios atuais envolvem mudanças climáticas, conflitos geopolíticos e a necessidade de agricultura sustentável. Cientistas buscam desenvolver variedades mais nutritivas e resistentes ao calor, à seca e a pragas.
