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Por Júlia Antunes
Antes de virar parte da sala de estar de milhões de pessoas, a televisão foi uma revolução tecnológica que transformou a forma como o mundo se informa, se diverte e se reconhece. Essa dimensão inovadora é justamente o que motivou a criação do Dia Mundial da Televisão pela ONU, em 1996, celebrado em 21 de novembro. A data destaca o papel desse meio na construção da vida social e, no Brasil, onde ligar a TV sempre foi quase um gesto automático, do café da manhã ao fim do dia, ela também relembra como esse aparelho moldou hábitos, conversas e até a própria percepção que o país tem de si.
A trajetória da televisão começou no início do século XX, quando pesquisadores tentavam descobrir como transmitir imagens à distância. Em 1926, o escocês John Logie Baird apresentou a primeira demonstração pública de uma TV eletromecânica, marco que impulsionou a criação da tecnologia eletrônica dos anos 1930. As primeiras transmissões regulares surgiram no Reino Unido, em 1936, e nos Estados Unidos, em 1939, mas foi nos anos 1950 que a televisão, de fato, se transformou em fenômeno mundial, revolucionando a forma como as pessoas consumiam informação e entretenimento.
No Brasil, essa história ganhou vida em 18 de setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi por Assis Chateaubriand. Como poucos tinham aparelho em casa, era comum ver grupos reunidos nas vitrines das lojas para assistir às primeiras imagens, uma cena que revela o encanto imediato pela novidade e o espírito de comunidade da época. A programação, totalmente ao vivo e inspirada no rádio e no teatro, tinha improviso, criatividade e um jeito brasileiro de experimentar, misturando humor, drama e jornalismo de forma pioneira. A chegada das transmissões em cores, em 1972, durante a Festa da Uva em Caxias do Sul, elevou essa experiência a outro patamar, tornando a TV ainda mais imersiva e acessível.

Ao longo das décadas, a televisão acumulou momentos que fazem parte da lembrança coletiva do país e que, para muitos, soam como histórias de família ou lições de história viva. Pense no Repórter Esso (TV Tupi, 1952), que apresentou o primeiro telejornal brasileiro e trouxe o mundo para dentro de casa; no videotape, que chegou em 1958 e mudou a rotina das produções, permitindo reprises e edições mais sofisticadas; e no Jornal Nacional (TV Globo, 1969), que conectou o país com notícias ao vivo de todo o território, fortalecendo o senso de unidade nacional. As novelas se tornaram um capítulo à parte: Roque Santeiro (TV Globo, 1985), Pantanal (TV Manchete, 1990) e Avenida Brasil (TV Globo, 2012) ultrapassaram fronteiras e conquistaram públicos internacionais, explorando temas sociais e emocionais que ecoam até hoje. Para muitos, programas como Os Trapalhões (TV Globo), Fantástico (TV Globo) ou A Grande Família (TV Globo) são lembranças de infância, de domingo, de família reunida e, ajudam a explicar por que a TV continua tão presente no imaginário brasileiro, moldando identidades e gerando debates.
Mesmo com o crescimento do streaming, a televisão segue forte e adaptada aos novos tempos. O estudo Inside Video 2024, da Kantar IBOPE Media, aponta que 99,63% dos brasileiros consumiram vídeo em 2023 e a TV manteve média diária de 5 horas e 14 minutos. No horário nobre, mais de 30 milhões de residências estão com a TV ligada, e cerca de 80% desse tempo é dedicado aos canais abertos. Grandes acontecimentos, como jogos da Copa, debates eleitorais, finais de reality shows e capítulos decisivos de novelas, continuam reunindo o país em torno da mesma tela e movimentam conversas que rapidamente viralizaram nas redes, mostrando como a TV ainda impulsiona a interação social.
A televisão segue ocupando um espaço que poucas outras mídias alcançam: acompanha a vida das pessoas, registra transformações do país e ajuda a construir referências culturais que permanecem. Ela continua sendo um ponto de encontro entre gerações e uma janela que se reinventa conforme mudam as formas de consumir informação e entretenimento.
E você, o que a TV representa na sua história? Conte pra gente nos comentários!
