G20 no Rio: Diálogos Globais e Cultura em Cena 

Imagem de Capa: A cúpula do G20 – Créditos da foto/Fonte: OPEB

Por Pedro Teixeira 

Líderes mundiais, representantes da sociedade civil e jovens mobilizados discutiram questões urgentes, como mudanças climáticas, desigualdades sociais e governança sustentável. O evento mostrou como esforços locais podem ecoar globalmente, consolidando o Rio como um espaço de transformação e protagonismo social.  

As reuniões da cúpula resultaram em acordos significativos. Um pacto foi firmado para reduzir emissões de carbono em 40% até 2030, com investimentos em energia renovável e transporte sustentável. Além disso, países se comprometeram a aumentar o financiamento para iniciativas de combate à fome, pobreza e saúde pública. 

Destacaram-se ainda os compromissos com o fortalecimento da inclusão econômica de jovens e mulheres. Prefeitos de grandes cidades, como Paris, Tóquio e Rio de Janeiro, compartilharam soluções urbanas no Urban 20 (U20), enquanto o G20 Favelas trouxe inovações sociais das periferias para o centro das discussões.  

A reunião da cúpula.
Créditos da foto/Fonte: Correio Braziliense

O G20 Social foi um marco, principalmente por meio do Fórum das Juventudes do Rio de Janeiro, que mobilizou jovens de diversas regiões da cidade. Lucas Gregório, coordenador geral do Fórum, destacou: “Os jovens das favelas são as vozes mais impactadas pelas desigualdades, e sua participação na formulação de políticas é indispensável para mudanças reais.”  

Carolina Bastos, coordenadora regional do Fórum, refletiu sobre os desafios e impactos do evento: “O Fórum das Juventudes segue ativo para reunir e fortalecer a juventude em torno de um propósito comum. Percebemos que muitos jovens ainda se mostram desinteressados pela política, seja pela falta de acesso a informações ou pela sensação de desconexão com o tema. O G20 Social marcou um ponto de virada para o nosso trabalho. Conseguimos mobilizar ônibus de diversas regiões, desde a Zona Oeste até o centro do Rio, para garantir que esses jovens pudessem vivenciar uma experiência transformadora. Muitos participantes nunca tiveram a oportunidade de acessar um evento dessa magnitude. Nosso compromisso é garantir que o jovem seja visto, ouvido e valorizado. Estamos trilhando caminhos para destacar suas vozes e fortalecer sua participação, e faremos tudo ao nosso alcance para que isso se concretize.”  

Membros do Fórum das Juventudes do Rio de Janeiro no G20 Social.
Créditos: Mallu Cortes

Carolina ainda pontuou aspectos logísticos do evento: “A logística do evento poderia ter sido mais eficiente, especialmente no que diz respeito ao credenciamento, que teria sido mais ágil se realizado com antecedência. Além disso, algumas informações essenciais ficaram ausentes. No entanto, isso não comprometeu a qualidade do evento, que trouxe discussões muito relevantes e proveitosas para os participantes.”  

O programa Conecta Jovem, apoiado pelo Fórum, teve grande impacto no evento, promovendo inclusão digital e capacitação para o mercado de trabalho. Daniel Wicke, coordenador do programa, afirmou: “Com o G20, nossos jovens perceberam que não estão mais limitados à realidade que enxergam nas favelas. Começamos a compreender nosso papel no cenário global e a força que nossas vozes têm. A juventude foi retirada da invisibilidade e colocada em um espaço de protagonismo, participando de debates fundamentais sobre mercado de trabalho, inclusão e desenvolvimento social. Essa participação foi essencial, pois não apenas ampliou o conhecimento, mas também reforçou a importância de ocupar esses espaços de decisão e diálogo.”  

Os Jovens Negociadores pelo Clima também marcaram presença de destaque no G20 Social, elevando a visibilidade da juventude periférica nas discussões globais sobre as mudanças climáticas. Com foco no impacto ambiental nas comunidades de favelas, o programa proporciona a capacitação desses jovens, majoritariamente residentes de áreas periféricas, para atuar em negociações climáticas internacionais, como a COP 29, realizada em Baku, Azerbaijão.  

Turma dos Jovens Negociadores pelo Clima presente no U20.
Créditos da foto:  Observatório Internacional da Juventude (OIJ)

Durante o evento, esses jovens participaram ativamente de debates sobre a urgência de políticas climáticas mais inclusivas, compartilhando experiências locais e mostrando como as mudanças climáticas afetam diretamente as populações vulneráveis. A presença desses novos líderes no G20, e em espaços como a COP 29, reflete a crescente importância da juventude na construção de soluções globais para crises ambientais. O trabalho dos Jovens Negociadores pelo Clima reafirma a ideia de que é essencial ouvir as vozes dessas comunidades para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e representativas, destacando a capacidade transformadora das novas gerações.  

Enquanto discussões aconteciam, a cultura ocupava o Festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Com uma programação rica e diversificada, o festival não apenas celebrou a música e a cultura brasileira, mas também foi um espaço de reflexão e ativismo, com foco na luta contra a fome e a pobreza, questões centrais nas discussões do evento. Grandes nomes da música brasileira, como Seu Jorge, Alceu Valença, Daniela Mercury e Zeca Pagodinho, subiram ao palco para promover uma mensagem de união e solidariedade.  

O Festival foi mais do que um simples espetáculo cultural, mas um momento de integração entre arte e ativismo, onde a música serviu como uma poderosa ferramenta de mobilização social. Além dos shows, o público foi envolvido em performances artísticas de vídeo-mapping e experiências imersivas, com um destaque especial para a representatividade da cultura afro-brasileira, uma forte aliada na luta pela justiça social. Além de ser um marco cultural, o Aliança Global Festival também foi uma plataforma de sensibilização, convidando o público a refletir sobre o papel de cada um na construção de um mundo mais justo.  

Festival Aliança Global.
Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

A entrada foi gratuita, possibilitando que pessoas de diferentes classes sociais participassem e se engajassem ativamente nas discussões e ações de combate à fome. A organização do evento garantiu que ele fosse acessível a todos, destacando a importância da inclusão social e da construção coletiva de soluções.  

Em um dos momentos mais marcantes, o presidente Lula afirmou: ‘’A cultura é a essência da nossa luta por justiça social e sustentabilidade. Vamos seguir construindo um mundo justo e um planeta sustentável!”. O Festival refletiu as diretrizes estabelecidas para o enfrentamento das crises sociais e ambientais, simbolizando a capacidade da cultura de mobilizar e transformar. 

Ao unir entretenimento e causas sociais, o evento foi um reflexo da potência da arte como instrumento de mudança, mostrando que o Rio de Janeiro, além de ser um palco para debates globais, é também um espaço onde a cultura e a ação social se entrelaçam para promover um futuro mais justo para todos. 

O G20 no Rio foi mais que um encontro diplomático. Ao unir arte, juventude e diplomacia, o evento demonstrou que mudanças globais só acontecem com inclusão local. Foi uma plataforma que deu voz às favelas, fortaleceu lideranças jovens e provou que o futuro do planeta depende de soluções colaborativas e equitativas. 

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