FOTO DE CAPA: MARIE CLAIRE/ GLOBO
Por Pedro Bernardo
No Dia Internacional da Visibilidade Transgênero, celebrado em 31 de março, a música A Balada de Gisberta, interpretada por Maria Bethânia e composta por Pedro Abrunhosa, ressurge como um hino de memória e denúncia sobre a violência contra pessoas trans. A canção conta a história real de Gisberta Salce Júnior, uma mulher trans brasileira assassinada em Portugal em 2006.
A HISTÓRIA DE GISBERTA
Gisberta Salce Júnior nasceu em São Paulo no ano de 1960. Ainda jovem, deixou o país em busca de novas oportunidades e de um lugar onde pudesse viver sua identidade com mais liberdade. Gisberta saiu do Brasil para a França aos 18 anos, fugindo de uma série de homicídios contra pessoas trans em São Paulo e com 20 anos chegou a Portugal.
Ao chegar lá, encontrou um cenário que parecia promissor. Começou a trabalhar como artista e a fazer performances em casas noturnas, um espaço onde muitas mulheres trans encontravam acolhimento. Além disso, se dedicou ao mundo das artes e do espetáculo, construindo uma identidade forte dentro da comunidade LGBTQ+.
Porém, a realidade para pessoas trans naquela época era dura. O preconceito limitava suas oportunidades profissionais. Com o tempo, Gisberta enfrentou dificuldades financeiras, problemas de saúde e a falta de apoio. Acabou vivendo em situação de vulnerabilidade, sem acesso a moradia fixa e lidando com a marginalização.
Sua história tomou um rumo trágico em 2006, quando foi brutalmente assassinada, aos 45 anos, por um grupo de adolescentes em um crime que chocou Portugal e o mundo.
BALADA DE GISBERTA
A história de Gisberta inspirou Pedro Abrunhosa a compor A Balada de Gisberta, eternizada na voz de Maria Bethânia. A canção, com melodia melancólica e versos poéticos, não apenas homenageia ela, mas também denuncia a brutalidade da transfobia.
“De que vale ter o mundo
Se o mundo é um lugar nenhum?
De que vale ter a vida
Se há vidas que mais parecem túmulos?”

O impacto da canção vai além da emoção. Ela atua como um grito de alerta, trazendo à tona a dura realidade da comunidade trans, que ainda enfrenta altos índices de violência e exclusão. Mais do que uma homenagem, a música reforça a necessidade de lembrar, lutar e exigir um mundo onde vidas trans sejam respeitadas.
Hoje, ela é lembrada não apenas pelo que sofreu, mas pelo que representa. Seu nome virou símbolo de resistência e luta por direitos para pessoas trans. No Brasil, país que lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans, a memória de Gisberta ressoa como um chamado à ação.
