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Por Bernardo Magno
Em homenagem ao Dia do Trabalhador, o Em todo Lugar vem falar do desfile da Unidos de Vila Isabel para o carnaval de 2008 com o enredo ‘’Trabalhadores do Brasil’’ de autoria do carnavalesco Alex de Souza.
A vila foi a quarta escola a passar pela avenida do Sambódromo na noite da segunda-feira de carnaval de 2008. No ano anterior, a azul e branca do bairro de Noel terminou a apuração em sexto lugar com 396,6 pontos, fechando as escolas que desfilariam no sábado das campeãs com o desfile ‘’Metamorfoses: Do Reino Natural à corte popular do carnaval – As transformações da vida”, do carnavalesco Cid Carvalho. Por conta da posição, a diretoria apostou na jovem promessa Alex de Souza para o Carnaval de 2008.
O samba enredo enaltecendo os trabalhadores do nosso país foi entoado pelo Intérprete Tinga e é de autoria dos compositores André Diniz, Evandro Bocão, Pingüim, Professor Wladimir, Carlinhos Petisco, Dedé Aguiar, Dinny, Miro Jr, Carlinhos do Peixe e Eduardo Katata.
Para abrir o desfile, o primeiro setor ‘’A aventura Portuguesa dos ‘‘descobrimentos’’ e a chegada a Pindorama (Terra das Palmeiras)” teve a apresentação da comissão de frente do coreógrafo Marcelo Misailidis representando ‘’Trabalho é amor e cuidado na lenda Indígena de João de Barro’’. Esta lenda conta a história de um casal de jovens indígenas que se apaixonaram. E o rapaz foi pedir a mão de sua amada. Mas, para que fosse concedida era preciso uma prova de amor vigiado por todos da tribo. Ao completar a prova, seus olhos brilhavam e seu sorriso tinha uma luz mágica. Ao se deparar com sua amada, se pôs a cantar como um pássaro, enquanto seu corpo se transformava num lindo pássaro. E neste instante os raios do luar tocaram a jovem e ela também se transformou em um pássaro e ambos saíram voando pela floresta. Contam os índios que assim nasceu o pássaro João de Barro. A prova de amor que uniu este casal está no cuidado e no trabalho com que construíram sua casa e protegem seus filhotes.

O primeiro casal de mestre sala e porta-bandeira Julinho e Rute Alves estavam bailando pela primeira vez e estão juntos até hoje, dessa forma indo para o seu décimo oitavo carnaval passando pela Vila, Unidos da Tijuca e hoje em dia na Unidos do Viradouro. Na estreia do casal, eles vieram representando ‘’Terra à vista: Os habitantes de Pindorama’’ a fantasia do casal representava os povos originários que aqui estavam antes da invasão Portuguesa. Fechando esse setor, temos o Abre-Alas ‘’LUGAR ONDE A NATUREZA OFERECIA DE TUDO AO NATIVO: ASSIM ERA PINDORAMA”, demonstrando que a visão de trabalho era diferente pois a caça e a coleta eram feitas apenas para o consumo, sem a visão de vender, logo os portugueses criaram a opinião de que eram preguiçosos.
O desfile seguiu com o segundo momento denominado ‘TRABALHO ESCRAVO E RESISTÊNCIA NA AMÉRICA PORTUGUESA (SÉCULOS XVI – XVIII)”, abordando a dura vida de trabalha escravo que os escravizados tinham quando chegavam a América Portuguesa. Esse setor foi passando pelo escambo, o orgulho negro de fugir para os quilombos contra aquele sistema imposto que acabou implodindo na Revolta dos Males, a primeira revolta contra a escravidão no Brasil feita por escravizados mulçumanos que sabiam ler e escrever, que por vezes eram mais instruídos que os brancos colonizadores. Revolta essa que ocorreu em 1835 em Salvador.
No próximo setor, a Vila Isabel se debruçou pelo Rio de Janeiro segundo a ótica de Debret, artista francês que vem a pedido da corte para representar o Reino Unido de Brasil e Algarves para a Europa e como era o trabalho nessas terras. Na metade da apresentação na avenida, o Carnavalesco Alex de Souza parte para o século XIX com os novos trabalhadores que aqui chegam a fim de embranquecer a população Brasileira, representando nas alas 11 a 16, com os alemães, espanhóis, japoneses, italianos, sírios e Libaneses. Nesse pedaço do desfile há a bateria do mestre MUG e seus 270 ritmistas que representavam os Samurais Japoneses. Na apuração, a bateria tirou duas notas 10, um 9.9 e um 9. O setor foi sintetizado na quarta alegoria ‘’Os trabalhadores imigrantes chegaram !!!’’.
Chegando no quinto setor da escola, os trabalhadores agrários firam representados ao dizer que boa parte da alimentação dos brasileiros vêm da plantação e da colheita do interior nacional, representado na alegoria ‘’O CABOCLO E AS SUAS COLHEITAS AGRÍCOLAS’’.
A partir disso o enredo parte para os trabalhadores das metrópoles que enfim conseguiram alguns dos direitos com as leis trabalhistas de Getúlio Vargas e a ampliação durante os anos de JK com os 50 anos em 5.

Para encerrar a apresentação da azul e branca, Alex de Souza críticava o sistema trabalhista atual com 8 horas de trabalho por dia, os trabalhos informais e a abolição do trabalho infantil e o trabalho análogo à escravidão. Porém a última alegoria ‘’Tributo aos trabalhadores do Brasil’’ teve dificuldade na hora de fazer a curva e atrapalhou a evolução da escola.
No final da apuração, a escola terminou em nono lugar com 394,6. Com 1,9 atrás da Imperatriz Leopoldinense, que ficou em sexto, indo para o sábado das campeãs.
