Os 15 enredos da Série Ouro 2026  

Foto de Capa: Agência O Globo/João Vitor Costa 

Por Bernardo Magno e João Gabriel Vasconcellos 

Oito escolas da Zona Norte, duas da Zona Oeste, duas  da Baixada Fluminense,  uma de São Gonçalo, uma da Região dos Lagos e uma do centro da cidade do Rio. Todas com um mesmo objetivo, conseguir desfilar no Grupo Especial em 2027, e aqui no Em Todo Lugar você irá conhecer todas as histórias que desfilarão na sexta e no sábado de Carnaval. 

1 – Estácio de Sá 

(créditos: reprodução/Instagram/@gresestacio)

Querendo voltar ao Grupo Especial, onde não desfila desde 2020, o Berço do Samba seguirá na linha de seus últimos enredos para 2026. Homenageando uma figura presente em sua escola, O Leão levará para a Sapucaí o enredo “Tata Tancredo – O Papa Negro no Terreiro do Estácio”. 

O enredo, desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Paulo em seu terceiro ano na escola, tem a premissa de ser um grito pela liberdade religiosa através da figura de Tata Tancredo, fundador da Umbanda Omolokô. A ideia é contar toda sua trajetória desde suas raízes no município do Cantagalo, passando por sua fé e importância na umbanda e no samba, destacando sua ligação com o Morro do São Carlos e com a escola. 

Tancredo da Silva Pinto, o Tata Tancredo, nasceu em Cantagalo, no interior do estado do Rio de Janeiro. Figura importante na história dos cultos afro-brasileiros, é considerado o pai da Umbanda Omolokô. Fundou ainda diversas festas religiosas pelo Brasil, como a festa de Iemanjá, no Rio de Janeiro, e a festa de Xangô, em Pernambuco. Também foi responsável pelo histórico evento “Você Sabe O Que É Umbanda?”, realizado no Maracanã, na década de 1960. No samba, Tancredo teve papel fundamental na fundação da Deixa Falar, considerada a primeira escola de samba e que deu origem a Estácio de Sá. Faleceu no Rio de Janeiro em setembro de 1979, aos 75 anos. 

2 – Unidos do Porto da Pedra 

(créditos: reprodução/X (@GRESUPP)

Em busca do título para retornar ao Grupo Especial, onde esteve pela última vez em 2024, a tradicional escola de São Gonçalo aposta em um esperado enredo para 2026. Com o título “Das Mais Antigas do Mundo, o Doce e Amargo Beijo da Noite”, o Tigre levará para a avenida a história e a luta por direito e dignidade das profissionais do sexo, exaltando figuras históricas e culturais e ativistas atuais. 

O tema, aguardado por torcedores e amantes do carnaval, era um sonho do carnavalesco Mauro Quintaes e fecha uma trilogia proposta por ele em sua primeira passagem pela escola, nos anos 1990. Indo para seu quarto ano nesta segunda passagem, o artista quer fazer, de maneira disruptiva, um grito pelo respeito e contra a marginalização e estigmatização dessas mulheres. 

3 – Unidos de Padre Miguel 

(créditos: reprodução/X/@GRESUPM)

Após o contestado rebaixamento e a incerteza se tentaria virar a mesa no pós-carnaval, a UPM decidiu lutar para voltar ao Grupo Especial em 2027. Para isso, o Boi Vermelho da Vila Vintém continuará apostando em narrativas femininas e brasileiras. 

Com o enredo “Kunhã-Eté: O Sopro Sagrado da Jurema”, a escola da Zona Oeste celebrará a figura de Clara Camarão, guerreira indígena potiguara que se destacou na resistência à invasão colonial holandesa. Contando pelo terceiro ano consecutivo com o carnavalesco Lucas Milato, que volta a assinar sozinho após um ano dividindo o posto com Alexandre Louzada, a Unidos quer mostrar a força ancestral da homenageada, explorando sua conexão com a espiritualidade dos povos originários e a importância da Jurema em sua vida. 

4 – União da Ilha do Governador 

(créditos: reprodução/X/@uniaodailha)

Há cinco carnavais fora do Grupo Especial, a União da Ilha quer parar de bater na trave e voltar à elite. Com a promessa de brigar nota a nota pelo título, a tricolor insulana aposta na sua conexão com enredos lúdicos para voltar a sorrir.  

Em seu segundo ano na escola, o carnavalesco Marcus Ferreira levará para a Sapucaí o enredo “Viva o Hoje! O Amanhã? Fica Pra Depois!”. A ideia é usar o famoso cometa Halley e a reação das pessoas em sua última aparição para fazer uma metáfora com a vida, lembrando que ela é rara, passageira e deve ser vivida intensamente. Além disso, o desfile está sendo desenvolvido para ser leve, alegre e irreverente, marca de diversos carnavais históricos da escola. 

5 – União de Maricá 

(créditos: reprodução/Instagram/@uniaodemaricaofical)

Seguindo com seu grande objetivo de chegar ao Grupo Especial, a vermelha e branca da Região dos Lagos promete investir forte mais uma vez para alcançar o tão sonhado acesso. Com o enredo “Berenguendéns e Balangandãs”, a escola vai seguir na linha da ancestralidade e da religiosidade afro-brasileiras ao falar das joalherias produzidas por negros no Brasil. 

Assinado novamente pelo renomado carnavalesco Leandro Vieira, o enredo vai passar pelo protagonismo das mulheres negras na confecção dessas joias e na importância e representatividade delas como símbolo de resistência e cultura. Em jornada dupla mais uma vez, o também artista da Imperatriz Leopoldinense no Grupo Especial vai para seu segundo ano na escola.  

6 – Acadêmicos de Vigário Geral 

(créditos: reprodução/X/@vigariogeralofc)

Uma das grandes surpresas do último Carnaval, a Vigário Geral quer continuar sua ascensão, sonhando em um dia chegar ao Grupo Especial. Mantendo a dupla de carnavalescos Alex Carvalho e Caio Cidrini, responsáveis pelo sucesso de 2025, a escola da Zona Norte levará o enredo “Brasil Incógnito: o que seus olhos não veem, a minha imaginação reinventa”. 

A ideia dos artistas é reimaginar o Brasil, explorando um lado desconhecido do país e usando o artifício da imaginação para reinterpretar aspectos da história, cultura e lendas. Com o enredo cultural e lotado de curiosidades e brasilidades, a escola quer pisar forte e surpreender mais uma vez. 

7 – Arranco do Engenho de Dentro 

(créditos: reprodução/Instagram/@arranco.oficial)

Se destacando no meio do Carnaval por sua ligação com o protagonismo feminino, o Arranco seguirá dando atenção à temática das mulheres em seu enredo para 2026. A escola, que vem de bons resultados dado suas condições financeiras, levará para a Sapucaí o enredo “A Gargalhada é o Xamego da Vida”, uma homenagem a Maria Eliza Alves dos Reis, a primeira palhaça negra do Brasil. 

Ao contar a história de Eliza, que foi vanguarda ao se apresentar no Circo Teatro Guarany como o palhaço homem Xamego, desafiando os padrões da época em que mulheres não poderiam ocupar o posto, a carnavalesca Annik Salmon, em seu segundo ano na escola, quer fazer um grito pelo direito das mulheres de forma leve e com toques de humor, carnavalizando o tema. 

Provando que no Arranco o discurso também se comprova nas ações, a escola ainda contará com uma grande novidade, que se alia à ideia do enredo e ao momento vivido pela agremiação: Laísa, filha do lendário carnavalesco e diretor de carnaval Laíla, será a mestre da bateria “Sensação”. Essa será a primeira vez na história da Sapucaí que uma mulher ocupa o posto de comandante dos ritmistas. 

8 – União do Parque Acari  

(créditos: reprodução/Instagram/@uniaodoparqueacarioficial)

Vinda do seu melhor desfile da história, a escola das comunidades do Acari e do Amarelinho levará o enredo ‘‘Brasiliana’’ de autoria do carnavalesco Guilherme Estevão, que chegou em 2025 na escola.  

A companhia Brasiliana é um grupo teatral fundado em 1949, fundado pelo ator Haroldo Costa e pelo diretor Miécio Askanasy, que revolucionou a dramaturgia por trazer aspectos popularescos para o tablado, algo inédito até então.  

Inicialmente foi batizado de ‘‘grupos dos novos’’ por ser fundado por dissidentes do Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento no seguinte a fundação passou a ser denominado de “Teatro Folclórico Brasileiro”. Durante as apresentações o grupo misturava a seriedade do teatro erudito com as danças afro-brasileiras. 

Brasiliana fez excursões por mais de 50 países, encantando a todos por onde passava e marcou gerações revolucionando e inspirando inúmeros grupos teatrais pelo Brasil. Para comemorar os 70 anos de existência do grupo, a amarela e rosa do carnaval irá homenageá-la.  

O grupo foi tema do documentário ‘‘Brasiliana: O musical negro que apresentou o Brasil ao mundo’’ do diretor Joel Zito Araújo e uma produção Impulso Filmes. O documentário estará disponível no canal Curta em Novembro. 

9 – Em cima da Hora  

(créditos: reprodução/Instagram/@gresech)

A azul e branca de Cavalcanti teve sua melhor colocação na série Ouro desde que subiu em 2022, e para melhorar a sua colocação, o carnavalesco Rodrigo Almeida fará o seu terceiro desfile pela Em cima Da Hora. 

Após cancelar o enredo que seria em homenagem à cidade de Saquarema, a escola decidiu por um novo enredo, desta vez sobre a história e espiritualidade das Pombagiras com o enredo “Salve Todas as Marias – Laroyê Pombagiras”. 

As Pombagiras são entidades femininas cultuadas nas religiões de matriz africana, marcadas pelo preconceito religioso. Com o enredo a escola pretende mostrar que assim como a Grande Rio fez em seu desfile de 2022 mostrando que Exu não é o diabo, a Em Cima da Hora quer mostrar que Pombagira também não é. 

10 – Inocentes de Belford Roxo  

(créditos: reprodução/Instagram/@inocentes.oficial)

Após desfilar sem o elemento cenográfico da comissão de frente e com o estouro do tempo em 1 minuto, a caçulinha da Baixada busca se reafirmar dentro da série Ouro. Para isso contratou o carnavalesco da Unidos da Tijuca Edson Pereira, que fará os carnavais das duas escolas para 2026 e o também até então intérprete da azul e amarela, Ito Melodia, estreante da escola. 

Foi a primeira escola do Carnaval a anunciar o seu enredo para 2026, uma homenagem ao estado de Pernambuco por conta de um patrocínio do governo do estado. O anúncio foi feito apenas quatro dias após a quarta-feira de Cinzas. 

“O sonho de um tal pagode russo nos frevos do meu Pernambuco” será o enredo da escola que contará a lenda de os passos do frevo teriam surgido inspirados em uma dança russa, a escola será a segunda a entrar na sexta-feira de carnaval. 

11 – Botafogo Samba Clube  

(créditos: reprodução/Instagram/@botafogosambaclube)

 A representante da Estrela Solitária do Carnaval irá para seu segundo ano na Marquês de Sapucaí depois de uma apuração tensa para a torcida alvinegra, ficando apenas um ponto de não cair de volta para a Série Prata.  

Em 2026, a escola pretende firmar mais o nome de ser a única ligada a um time de futebol a desfilar no principal palco do Carnaval. Para isso foi contratada a dupla de carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel, que estavam na Unidos de Bangu, e o intérprete campeão da série Ouro em 2025 com a Acadêmicos de Niterói, Nêgo. 

Raphael e Alexandre irão desenvolver o enredo ‘’O Brasil que floresce em Arte’’ em homenagem a Roberto Burle Marx, paisagista e artista plástico considerado o inventor do paisagismo moderno, vivido entre 1909-1994.  

Roberto foi um dos primeiros a utilizar plantas nativas brasileiras em seus projetos e responsável por descobrir novas espécies de plantas, existindo cerca de 30 levando seu nome. Seus principais trabalhos foram o Aterro do Flamengo, o jardim do Museu de Arte Moderna, o Parque do Ibirapuera, o Parque Ecológico do Recife, o paisagismo do aeroporto da Pampulha, o paisagismo do eixo monumental de Brasília e muito mais. 

12 – Império Serrano  

(créditos: reprodução/Instagram/@imperioserrano)

 Após o conturbado pré-carnaval por conta de um incêndio na fábrica de tecidos que fazia suas fantasias para o desfile de 2025 gerando uma morte e 10 feridos. Dessa forma, O império Serrano teve mais de 97% de suas fantasias queimadas e a escola não foi avaliada  e desfilou como Hours- Concours. 

A fim de voltar para o Grupo Especial, o Reizinho de Madureira renovou com o carnavalesco Renato Esteves que fará seu segundo desfile pelo verde e branco de Madureira  

Renato irá desenvolver o enredo ‘’Ponciá Evaristo Flor do Mulungu’’ em homenagem à escritora e Linguista Mineira Conceição Evaristo, a escritora possui uma importância no meio literário pois seus livros têm uma posição crítica e sensível acerca da historiografia dos negros no Brasil. 

Suas obras fazem uma reflexão sobre a discriminação racial e desigualdades de classe e de gênero, trazendo um retrato contundente de grande parte da população brasileira. 

Suas obras são:  

Ponciá Vicêncio (2003) – Romance. 

Becos da Memória. (2006) – Romance. 

Poemas da recordação e outros movimentos. (2008) – Poesia. 

Insubmissas lágrimas de mulheres. (2011) – Contos. 

Olhos d’água. (2014) – Contos. 

Histórias de leves enganos e parecenças. (2016) – Contos e novela. 

Canção para ninar menino grande. (2018) – Novela. 

13 – Unidos de Bangu  

(créditos: reprodução/Instagram/@unidosdebanguoficial)

Mais uma escola que sofreu com o Incêndio na Fábrica de Tecidos, a Unidos de Bangu homenageou a Aldeia Maracanã de forma Hour-Concours.  

A mais antiga da Zona Oeste irá para 2026 com uma trinca nova de carnavalescos: Lino Sales, Alexandre Costa e Marcus do Val, o trio trabalhou pela última vez com a Vigário Geral no carnaval de 2024. 

‘’Coisas que Mamãe me ensinou’’ é o enredo da escola que levará a trajetória da cantora e deputada estadual Leci Brandão. No enredo a escola pretende um desfile forte com um apelo a causas sociais que Leci lutou, poético e musical exaltando a vida da cantora. 

14 – Unidos da Ponte 

(créditos: reprodução/Instagram/@unidosdaponteoficial)

 A azul e branca de São João de Meriti após não competir no último carnaval por conta do Incêndio na fábrica de Tecidos Maxximus promete vir forte para 2026. Para isso a diretoria da escola dispensou todos os segmentos, uma clara demonstração de que a escola quer aparecer na parte de cima da tabela. 

E para isso foi contratado Nicolas Gonçalves para ser o carnavalesco. O artista é uma das revelações da nova geração de carnavalescos que o Brasil produziu, Nicolas começou a sua vida artistíca pela Unidos do Tijucano pelo carnaval Virtual durante 2019 e 2020. Com o seu trabalho foi chamado para o seu primeiro trabalho em escola de samba real, a Embaixada do morro de Guaratinguetá no interior de São Paulo e ao mesmo tempo veio para o Rio de Janeiro na equipe de Criação da Grande Rio e da Unidos de Vila Isabel no grupo Especial e da Unidos de Padre Miguel na Série Ouro.  

Teve sua primeira experiência como carnavalesco oficial no Rio de Janeiro pelo Arranco do Engenho de Dentro na Série Ouro, onde fez o desfile de 2024 sobre a luta antimanicomial de Nise da Silveira. Carnaval bastante elogiado pela crítica e a partir daí foi chamado para fazer o último desfile da Acadêmicos do Tucuruvi no Grupo Especial de São Paulo que apesar de novamente bem elogiado foi rebaixado por erros nos documentos para os jurados. Nicolas foi renovado pela Tucuruvi e chamado para assumir a Ponte. 

‘’Tamborzão – O Rio é baile! O poder é black!’’ é o título do enredo que exaltará os bailes de Funk e as  manifestações musicais da população periférica do estado do Rio de Janeiro prometendo transformar a avenida em um baile de resistência, identidade e celebração. 

O carnavalesco exalta o enredo com entusiasmo em entrevista ao Site Carnavalesco, “com esse enredo, a gente quer mostrar que o baile é muito mais do que entretenimento — é território de afirmação, de construção coletiva, de memória ancestral. O funk, o soul, o charme — tudo isso é parte da nossa história. A Sapucaí vai virar pista de dança e terreiro de celebração. O tamborzão é o coração da favela pulsando! ”. 

A escola encerrará os desfiles da Série Ouro em 2026 sendo a oitava escola a desfilar no sábado de carnaval. 

15 – Unidos do Jacarezinho 

(créditos: reprodução/Instagram/@unidosdojacarezinho)

De volta à Sapucaí após treze anos, a rosa e Branca do carnaval promete seguir o feito da Botafogo Samba Clube em 2025 e subir para a Série Ouro e permanecer no grupo no ano seguinte. Para esse objetivo a escola contratou o carnavalesco Bruno de Oliveira para realizar o desfile que marca essa volta.  

Bruno foi carnavalesco da São Clemente e da Independentes de Olaria   em 2024 e da Caprichosos de Pilares em 2020 além disso também trabalhou como figurinista na Mangueira, Imperatriz e Unidos de Padre Miguel.  

A escola da zona norte irá homenagear o cantor e compositor Xande de Pilares, um dos maiores nomes do samba e do pagode brasileiro. Xande fez parte do Grupo Revelação de 2000 até 2012 quando decidiu fazer carreira solo no qual está nos dias de hoje. 

A escola levará o enredo ‘’ O ar que se respira agora inspira novos tempos’’ em que nessa proposta, o Jacarezinho quer inspirar a sua comunidade provar que podem existir milhares de exemplos iguais a Xande de Pilares que saiu da comunidade logo tão novo levando o nome do samba.  

Xande teve que se mudar bastante durante sua vida do Morro do Turano, na trindade em São Gonçalo, no Andaraí, no águia de Ouro e no próprio Jacarezinho e em cada lugar que viveu Xande aprendeu um pouco sobre o samba e se apaixonou e viveu o samba. 

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