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Por Clarissa Santos
No Dia Mundial do Dentista e do Sorriso, vale lembrar a importância de cuidar da porta de entrada para o organismo: a boca. Uma saúde bucal precária põe em risco a saúde do corpo. Pode dar início a doenças, prejudicar a fala, mastigação, respiração e autoestima. Por isso, essa data foi criada para conscientizar as pessoas para que o cuidado com a boca se torne tão importante quanto cuidar de qualquer outra parte do corpo.
Em entrevista ao Jornalismo TV Cultura, o Presidente do Conselho Federal de Odontologia, Claudio Miyake, destacou que a maioria das pessoas só procura um cirurgião-dentista em casos de necessidades e não por tratamentos preventivos. O recomendado é fazer visitas periódicas com intervalos de 6 meses a um ano. Infelizmente, essa não é a realidade da população brasileira.
De acordo com o Censo da Odontologia no Brasil, realizado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), mostra que 32% dos brasileiros não foram ao dentista no último ano. O Censo ainda revela uma disparidade entre escolaridade e frequência ao dentista, visto que 75% das pessoas com ensino superior procuraram esses profissionais no último ano, enquanto apenas 54% das pessoas com educação básica, fizeram o mesmo.
NÚMEROS ALARMANTES
A boca é a maior cavidade do corpo e tem contato direto com o meio ambiente, por isso acaba sendo porta de entrada para diferentes bactérias e outros microrganismos. Visitar o dentista é indispensável para manter a saúde do corpo como um todo, visto que doenças como a diabetes, as cardiovasculares e a cárie, causada por bactérias, podem derivar da má saúde bucal.
A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal 2023, avalia as condições odontológicas dos brasileiros. A edição de 2023 revelou a condição precária já na infância. Dentre as crianças brasileiras de 5 anos, 41,2% possuem um ou mais dentes cariados e 10% estão em situação de urgência.
Entre os adolescentes de 12 anos, 39,9% já apresentam cáries, sendo que 6% precisam de atendimento urgente — destes, 14% sofrem com trauma dentário. O maior percentual de pessoas com cáries está entre os jovens de 15 a 19 anos, com 43,9% precisando de tratamento e 11,4% em condição de urgência.
Entre os adultos e idosos, a situação não melhora. Metade dos adultos apresenta cáries e, entre os idosos, cerca de 36,2% não têm nenhum dente, enquanto 70% necessitam de prótese dentária.
A pesquisa mostra que os dados variam de acordo com as regiões do país e que os maiores observados foram nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Apesar de o Brasil ter o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo — aproximadamente 426 mil registrados no CFO, sendo 42% só na região Sudeste — o acesso à população não é proporcional.
COMO SE CUIDAR SEM ACESSO?
O Censo de Odontologia mostrou que apenas 23% dos brasileiros receberam atendimento odontológico pelo SUS em 2024. O professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Paulo Frazão, explicou em entrevista ao Jornalismo TV Cultura que a principal dificuldade está na oferta: a demanda existe, mas muitos pacientes não conseguem vaga devido à demora na marcação de consultas.
O professor acrescenta a necessidade de investimento no setor para melhorar o atendimento e alerta sobre 20% das unidades de saúde do país não terem dentista.
