O Agente Secreto: O novo filme estrelado por Wagner Moura mostra que o Brasil é muito maior do que a gente pensa 

Foto capa: Wagner Moura em cena de ‘O Agente Secreto’. Divulgação/revistamonet

Por Maria Clara Santos

O filme produzido pela CinemaScópio, dirigido e roteirizado pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho, nos apresenta um thriller político que se passa no Recife em 1977, durante o período da ditadura militar. A trama mostra a história de Armando, um professor que precisou se esconder sob o codinome “Marcelo”, após refugiar-se na região Nordeste por ser um dos perseguidos da época. Ele busca abrigo em uma vila junto a outros dissidentes do período, mas, com o passar do tempo, percebe que existe algo muito mais estranho ao seu redor do que poderia imaginar. 

Com uma direção de arte nostálgica e mergulhada na memória, O Agente Secreto promete transformar a lembrança e o cotidiano comum em cenário, revelando, por meio de subtextos escondidos na narrativa, que o medo nasce das marionetes controladas pelos grandes infratores instaurados pela ditadura — aqueles que, escondidos sob nossos próprios olhos, atacam – como tubarões – quando menos percebemos. 

Diferentemente de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, O Agente Secreto conta a mesma história, mas desta vez exposta sob a perspectiva dos “esquecidos” — o povo nordestino durante a ditadura. Por muito tempo, o Nordeste foi considerado o “resto do Brasil”, e não um membro vital da sua totalidade. A obra de Mendonça Filho descentraliza a narrativa tradicional, normalmente situada na região Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo), mostrando outros ângulos da ferida que sangrou — e que até hoje sangra — nas ausências da nossa história. Assim, o filme prova que o Brasil é muito maior do que pensamos. 

A estreia mundial ocorreu no Festival de Cannes, em 18 de maio de 2025, e, ao fim da sessão, o longa foi ovacionado com 13 minutos de aplausos. No dia 24 de maio, o filme foi premiado em duas categorias: Melhor Ator, para Wagner Moura, e Melhor Diretor, para Kleber Mendonça Filho. O Agente Secreto será exibido em 730 cinemas, totalizando 1.400 salas no Brasil, e alcançará 90 países estrangeiros. O drama é o favorito para representar o Brasil no Oscar — embora a decisão não implique diretamente em uma indicação —, e, devido ao grande reconhecimento e alcance internacional, essa projeção se torna uma possibilidade cada vez mais real. 

Em entrevista à jornalista e crítica de cinema Isabela Boscov, Kleber ressaltou acreditar que seus filmes são “muito brasileiros” e que, especificamente para a produção de sua nova estreia, o ponto de partida foi a necessidade de fazer um thriller em Pernambuco na década de 70, com Wagner Moura. Após um longo período de imersão, pesquisa e estudo sobre sua própria cidade, o que fortaleceu seu senso de identidade e seu entendimento como cineasta, o diretor destacou que escreveu essa história sob medida para Wagner, com base em todos os seus trabalhos anteriores — tanto na TV quanto no cinema — e também no conhecimento íntimo que tem do ator como pessoa. 

Além de Wagner Moura como Marcelo, o elenco conta com Carlos Francisco como Seu Alexandre, Tânia Maria como Dona Sebastiana, Laura Lufési como Flávia, Robério Diógenes como Delegado Euclides, Maria Fernanda Cândido como Elza, Hermila Guedes como Cláudia e Alice Carvalho como Fátima.

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