Com quase todas as classificações concretizadas, a CAN 2022 já tem seus candidatos ao título.

Foto de capa: Fared Kotb/Anadolu Agency via Getty Images

Por Rodrigo Glejzer 

A Confederação Africana de Futebol (CAF) reuniu, neste mês de abril, as principais seleções do continente para decidirem os classificados para a 32ª edição da Copa Africana de Nações (CAN), sediada em Camarões. O torneio seria originalmente realizado em 2021, mas, devido à pandemia de COVID-19, a CAF optou por adiar as partidas para 2022, com o intuito de não coincidir com as disputas da Copa América e Eurocopa, ambas marcadas para acontecerem esse ano. 

Os Favoritos 

Atual campeã e liderada pela estrela Riyad Mahrez, a Argélia vem forte para defender o seu título depois de liderar de forma invicta (4 vitórias e 2 empates) o grupo H. Última vice-campeã do torneio, a seleção de Senegal de Sadio Mané e Kalidou Koulibaly não fez por menos que seus algozes argelinos e também não perdeu nenhuma partida (4 vitórias e 2 empates) pelo grupo I.  

Maior vencedor do campeonato, com 7 títulos no total, o Egito, do craque Mo Salah, vem mordido depois de surpreendentemente perder nas oitavas para a África do Sul em 2019, quando era responsável por sediar a competição. Os egípcios não deram chances para seus adversários e ficaram com o primeiro lugar do grupo G (3 vitórias e 3 empates).  

Segunda maior seleção a vencer a Copa Africana de Nações, detentora de 5 taças, Camarões teve que lutar por seu espaço mesmo sendo anfitriã da próxima edição. Apesar da derrota por 3 a 1 para Cabo Verde, os camaroneses não tiveram outros grandes problemas no seu grupo e garantiram a liderança do grupo F (3 vitórias, 1 derrota e 2 empates).  

Sempre tradicionais dentro e fora do continente africano, Nigéria, Costa do Marfim, Gana, Marrocos e Tunísia também estão com seus passaportes garantidos para mais uma Copa Africana de Nações e prometem trazer ainda mais emoção às disputas. Consigo ainda trazem excelentes jogadores, como o artilheiro nigeriano Kelechi Ịheanachọ, o irreverente costa marfinense Wilfried Zaha, a promessa ganesa Mohammed Kudus, o habilidoso marroquino Hakim Ziyech e o matador tunisiano Wahbi Kharzi. 

Mahrez(esquerda), Mane(centro) e Salah(direita) devem ser algumas das principais atrações na CAN de 2022. Foto: Reprodução/EPA/Getty Images 

As Zebras 

Apesar de menos badalada que as seleções já citadas, o time do Gabão, segundo lugar no grupo D, possui uma arma letal em seu plantel: Pierre-Emerick Aubameyang. Craque do Arsenal-ING, o “Pantera Negra” é o maior goleador da equipe gabonesa, são 27 gols em 66 partidas, e está pronto para levar seu país além do quinto lugar conquistado em 2012. Segundo lugar em 1972, Mali, que já teve entre seus jogadores Seydou Keita, é outra candidata a surpreender no torneio após conquistar o primeiro lugar do grupo A (4 vitórias, 1 derrota e 1 empate) comandada por Amadou Haidara, Moussa Marega e Moussa Djenepo.  

Naby Keita, meio campista do Liverpool-ING, é a principal referência da seleção da Guiné. Junto a Amadou Diawara e François Kamano, o armador conseguiu um respeitável segundo lugar no grupo A (3 vitórias, 2 empates e 1 derrota) e terá a responsabilidade de finalmente levar sua nação rumo ao título depois do vice-campeonato em 1976.  

Um dos nove países que falam português no mundo todo, Cabo Verde não possui grande tradição no torneio, do qual participou de apenas 3 edições. Tampouco possui jogadores em grandes equipes, convocando atletas de equipes majoritariamente portuguesas (nenhum deles vindos de Benfica, Porto ou Sporting). Apesar desses fatores, a seleção fez jogo duro no grupo da tradicional Camarões e conquistou o segundo lugar, com apenas um ponto de diferença (2 vitórias e 4 empates).  

Auba(esquerda), Keita(centro) e Haidara(direita) terão a missão de liderar suas seleções contra as principais equipes do continente africano.  
Foto: Reprodução/AFP/AfricanFootball/FootyRenders 

Estreando na Copa Africana de Nações 

Localizada em um pequeno arquipélago africano, entre Tanzânia e Madagascar, Comores tem uma extensão territorial de apenas 1861km², menor que o estado do Amapá (4.7 km²), e uma população de apenas 850.886 habitantes, um pouco menor que o Acre (894.470). Mesmo assim, isso não impediu que o pequeno país conseguisse a sua primeira classificação para o maior evento esportivo africano. O motivo para esse feito não foi o surgimento de uma grande geração de jogadores ou injeções massivas de dinheiro a procura de jovens talentos, mas de uma tática da federação local em captar jogadores franceses com ascendência em Comores, já que o arquipélago, até 1975, fez parte do Império Colonial francês. 

Dessa forma, praticamente uma legião francesa tomou conta do plantel comorense com apenas três jogadores que participaram da campanha, Abdallah Ali Mohamed, Ibroihim Djoudja e  Ibroihim Youssouf, de fato nascidos no país. A grande maioria dos atletas vieram da segunda divisão da França, longe dos grandes times. Para se ter uma noção, o time que mais cedeu jogadores na última convocação de Comores foi o Ajaccio SC, cujos maiores títulos foram duas segundonas francesas. No entanto, o tradicional Nottingham Forest, bicampeão europeu nos anos 1970 e atualmente na segunda divisão inglesa, também apareceu ao ceder Fred Bachirou à seleção.  

Gâmbia, a outra seleção estreante, também é um dos menores países do continente africano quanto a sua extensão territorial. Tendo, aproximadamente, 10.689 km é a menor nação continental da África com uma população estimada em aproximadamente 2 milhões e 300 mil pessoas. A equipe da ex-colônia britânica ainda precisa lidar com outro percalço: o IDH nacional. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Gâmbia se localiza na posição 172° entre 189 países avaliados. Não é o mais baixo da África, mas mostra as dificuldades com as quais a federação local precisa lidar para montar suas equipes. Com um campeonato sem muitos atrativos e cidades voltadas basicamente para agricultura e pesca, os jogadores vão atrás de oportunidades mundo afora, principalmente na Europa. 

Diferentemente de Comores, os atletas são, em geral, nascidos no país. Espalhados em diferentes ligas, puderam ser observados, na última convocação, atletas vindos de clubes da Suíça, Bélgica, Áustria, Suécia, Dinamarca, Polônia e Emirados Árabes Unidos. Apesar de não ter nenhuma grande ligação histórica com a Gâmbia, a Itália foi a região que mais acolheu os jogadores gambienses. São 5 jogadores vindos de times da primeira e segunda divisão italiana, incluindo os dois principais destaques, o zagueiro Omar Colley (Sampdoria-ITA) e o atacante Musa Barrow (Bologna-ITA).  

A última vaga

A grande maioria dos jogos finais aconteceu no final de  março, 30, com exceção do confronto entre Serra Leoa e Benin. Ambos estão no grupo L, vencido pela Nigéria, e disputam a última vaga. Em segundo lugar com 7 pontos, a seleção beninense tem três pontos de vantagem sobre os serra-leoninos, que além de vencer o jogo ainda precisam marcar dois gols para ultrapassar no saldo.  

No entanto, uma hora antes do confronto decisivo, Serra Leoa, que jogava em casa, acusou a equipe de Benin de ter 6 jogadores contaminados por coronavírus e, por isso, se recusaria a entrar em campo. Os adversários contestaram ao afirmarem que já haviam testado os atletas antes de viajarem e nenhum deles teria dado positivo para COVID-19. Devido ao impasse, a CAF optou por adiar o jogo para junho e até lá deixar em aberto a última vaga para a CAN 2022.  

“Mais fortes que a desestabilização, nós somos Benin” foi a resposta dos jogadores contra o ato de paralisação por parte de Serra Leoa. Foto: Reprodução /Instagram 

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