O drama da Portuguesa na última década e a busca pela reconstrução.

Por Adriano Farias

Tricampeã paulista, a Portuguesa sempre foi uma equipe muito tradicional dentro do estado de São Paulo. Além de também ser conhecida por ser dona de um dos estádios mais belos e antigos do país, o Doutor Oswaldo Teixeira Duarte, mais conhecido como Canindé, nome do bairro onde está localizado. Mas assim como o clube, também beirou o fim. 

Em 2011, o time se sagrou campeão da Série B do Campeonato Brasileiro, chamando até mesmo a atenção dos espectadores do esporte pelo grande estilo de jogo que praticava, inclusive sendo apelidado de “Barcelusa”, fazendo analogia ao Barcelona e o apelido da equipe. 

Mesmo com toda a empolgação do ano anterior, o 2012 da Lusa viria ser o início de tempos sombrios para o clube. O drama começou logo no primeiro semestre, quando acabou rebaixada para a segunda divisão do estadual. Já no Brasileirão, meses depois, a salvação na última rodada impediu a segunda queda no ano. O que apenas adiou uma tragédia, uma vez que na temporada seguinte, a Portuguesa cairia de uma das maneiras mais dolorosas que existe, no tribunal. 

O caso do jogador Héverton, ainda muito discutido nos dias de hoje, foi um caos no final de 2013 para o futebol brasileiro. O jogador entrou na última rodada do torneio de maneira irregular, e coincidentemente o Flamengo também tinha feito a mesma coisa um dia antes. Ambas as equipes perderam pontos na tabela, porém como a Lusa estava atrás na colocação, foi ela que entrou na zona do descenso, e livrou outro carioca, o Fluminense. 

Héverton foi pilar da queda da Lusa no tribunal. Foto: Reprodução/Divulgação ESPN. 

Numa situação tão delicada, não existe nada ruim que não possa vir a piorar, e foi isso que aconteceu com a Portuguesa em 2014. Mesmo conseguindo se manter em seu retorno à elite do Campeonato Paulista, mais um rebaixamento a aguardava no campeonato nacional, e dessa vez, para a terceira divisão. 

O primeiro semestre de 2015, parecia a extensão de um filme de terror dos últimos meses do ano anterior para os lusitanos. Após cair mais uma vez no Paulistão, a equipe registrou o quarto rebaixamento em quatro anos. Já pela Série C do Brasileirão, o time demostrou evolução, porém acabou sendo superado pelo Vila Nova num confronto direto pelo acesso. 

A cada temporada que passava, o sofrimento aumentava, e parecia não ter fim. E o ano de 2016 da Lusa comprovou isso. Pela segunda divisão do estadual, diferentemente das outras vezes quando conquistou um acesso tranquilo, a Portuguesa lutou para não cair para a Série A3 do Campeonato Paulista. O que já era o suficiente para esmagar a confiança dos torcedores para o restante daquele ano. E se a equipe não se livrou da terceira divisão nacional na última oportunidade, a terceira divisão se livrou dos lusitanos nessa. Chegou o rebaixamento para a Série D, a quarta divisão do futebol brasileiro. 

E é nessa competição, que em 2017, o clube paulista atingiu seu lugar mais baixo na história do futebol. O time não conseguiu passar da primeira fase do torneio, e, acompanhado de diversos insucessos nas competições estaduais, a Portuguesa ficou por três anos sem disputar qualquer campeonato além do seu estado. 

Durante esse período, a Lusa deixou nítido os graves problemas financeiros e estruturais. Na reapresentação do elenco em 2018, apenas 11 atletas estavam presentes, além disso, o Canindé estava numa condição aterrorizante, após meses sem receber partidas. Principalmente pelo abandono em seu arredor, fazendo com que o parque aquático ao lado do estádio fosse demolido, pois apresentava riscos de acidentes, até mesmo para as arquibancadas anexas, as quais se encontravam com possibilidade de desabamento. Diante disso, a obra emergencial da Prefeitura de São Paulo rendeu multas ao clube. 

Canindé teve que ter capacidade reduzida após obra. Foto: Reprodução/Divulgação UOL.

Após uma troca na presidência no fim de 2019, a Portuguesa entrou em 2020, ano de seu centenário, com um novo clima. Mas parecia que tudo conspirava contra, e a pandemia adiou as competições. Mas foi no dia 23 de dezembro daquele ano, que a Lusa recebeu o presente de Natal mais necessário da sua história, a conquista da Copa Paulista, que possibilitou ao clube voltar para uma divisão nacional depois de anos.  

Desta vez, em 2021, os lusitanos passaram e bem pela primeira fase da Série D, porém a queda viria na etapa seguinte. Parecia que todo o esforço naquele ano pandêmico tinha ido em vão ali.  

Demorou, mas foi depois de incríveis sete anos que a Portuguesa garantiu seu retorno para onde nunca devia ter saído, a elite do Campeonato Paulista. E foi com autoridade, com direito a mais um título do segundo escalão do torneio. 

O time entrou para o estadual desse ano com o compromisso da permanência na competição, era algo complicado pelo elenco que tinha, e assim se mostrou durante todo o torneio. Porém, uma virada heroica contra o Mirassol fora de casa garantiu a Lusa fora da zona de mais uma queda. Um grande feito, mas que vai precisar de mais feitos para recuperar a grande história. Apenas uma permanência, mas que sirva para a torcida lusitana permanecer com esperança, de que dias melhores virão. 

Portuguesa operou um milagre contra o Mirassol. Foto: Reprodução/Divulgação Flashscore.

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