Bienal do Livro Rio é marcada pela presença do público infanto-juvenil

Texto e Montagem da foto de capa por Arthur Líbero.

A Bienal do Livro está sendo marcada pela presença em massa dos jovens. O gênero infanto-juvenil tem ganhado espaço e se tornado cada vez mais constante dentro do evento. Com isso, alguns novos autores que escrevem para esse público têm ganhado notoriedade e, durante todos os dias de evento, centenas de jovens têm viajado quilômetros só para ver seus autores preferidos na Bienal. 

Foi o que aconteceu quinta-feira (4/09), quando uma fila imensa de crianças e adolescentes se formou logo cedo para conseguir um autógrafo de Elayne Baeta, autora do livro: ‘’O Amor Não É Óbvio’’ e se tornou o primeiro romance lésbico juvenil a integrar a lista de mais vendidos da revista Veja. Centenas de fãs foram ver a escritora, mas apenas 100 senhas foram disponibilizadas para os autógrafos. Como muitos fãs não conseguiram pegar senha, após atender aos primeiros ‘’sortudos’’, a autora liberou para que todos fossem ao encontro com ela. O evento acabou se tornando um grande sucesso e um dos pontos altos dessa edição da Bienal. 

Elayne Baeta. Reprodução: UOL

ara explicar o fenômeno que a literatura infanto-juvenil causa nos adolescentes atualmente, as escritoras Thalita Rebouças e Babi Dewet, duas das responsáveis por trazerem algumas das maiores filas da Bienal, comentaram sobre o fenômeno desse gênero literário. 

Conhecida como uma das primeiras autoras a lotar feiras literárias com o público infanto-juvenil, Thalita falou sobre o início de sua carreira e sobre as dificuldades que enfrentou para conseguir conquistar o público que tem hoje, ‘’quando eu comecei, ninguém ligava para a literatura infanto-juvenil, ninguém me via. Eu acho que a Bienal era mais de autores cabeçudos e eu era aquela autora que falava para adolescente numa época em que todo mundo achava que adolescente não era tema de livro. Então eu fico muito orgulhosa de hoje ter sempre uma fila de gente para me ver” 

Thalita também comentou sobre as diferenças de escrever para o público infanto-juvenil hoje em dia, abordando os temas que estão em debate na sociedade atualmente, como um dos seus mais recentes lançamentos: ‘’Confissões De Um Garoto Talentoso, Purpurinado e (Intimamente) Discriminado’’, que traz à tona a pauta LGBTQIAPN+. Segunda ela, ‘’hoje eu quero trazer mais diversidade para as minhas histórias, como Nathali e Sua Vontade Idiota De Agradar Todo Mundo, por exemplo, é o meu primeiro romance sáfico, é uma menina que se descobre lésbica e a cada Natal ela tenta falar com a família. Nós temos leituras mais sensíveis para todos os nossos relançamentos para que a gente consiga trazer isso. Também tiramos coisas que poderiam machucar alguns leitores, então foi muito importante fazer tudo isso’’. A autora ainda revelou estar escrevendo para um novo público, ‘’agora estou escrevendo para as mulheres maduras, falando sobre menopausa, vida depois dos quarenta, então estou muito feliz em fazer esse livro que sai em março do ano que vem’’. 

Já a escritora Babi Dewet ficou conhecida nacionalmente quando decidiu transformar em um livro a sua fanfic da banda McFly, sucesso entre os jovens nos anos 2000. Babi também comentou sobre o início de sua carreira, que também foi muito parecida com a de Thalita, ‘’acho que uma das grandes dificuldades que eu sei que a Thalita também teve foi o preconceito literário quando a gente escreve para adolescente, porque é um estilo mais juvenil e escrito por mulheres. Isso é sempre considerado como algo ruim, então a gente tem lutado muito para conseguir colocar a literatura infanto-juvenil de uma forma muito mais positiva, porque são livros que ajudam, que acalentam, que abraçam e esse é o nosso objetivo. Nosso objetivo é poder estar perto dos jovens no momento que eles precisarem e eu acho que não tem coisa melhor, ou não tem como dizer que algo como isso é ruim. Coisas que a gente enfrentou lá no começo já são um pouquinho mais fáceis do que naquela época, mas ainda sim é uma luta diária’’. 

Babi também comentou sobre a geração atual, considerada como a geração que mais consome novas tecnologias e que possui as redes sociais como principal distração, preocupando as pessoas sobre o futuro dos livros físicos, ’sou uma Milenium, a gente (a geração Milenium), pegou muita coisa como disco, rádio, MP3 e internet. Então, com propriedade, eu posso dizer que sempre que lança algo novo, rola um medo das pessoas acharem que algo antigo vai acabar. Quando foi lançado o e-book, as pessoas achavam que o livro físico ia acabar. O que acontece é que o mercado sempre tem que se adaptar, mas é só olhar para a Bienal essa semana. Cada vez mais jovens estão lendo. Eu atendi hoje uma menina que veio pela primeira vez à Bienal e eu dei o primeiro autógrafo dela. Então eu acho que isso só tende a continuar. É um medo que existe, mas acho que é um medo infundado”. 

A Bienal ainda contou com atrações como Enaldinho, Maurício de Souza, Bia Bedran e Paula Pimenta, mostrando que a Bienal do Livro é cada vez mais dos jovens.  

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