Crochê: de costume arcaico à nova febre nacional  

Foto capa: Pessoa fazendo peças de crochê.
Créditos: Reprodução/wowloja 

Por Carolina Scotton

Na quarta (19/03) é comemorado o Dia Nacional do Artesão, aquele que é capaz de produzir peças artesanais personalizadas e criativas. No âmbito da moda, nada mais em alta no momento do que falar de crochê, não é mesmo? Essa técnica artesã ultrapassa gerações e está voltando com tudo como tendência da moda nos dias atuais. 

Não é de hoje que essa arte vem sendo praticada. A história do crochê é fascinante e repleta de mistérios. Algumas pesquisas sugerem que a técnica pode ser tão antiga quanto a pré-história, com evidências de seu desenvolvimento no século XVI. No entanto, há quem acredite que o crochê já era utilizado em vestimentas masculinas para caça e pesca, sendo realizada apenas com os dedos. 

Mulheres fazendo crochê no século XIX.
Crédito: Reprodução/Blog escola de artes manuais 

Ao contrário dos tempos atuais, o crochê era associado a pessoas de baixa renda, pois era uma alternativa mais acessível para recriar rendas e bilros, artigos de luxo. A virada dessa percepção ocorreu quando a rainha Vitória da Inglaterra começou a adquirir peças e aprender a técnica, elevando o seu status e transformando-o em símbolo de elegância. 

Mas, por que essa notória volta aos holofotes de uma prática que nos faz lembrar de nossas avós? Muitos dizem que o ato de “crochetar” é um respiro para a rotina, um ato terapêutico.  

Pessoa fazendo crochê.
Créditos: Reprodução/site cláudia 

“O crochê é uma excelente alternativa para desfocar a mente na hora da crise”, diz a  psicóloga Walquíria Couto, em entrevista feita ao G1. Desde a pandemia, momento de grandes descobertas e de busca por hobbies, com o auxílio das mídias, o crochê voltou a ganhar grandes apreciadores cada vez mais novos por ser um artesanato fácil, pessoal e um bom passatempo para os tempos de lockdown. Hoje pode-se dizer que a técnica virou febre nacional e uma arte terapia. 

 É possível encontrar peças de crochê em todos os lugares como em biquínis, bolsas, acessórios, itens de decoração, roupas e até em famosos desfiles de moda. Um grande exemplo é o São Paulo Fashion Week, que na sua última edição mostrou a forte tendência dessa arte para a moda global, levando à passarela marcas como Isaac Silva, Catarina Mina e Sou de algodão.  

Modelo de Catarina mina em SFW.
Créditos: Reprodução/SPFW 

Além disso, pode-se dizer que o crochê fomentou a economia, de maneira que abriu portas para pequenos artesãos e empreendedores a começarem um próprio negócio, gerar uma renda extra e até se auto-sustentar, dando espaço e maior visibilidade para a arte sustentável e ao trabalho manual. 

Um exemplo disso é a Ana Beatriz da “Bia mimos e fios”, crocheteira e com sua própria lojinha, “eu considero o crochê uma arte! Ele mudou minha vida tanto financeiramente, como uma terapia. Tenho uma loja no Instagram e montei um expositor na praça Edmundo Rego, no Grajaú, e está dando bons frutos. Os clientes estão encantados com meu trabalho. Meu projeto é expandir e, cada vez mais, bolar acessórios novos”. 

Ana Beatriz em seu expositor.
Créditos: Reprodução/@biamimosefios  

O crochê não é apenas um passatempo, mas também, uma forma criativa de expressão sustentável, produzindo menos lixo e o consumo de recursos naturais não renováveis, reduzindo o impacto ambiental. Espera-se que essa prática aumente cada vez mais e abra espaço para produções mais ecológicas e criativas. 

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